Capítulo 5 — Laços Incorrutíveis
Faça-me prisioneira
tua, para que assim eu nunca mais possa me desprender de ti.
Past...
A Instituição Blarney ficava na periferia do Condado de
Cork, várias colinas verdejantes compunham o cenário de fundo. A escola era um
dos prédios originais da cidade, que consistia em uma grande construção de
calcário com janelas em arco, um enorme campo em frente usado para as práticas
esportivas dos alunos.
Apesar da aparência arcaica, a Blarney era a primeira
opção do Condado.
A admissão dos alunos seguia-se por tradição de longa
data por meio dos pais e avós que haviam sido alunos —, ou por conta de grandes
quantias embolsadas pelos pais para que os filhos fossem admitidos. O caso não
correspondia a nenhuma das opções anteriores. Os pais nunca poderiam embolsar
tais quantias — sua mãe acabara de começar no emprego, e Carlisle, que vivia em
outro continente, ganhava pouco trabalhando em
um hospital carente.
Edward havia conquistado sua vaga por meio de uma bolsa
de estudos — seu exame atingiu a marca de 94 acertos, superando a melhor média,
que era de 75 acertos.
Os alunos chegavam em grupos de três ou quatro: os
meninos vestidos como Edward, calça preta, camisa branca com uma gravata
vermelha e o blazer preto com o escudo da escola estampado em prata no bolso do
peito. As meninas estavam de vestido preto, com a saia pregueada, e uma gola
branca clássica, a gravata uma réplica menor das
que os rapazes usavam.
Um grupo em particular chamou a atenção de Edward; eles
estavam deitados sob as sombras de uma conífera. Não demonstravam a menor
preocupação em passar pelo portão. Entre os quatro alunos, uma garota em
particular chamou a atenção de Edward, ela parecia completamente alheia aos
olhares lançados em sua direção, ora invejosos — inclusive de uma de suas
próprias colegas, uma loura com o rosto exageradamente pintado —, ora
cobiçosos.
Então, ela virou o rosto, e suas longas tranças
entremeadas com fitas vermelhas caíram por seus ombros. Ao fitá-la, Edward teve
uma reação física instantânea, sentindo um frio na barriga e a sensação de que
o mundo estava fugindo dos seus pés. A lembrança que ele tinha não lhe fazia
jus. Ela tinha a beleza impressionante de uma princesa de algum país exótico,
grandes olhos castanhos, e novamente se viu perdido naquela profundidade, no
brilho corrosivo. Naquele momento não havia mais
nada, apenas ela, apenas ele... E o contato se desfez quando um dos garotos com
cabelos penteados para trás e bochechas rechonchudas de bebê entrelaçou sua mão
a de Bella.
Ela lançou um último olhar em direção a Edward, e sorriu.
Um sorriso tão lindo que feria os olhos.
A primeira aula de Edward era Literatura, a professora
era uma mulher jovem com cabelos ruivo-dourados curtos e olhos pequeninos. Ela parou de escrever a matéria na lousa e examinou
Edward com interesse. Apesar de estar cinco minutos atrasado — o horário era
extremamente confuso, com siglas e números indecifráveis —, a professora não o repreendeu, pelo contrário lhe estendeu a mão.
— Você deve ser Edward Cullen, meu novo aluno... — sua
voz era rouca, e Edward apenas concordou com a cabeça. Todos os olhares em cima
dos dois. — Sou Melody River, sua professora e co-patriota... — ela se
aproximou e sussurrou no ouvido de Edward — Nós ianques temos que nos unir.
— Professora — todos se viraram para fitar a aluna que
levantou a mão, era Bella. Um sorriso cínico brilhando em seus lábios. — Acho
que devo ter me enganado ao entrar na sua aula.
— Por que, senhorita Griffths? — a professora River mal
disfarçou a aversão pela aluna. Os lábios comprimidos em um sorriso tão forçado
que Edward não sabia como não surgiram rugas.
— Porque pensei que a matéria da senhora era literatura,
e não biologia, não é o professor Tanner que nos dá a orientação sexual? — a
voz de Bella era inocentemente composta, os longos cílios batendo contra sua
pele leitosa.
Edward viu uma veia pulsar na testa da Srta. River, mas
respondeu em um tom natural, um tom que usa com crianças mimadas.
— Seu senso de humor é infalível, Srta. Griffiths.
Bella era esperta o suficiente para se abster de fazer
outros comentários, de qualquer maneira a Srta. River foi iniciar a aula com o
rosto vermelho de raiva. De repente, ela percebeu que se esquecera de
apresentar Edwad. Falando alto enquanto o rapaz procurava uma mesa vaga.
