quinta-feira, 29 de março de 2012

Eternity — Capítulo Dois



— Capítulo Dois —

Até as últimas conseqüências.
O rosto de uma jovem de uma magreza anoréxica estava coberto por uma espécie de saco de pano preto — eram impossíveis as réstias de luz infiltrarem-se pelo tecido grosso. Ela estava sentada em uma cadeira fria de metal, imóvel, em uma posição desconfortável, com as mãos algemadas às costas e o pescoço acorrentado a uma argola no chão.

Moveu as algemas, mesmo sabendo que não conseguiria abri-las. Estavam tão apertadas que ela perdera a sensibilidade nas mãos. Não soube dizer quanto tempo