— Alunos, esse é Edward Cullen. Ele veio dos Estados
Unidos, transferido de uma das melhores instituições de lá. Espero que se
espelhem nele.
Ao passar pela segunda fileira, Bella acenou para que ele
se sentasse ao seu lado na cadeira vazia.
— Meu salvador — ela disse ao dar um beijo delicado em
uma das bochechas de Edward. Ele sentiu o local quente e pinicando. — Sabe,
estamos quites...
Edward percebeu que poderia passar horas admirando-a,
vendo como ela movia os lábios rubros. No entanto, ela alteou as sobrancelhas
delicadas esperando uma resposta. Na outra extremidade Edward notou o mesmo
garoto com os cabelos emplastados de gel, que anteriormente segurará a mão de
Bella, lançava olhares possessivos na direção de Bella.
— Seu namorado parece estar com diarréia...
Ela levantou o pescoço e acenou ironicamente para o
garoto.
— Ele não é meu namorado.
— Mas ele está apaixonado por você?
— Sim.
— E você?
— Se eu responder... Posso te fazer a pergunta que eu
quiser?
— Pode. — Edward respondeu um pouco nervoso, ela puxou a
cadeira de maneira que seus joelhos se encostassem.
— Você acha que pode se apaixonar por mim, Edward? — a
palpitação em seu peito dizia que ele estava em maus lençóis. Bella apoiou uma
mão em seu peito, simulando um escorregão, e disse tão baixo que ele pensou
estar sonhando. — Acho que já estou apaixonada...
--x –
Nowdays...
Um olhar para Anthony sentado em uma das mesas da
cafeteira do refeitório da Delegacia e Edward ficou sem ar por completo. Não
precisava de um exame de DNA que comprovasse sua paternidade; Anthony não tinha
os olhos castanhos da mãe, porque a semelhança com Edward era denunciadora. Pai
e filho tinham os mesmos olhos verdes, formato do rosto, as sobrancelhas, e o
tom louro-escuro do cabelo de Anthony era o mesmo que Edward exibia aos seus 12
anos.
— Te devo desculpas — disse Edward ao se sentar em frente
ao garoto.
O cabelo tampava-lhe os olhos. Um emaranhado de fios que
tinham vida própria, instintivamente Edward bagunçou os próprios fios
acobreados.
— Pelo quê? — sussurrou Anthony, parecendo inseguro.
— Por ter agido daquela forma tão fria com você. Eu
deveria ter te dito alguma coisa, não deve ser fácil
ver a mãe sendo presa por um crime que não cometeu. Você é apenas uma criança.
De repente Anthony não parecia com sua idade.
— Eu não sou criança, pode ter certeza disso. Não depois
de tudo... — o menino foi evasivo.
— Minha filha tem quatro anos, ela diz a mesma coisa —
Edward pensou em Noelle, e como estava com saudades daquela serelepe.
— Ela tem sorte de ter um pai como você... — Anthony
disse tão baixo que Edward não teve certeza de ter ouvido. Seu coração
disparou, e suas mãos suavam.
Ele se encheu de orgulho de Anthony ter sido fruto
daquele imenso amor.
— Pelo menos posso me redimir de alguma maneira, sua mãe
será solta.
Naquele momento, Anthony condizia com sua idade. A
expressão se abriu, os olhos verdes brilhavam. Em um ímpeto ele abraçou Edward.
— Obrigado, pai.
Edward o afastou de repente, os olhos de Anthony
marejados.
— Você sabe? — ele acenou com a cabeça, numa resposta
positiva. Edward sorriu um pouco triste, queria ter fitado o rosto do menino ao
contar a verdade. — Alice?
— Não, minha mãe me contou.
— Como?
— Ela me contou de certa
maneira — Anthony pegou a mochila jogada ao lado da mesa, abriu o zíper e tirou
a prancheta de desenhos de Bella.
Ele se sentou na cadeira abrindo
a prancheta no meio da mesa, espalhando os desenhos, caricaturas dos
professores que Bella fazia na época da escola. Uma em particular lhe causou
uma sensação nostálgica, Edward se viu retrato 16 anos atrás. Estava vestido
com o uniforme da Blarney, o cabelo acobreado escorrendo por entre os olhos.
Anthony virou o desenho, havia uma inscrição: Pra sempre meu, Edward Cullen.
— E tem mais esses cartões... — Anthony espalhou pela
mesa vários cartões dos Dias dos Namorados. Alguns, Edward reconheceu, haviam
trocado há vários anos atrás, ainda se recordava claramente dos poemas e
palavras,e os demais eram cartões que Bella escreveu com o decorrer dos anos de
separação, mas não nunca foi capaz de enviá-los. — Ela escreveu esse durante a
minha gestação...
“Edward...
Não há um dia em que seu nome não me sai da mente.
Quando tudo está mal, adivinha qual nome eu clamo em meus pensamentos?
Seu nome, meu amor.
Anthony parece sentir sua ausência, tem momentos em
que se torna inquieto — igual a mim desejando ouvir sua voz, e
sentir sua presença sólida ao nosso lado. Então, eu penso em você. E como uma
cantiga Anthony se acalma.
Ele é forte como você... Como o p...”
A última palavra estava borrada, Edward deslizou o dedo e
pareceu visualizar o momento em que as lágrimas de Bella borraram o cartão.
— Você é muito esperto.
— Puxei ao meu pai. — o sorriso que Anthony lançou fez o
coração de Edward inflar. De repente as bochechas de Anthony coraram e ele
abaixou os olhos, sussurrando: — Posso te abraçar?
Ainda com o rosto abaixado, em um movimento abrupto ele
cobriu os ombros do menino com os braços, o puxando em direção ao seu peito.
Anthony deitou a cabeça entre o ombro e a curvatura do pescoço do pai. E então
chorou, chorou por si mesmo, chorou pela mãe, chorou pelo pai e por várias
outras razões.
Edward se permitiu chorar as mesmas lágrimas, e por mais
que a vida tivesse sido injusta. Agora teriam um
ao outro.
--x—
Alice Hale ficava bonita quando chorava. Rios de lágrimas
jorravam de seus olhos e escorriam pelo rosto. As lágrimas funcionavam muito
bem com os homens. Que nobre ser se mostraria indiferente a demonstração tão
singela da fragilidade feminina.
Por essa razão Dean Ravenclaw se aproximou de Alice logo
após Edward ter lhe informado sobre a confissão de Emmett.
— Isso só pode ser um pesadelo... Primeiro Bella, agora
Emmett. Será que ninguém enxerga? Eu o conheço... Ele nunca...
Alice parou a voz sufocada pela emoção. Tentou se
controlar e, quando conseguiu. Dean aproximou-se, colocando a mão gentilmente
sobre seu ombro. O gesto de conforto era demais para ela, e de repente as
lágrimas dominaram-na. Começou a chorar, e parecia que, quanto mais tentava se
controlar, menos conseguia. Soluçou os ombros sacudindo.
— Alice... — instintivamente, Dean passou os braços em
volta dos ombros dela, puxando-o com delicadeza para perto de si. Ela deitou a
cabeça em seu peito e chorou, enroscando as mãos
em seu paletó.
Os braços dele estavam soltos em volta dela, afetuosos e
tranquilizadores, e ele inclinou a cabeça sobre a dela. Alice achou que sentiu
os lábios dele roçarem seu cabelo, mas foi muito breve e suave para ter
certeza.
Finalmente, exausta, por causa das lágrimas, ela parou
por um momento apoiada nele, apoiada nele, sustentada por sua força, envolvida
por seu calor. Então, afastou-se, enxugando as lágrimas com as mãos
constrangida pela própria fraqueza.
— Sinto muito. Foi tolice minha.
— Não foi tolice nenhuma. Não há razão para se desculpar.
Alice balançou a cabeça, incapaz de encontrar o olhar
dele. Dean tinha sido gentil com ela, e se apoiar nele
foi muito bom, seguro e confortável — como outrora havia sido com seu
marido. Ela sabia que era confortável demais, e um erro deliciar-se dessa
forma.
No rosto de Dean havia a compreensão de uma vida de dor.
— Não posso dizer que sinto sua angústia, mas a
entendo...
Ela tinha ombros delicados e seios fantásticos
evidenciados pelo decote do vestido, a pele parecia macia. Porém, eram os olhos
negros e redondos que lhe roubaram a razão. Nem ao menos a conhecia... Não
sabia o que essa mulher tinha. Parecia capaz de roubar todos os pensamentos.
Podia sentir o ar entrando
pelos lábios dela. Podia sentir o cheiro do perfume que emanava dela.
Alice pensou que seria insensatez entregar-se ao prazer
dos beijos dele. Mas não foram seus escrúpulos que a impediram...
— Alice! — disse uma voz masculina atrás dele. Ela se
virou, fitando Jasper parado ao lado deles.
— Jasper... Estive te esperando. — os braços de Dean
caíram flácidos, quando ela foi ao encontro da figura rígida do marido.
Jasper não estava escutando. Com os olhos furiosos, ele
encarava Dean.
— Jazz... — as pontas dos dedos de Alice deslizavam por
seu peito.
— Vamos embora, logo. Estou com uma enxaqueca terrível. —
ele disse ao segurar firmemente o pulso de Alice, guiando-a bruscamente até a
saída da delegacia.
— Ficou maluco?! — Alice tentava em vão se livrar do
aperto do marido. — Bella ainda vai ser liberada!
— Solte-a! — Dean agarrou Jasper pelo outro braço.
— Como é? — Jasper lançou um olhar penetrante para Dean.
— Ele é meu marido. Está tudo bem, Dean! — exclamou
Alice, espantada.
— Alice... — todos se sobressaltaram com a voz feminina
que vinha do outro lado. Era Bellla.
Alice ignorou a tensão de poucos instantes atrás, indo ao
encontro de sua melhor amiga. Bella parecia exausta, os cabelos impecáveis
despenteados. As roupas desalinhadas, e mesmo assim continuava deslumbrante — a
beldade que sempre foi e será.
— Emmett... — Bella balbuciou ao se acolhida no abraço de
Alice.
— Tudo vai dar certo. Edward encontrará uma solução. Não
se preocupe.
— Ele sabe sobre Anthony, por que, Alice?
Alice afastou a amiga, ainda a segurando firme nos
ombros.
— Foi a única maneira. Ele
tinha que saber...
— Ele vai tirar Anthony de mim.
Alice levou à mão a boca.
— Edward nunca faria isso. Ele te ama.
— Pergunte a ele... — ela olhou
em volta do saguão. — Onde está meu filho?
— Ele foi ao refeitório... — Alice ponderava sobre a informação
adicional.
— O que foi? — Bella notou a tensão no rosto da amiga.
— Malcoom está aqui. Ele trouxe um
advogado, pretendia agir primeiro que Edward.
— Não o quero perto do meu
filho.
— Edward foi até o refeitório avisar o Tony de sua
soltura.
— Sim, a mãe solta. E o tio preso...
— Não por muito tempo, filha.
Trilha Sonora: Until the End — Breaking Benjamin
Ouvir o timbre daquela voz era como abrir a caixa de
Pandora que habitava em seu íntimo, todos os males reclusos, fluíam livremente
por entre as fendas.
Bella não precisou se virar para saber de quem se
tratava. Aquela voz aterradora ainda a fazia despertar aos gritos toda noite.
— Malcoom.
— Quem mais seria, filha?
— Eu não sou sua filha! — os ombros de Bella se retesaram.
— Enquanto tiver meu sobrenome, sempre será.
— Caso não tenha percebido. Daniel morreu, e com ele
qualquer parentesco sórdido com você. — Bella praticamente cuspiu as palavras.
— Ainda sou casado com sua mãe.
— Infelizmente é algo que lamentarei pela vida inteira.
Porém, meu cordão já fora cortado há muito tempo. Agora só usarei o nome do meu
pai.
Por um segundo a fachada cortês de Malcoom desfez, e a expressão maquiavélica alargando suas
feições. Porém, fitou Jasper e Alice ao lado de Bella, não seria prudente...
— Mamãe! — Anthony irrompeu por entre Bella e Malcoom. Os
cabelos claros caindo por sua testa, tais como de Edward.
— Meu bebê — Bella lhe beijou todo o rosto, fitando por
um longo tempo aqueles olhos esmeraldas, ela procurava o seu antigo lar nas
ondulações verdes.
— Estou feliz que tenha sido solta, mas mesmo assim não
me chame assim em público.
Bella riu um riso embargado por lágrimas. Mesmo sendo uma
criança, Tony tinha sua altura — exatamente o mesmo físico de Edward, o porte
alto e atlético. Por cima dos ombros do filho, Edward a observava, o rosto
impenetrável. Costumava ser tão fácil interpretar seus pensamentos. Agora um
muro de amargura se interpôs entre os dois.
— E o meu irmão? — Bella inquiriu olhando somente para
Edward.
— A polícia começara o interrogatório daqui três horas, o
tempo para o juiz chegar até aqui... A situação não é boa.
— Vai ajudá-lo?
— Claro, ele é meu amigo, Bella.
— E meu filho! — Malcoom se colocou entre Edward e Bella.
— Portanto, não se intrometa, moleque! — o velho
usou o mesmo tom nocivo que usava anos atrás para com Edward.
Os olhos de Edward ficaram vermelhos, e ele pensou em
partir para cima de Malcoom.
— Ele é meu pai... E é o melhor advogado da Irlanda. —
Tony estufou o peito de orgulho, Edward lhe lançou uma piscadela pelo canto do
olho.
— Que tipo de mentiras esse homem lhe contou, Tony?
— Não me chame de Tony. O senhor nem é meu avô.
— Isso são mentiras inventadas por esse advogadinho de
merda! — partículas de saliva voavam pela boca de Malcoom. — Você é meu neto,
carrega o sangue de Daniel, meu sobrinho. Diga a ele, Bella. — protestou ele.
— Não. Isso é a mais pura verdade. Edward é o único pai
do meu filho. Daniel nunca foi. E você não significa nada na minha vida e na de
Anthony. — disse Bella, com um sentimento de libertação na voz. — Vá embora!
— Não mesmo, você não tem onde
ficar. O apartamento foi interditado pela perícia, ficarão comigo.
— Claro que não! — disse Alice, irritada. — Eles ficarão
na minha casa. —Malcoom ergueu um pouco as sobrancelhas, mostrando sua total
perplexidade. — Vamos embora, Bella. Mais tarde voltaremos para ver o Emmett...
Bella meneou a cabeça em concordância, lançando um último
olhar a Edward.
Anthony correu em direção ao pai, lhe dando um abraço. Um
abraço que pudesse transmitir o quanto o queria em sua vida.
— Não desista de mim, pai.
Edward por um momento, não conseguia falar, a emoção
subindo-lhe até a garganta e fechando-a. respirou fundo, depois disse:
— Nunca. — e abaixou o rosto. Dois olhares tão idênticos
que somente um pai e filho poderiam ter. — Você
é meu filho.
Os olhos de Anthony brilharam, e foi se juntar a mãe.
Tudo que passou pela cabeça de Bella ao escutar aquelas
palavras fora a noite em que Edward, a tornou verdadeiramente uma mulher. A
maneira doce como seus corpos se fundiram. Não, não podia descrever como
doce... Ardente, talvez, ou formidável, abrasador, selvagem e inclemente,
deixando marcas em sua alma, mas nada tão insípido quanto “doce”.
Edward flagrou aquele mesmo rubor que o encantara subindo
pelas faces de Bella ao se encararem.
Ela podia ver em seu rosto, na incapacidade de olhá-la
direto no olho, que ele se arrependia de tê-la amado. Ele detestava o fato de
tê-la desejado, desprezava a paixão por ela.
Ela juntou as mãos. Estavam geladas. Não conseguia pensar
em nada para dizer. Abaixou os olhos, incapaz de olhar por mais tempo para ele,
de ter de testemunhar a recusa inabalável dele em encontrar seu olhar. Ela se
virou e acompanhou Alice, e Jasper, dobrando os dedos sobre a palma da mão até
que as unhas lhe cortassem a pele. Manteve o passo lento e regular, orgulhosa
demais para correr como um coelho, como tinha vontade de fazer.
Edward observou enquanto ela saía, perguntando-se por que
se sentia ainda pior do que antes, já que tinha feito exatamente o que deveria.
De repente lembrou-se da presença de Malcoom. Edward se
virou para o velho asqueroso, lançando sorrisos triunfantes ao homem que anos
atrás destruíra qualquer possibilidade de uma vida com Bella.
Dean acompanhou o amigo, os pensamentos voltados para a
bela Alice.
--x—
Edward desligou o motor do volvo assim que o portão de
sua casa tocou o chão da garagem. Por um momento fugaz observou seu reflexo no
retrovisor — sem dúvida aquele não era o mesmo Edward que partira pela manhã.
As duas protuberâncias arroxeadas embaixo de seus olhos indicavam que seu
estava igualmente exausto quanto a sua mente. Notou discretas rugas em sua
testa, envelhecerá cinco anos em questões de horas. E mesmo assim, seu coração
carregava dois pesos: a alegria de se descobrir pai do filho da mulher que mais
amou, e ainda amava. E a dor por descobrir que
essa mulher, era uma farsa, uma grande e miserável farsa de mentiras.
Ao passar pela sala de estar, foi como se todo o
turbilhão de sentimentos e acontecimentos do daquele dia não tivesse abatido
sobre sua casa. Karen estava recostada no sofá, com o corpo magro e pequeno de
Noelle aninhado em seu colo.
Karen lentamente virou o rosto ao se deparar com a
presença muda do marido, e o sorriso mais acolhedor iluminou suas feições. As
maças do rosto se elevaram, fazendo com que os olhos azuis amendoados se
tornassem duas fendas. As bochechas rosadas e sardentas coraram, e a mente de
Edward se encheu com a idéia de beijar aqueles lábios finos e tão delicados.
Antes mesmo que dissesse algo, Karen sintonizou suas necessidades.
— Imagino como deva estar exausto. Acompanhei o
noticiário no hospital Você se tornou uma celebridade. — em nenhum momento a
frase foi posta sobre um contexto arrogante ou acusatório. A relação dos dois
sempre fora um livro aberto, Karen conhecia toda sua história, inclusive a
presença de Bella nos pensamentos do marido.
Ele meneou a cabeça em concordância, indo se sentar ao
lado de Karen.
Ergueu a mão e afastou os cachos louros de Noele, apenas
uma parte do rosto minúsculo de sua filha era visível. O nariz pequenino e
redondinho coberto pelas mesmas sardas douradas da mãe. Os lábios cheios, ainda
iguais de um bebê presos em um beicinho adorável. Ele afagou as bochechinhas
com os polegares, Noele moveu-se sonolenta. Edward desejava fitar aquelas duas
grandes bolinhas de gude verdes da filha, os mesmo olhos de Tony. Seus dois
filhos herdaram esse traço singular do pai — o mesmo que ele próprio herdará do
avô Anthony.
Karen estendeu a mão e afastou alguns fios rebeldes que
caíam pela testa do marido.
— Acorde-a... — Karen disse novamente sintonizando as
necessidades de Edward. Os dedos finos acompanhando o contorno do nariz reto
dele. Edward fechou os olhos com a carícia. — Ela dormiu faz pouco tempo, ficou
te esperando. Ela sente sua falta, mas ouso dizer que a sua saudade é muito
maior. Está escrito aqui. — ela acariciou suas sobrancelhas, indicando que seus
olhos refletiam a necessidade de ter a filha perto.
— Às vezes deve ser entediante ter razão em tudo... — ele
notou que Karen estava com os cabelos soltos. O coque se desmanchará, e o
volume louro caía selvagem por seu colo, os cachos macios pareciam ter vontade
própria. Automaticamente sua mão se embrenhou na cascata de seda, deslizando
por seus dedos.
— Não é nada disso. É que eu apenas te conheço melhor que
ninguém. — ela escovou seus lábios nos de Edward.
Edward segurou o rosto dela entre as mãos, e beijou com
um pouco de fúria, um beijo tingido pelo temor. Ele estava divido entre o
desejo e a culpa.
Em seguida, ele pegou o corpinho de Noele. A pequena se
agitou no colo do pai, levou as mãozinhas até os olhos e os esfregou com sono.
Até focalizar o sorriso do pai. Em resposta deu um sorriso tão lindo, que
apenas uma criança poderia dar. Lançando seus braçinhos ao redor do pescoço de
Edward.
— Papai... — ela espremeu os dedos no cabelo macio de
Edward. — Fiquei te esperando até tarde... Como uma mocinha grande.
— Claro, neném. Você é minha mullherzinha. Papai vai te
levar para o quarto e ler uma historinha.
Seus lábios se projetaram para frente, formando um
beicinho. Os grandes olhos verdes umedeceram.
— Não quero. Deixa eu dormir com você e a mamãe. Eu
prometo que vou ficar quietinha, agora eu sou
grande, sei me comportar.
Edward riu, quem conseguiria dizer não a esse anjinho?
— Tudo bem, neném.
Karen segurava o riso. Não conseguia desviar os olhos dos
dois amores de sua vida.
— Pai? — Noelle segurou o rosto de Edward. — Eu te amo grande,grande, assim, até o
céu. — ela demonstrou abrindo os braços, naquela simplicidade infantil que
significava muito mais do que frases ou palavras literárias. — Só não me chama
de neném.
Edward e Karen caíram na risada, e Noelle franziu o
cenho, levantando a sobrancelha — a cada dia se parecia mais com o pai. Até a
forma de erguer as sobrancelhas quando se irritava.
Edward cobriu Noelle com o cobertor, Karen saía do
banheiro com os cabelos úmidos, vestindo um roupão curto que mal cobria as
longas pernas.
Ela caminhou em direção ao marido, sentando em seu colo.
Trilha Sonora:
Bleeding Love — Leona Lewis
— Talvez não seja a melhor hora, mas tenho uma coisa para
te falar...
— Eu também. — Edward segurou firme as mãos de Karen, as
levando em direção ao seu rosto, aspirou o perfume dela.
— Fala você primeiro, então... — Karen tentava aparentar
confiança, mas seu coração palpitava audivelmente por entre suas costelas.
Agora mais do que nunca tinha medo do fantasma de Bella.
— Você sabe com quem eu estive
hoje, não é?
Karen assentiu, depois respondeu: — Bella. Eu vi o
noticiário, depois liguei para o escritório. Jane me disse. — ela abaixou o
rosto, com receio que seus olhos transbordassem. — Como foi... vê-la?
— Confuso. Eu tinha certeza que a amava. Porém... — ele ergueu
o rosto de Karen. — Não é ela que amo. É a lembrança... Nem mesmo sei o que
estou falando.
— Edward, você a ama, simples assim. Eu gostaria de poder
gritar com você, mas eu não tenho esse direito. Você foi dolorosamente sincero
comigo desde o dia em que nos conhecemos. — ele alisou as costas da esposa por
baixo do roupão. — Eu sei que você me ama. Mas com Bella é pra sempre. Acho que
só se ama assim uma vez na vida.
— Karen, eu...
— Por favor, me deixa terminar, eu preciso dizer isso...
Está me matando. — Edward se calou, seu coração diminuindo com a dor nos olhos
azuis da esposa. — Eu espero esse dia chegar desde o dia em que nos casamos. O
dia em que eu teria que libertá-lo, o dia em que
eu teria que te dar a opção... Edward, não quero que se sinta preso a qualquer
compromisso ou obrigação que acha que tem comigo.
— Está desistindo? Você é minha mulher, a mãe da minha
filha.
— Noelle sempre vai ser sua filha. Mas eu não posso viver
iludida pensando que você me pertence. Ser unidos no papel não significa nada,
por isso eu quero saber... É a mim que você quer?
— Eu me casei com você.
— Não foi isso que eu perguntei.
— Sim. — naquele momento ele dizia a verdade. Naquele
momento Edward precisava dela, ele queria ser só dela. — É com você que eu
quero viver todos meus dias, com você, a Noelle e meu filho.
Karen petrificou. Suas mãos voaram para seu ventre, as
mãos deslizando pelo volume imperceptível.
— Como você sabe? Eu pensei que não tinha notado nada...
— Notado o quê? Karen, eu não sabia... Eu tive um filho
com Bella. Ele já tem doze anos.
— Meu Deus! — ela se levantou.
— Karen... Eu não sabia... Você entende, não? Eu nunca te
traí... — um bip irritante atravessou a tensão no quarto. — Por favor... Agora
não. — Edward implorou.
Com as mãos trêmulas Karen pegou o pequeno Pager.
— É uma emergência. Eu preciso ir... — ela foi até o
closet, pegando uma roupa qualquer e seu jaleco, no bolso havia bordado seu
nome: Karen Luchessi Cullen — Pediatra.
— Não faça assim comigo.
— Edward, eu não estou com raiva. Só preciso pensar,
estou confusa... Tudo mudou... Eu...
Com os olhos suplicantes, ela se virou e desceu as
escadas, vestindo um grosso casaco para enfrentar o frio ártico.
Edward deitou em sua cama, de repente muito exausto para
poder pensar. Incapaz de fazer a coisa certa, ou decidir pela correta.
--x—
Já eram 8h30 da manhã quando Rose deixou o pequeno loft que alugou.
Seus olhos estavam pesados, não por conta do choro.
Ela não chorou. Não derramou uma lágrima sequer.
Rose estava exausta, exausta demais para derramar
qualquer lágrima sequer. Ela se sentia desconectada do mundo, o casamento
poderia ter ruído há muito tempo atrás. Mas Royce era uma razão para se ater na
vida, e agora ele também se fora.
Por um bom tempo, Rose ficou paralisada,
refletindo. Nunca
sentira uma vontade como aquela. Queria que o ex-marido tocasse a campainha
e... o quê? Que a erguesse nos braços? Que a levasse apaixonadamente até o
quarto e arrancasse suas roupas? Não, na verdade desejava apenas a companhia
dele. Era isso, sentia-se só.
Rose abriu a janela com a intenção que o ar frio banhasse
seu rosto, e lhe devolvesse a lucidez.
Durante a noite houvera fortes precipitações de neve, mas
o céu limpara e o ar estava gelado quando ela desceu em frente ao prédio em que
ficava seu consultório.
Ao entrar no hall quente e aconchegante do prédio, Rose
despiu o sobretudo, subiu pelo elevador, desfazendo o coque, os cabelos
platinados caíram lisos por suas costas. Tinha a intenção de passar rapidamente
pela mesa de sua secretária, não estava no clima de comoções de afeto com
frases típicas de fim de relacionamentos: Ele não te merecia mesmo. Vai encontrar
alguém melhor. Quem precisa de homens?
Infelizmente sua secretária, uma moça de aparência
esquelética chamada Santana, a chamou, antes mesmo que desse dois passos.
— Doutora? — ela disse com a voz esganiçada.
— Sim, Sam.
— Hmm, eu tentei impedi-lo, mas foi impossível... Sabe
não queria ser presa, alguém já te disse que seu marido sabe coagir as pessoas?
— Royce está aqui?
— Estou, Rose.
Rose xingou baixo, a voz máscula do ex-marido ainda a
deixasse com as pernas fracas.
— Por favor, me diga que veio dizer que assinou o
divórcio.
— Não estou aqui por causa desse pequeno mal entendido.
Até eu assinar ainda é minha esposa, e eu te amo... — ele parou quando sentiu
que a secretária da esposa parara até de respirar, com o intuito de acompanhar
o drama. — Podemos conversas a sós?
— Não. — ela disse decidida. — Qual é o outro assunto?
— Preciso da sua ajuda.
— Minha ajuda? Aposto como existem outras que adorariam
ouvir seu chamado.
— É em você que eu confio. Preciso da sua ajuda como
psiquiatra e hipnotista. Preciso que faça uma avaliação em Emmett Griffiths.
— O Hipnotista? — Rose acompanhou o trabalho e as
pesquisas de Emmett Griffiths, na verdade, ele a inspirará em seguir os estudos
sobre a hipnose.
— Ele mesmo. Posso contar com você?
— Sim.
Continua...
--x--
N/A:
Finalmente esse capítulo de OP saiu do arquivo morto.
Agora é exclusividade do TBF. Esse capítulo de O Pacto é completamente inédito, não tem postado no Nyah. Only here!
Enfim,
o capítulo acabou ficando complexo e cheio de algumas pistas, emoções,
surpresas e muita previsões quanto ao decorrer da história. Poe exemplo:
1 - Essa troca de olhares, e o quase-beijo entre a Alice e o Dean? Teremos um triângulo amoroso? Ou melhor um quadraduplo?
2 - Essa parceria de Rosalie e Royce? E outra... Será que foi o Emmett ou não?
3
- E muito outros segredos... O que Malcoom fez com a Bella? A Karen
está escondendo alguma coisa, o que ela iria dizer ao Edward?
Não conto... não conto...
Só no próximo. Espero que estejam gostando de OP tanto quanto eu estou amando escrever.
Um beijo enorme!
--x--
Gica´s POV
OMG!OMG!OME!OMR!
Eu estou pirada de vontade de pegar a Fef´s e cobri-la de chineladas!
Hauahauaha brincadeirinha! Mas ... pow, fefs! Como tu pôde terminar
assim, minha querida??
Ok ... voltando ...
Olá,
Corujinhas e Ninas que amam O Pacto, tudo bem com vocês? Estou tão
emocionada e tomada por este capitulo que nem sei por onde começar...
Adorei
o fato da nossa amada Fef´s ter feito o proprio Tony saber de tudo
desde o começo. Este lance dramático de pai descobrindo filho e
vice-versa, eh meio chato, e ela soube colocar de uma forma tão linda,
que passou longe de drama dando vazão ao Amor ... [ I loveeee]
Claro que o momento da Bella foi tenso, mas não poderia ser diferente ne? Vamos ver o que vem pela frente...
Fiquei surtada com a suspeita do Emmett, FALA SERIO!! ELE NÃO FARIA ISSO.COM
Emmett
eh o tipo do irmão protetor, que educa, que aconselha, não o que faz
algo sem pensar so por ódio!! Ou faria? OME! Ele não faria isso, ne
Fef´s? morrendodeagonia.com
Mas
de tudo mesmo ... o que eu não pude deixar de amar .. foi o momento do
ED PAPAI!! Ninas, o que foi aquilo? Eu já vi vários Edward´s em fic mas
assim... amoroso, protetor, cheio de carinho... oh, a Noelle eh tão
linda e doce, ameiiii demais! Anthony tão maduro, tão seguro e ao mesmo
tempo tão carente do pai ... e o Ed foi totalmente perfeito!! Eu achei
que foi tudo neste capitulo... pra mim .. ARRASOU.
Alice
e Dean... OMG! O que foi aquilo? Ela anda tão abalada pelos surtos
estranhos do marido que se viu num momento de fraqueza, e tudo desabou
em cima dela.. pobrezinha... Alice sempre vai ser única, mesmo com seus
dramas e problemas, ela não perde a classe... Adorooo!
Bem, eu fico por aqui... e deixo vocês com a agua na boca, morrendo de vontade de mais um cap bombástico de O PACTO ... adorooo! Estou completamente VICIADA.
Beijos pra todas...
Fef´s, amei o capitulo. Me perdoe pela demora .. amo você demais, minha lindaaaaa!
GicaCullen – coruja Mor.
Vai a continuar o fic? eu gosto, eu quero mais
ResponderExcluir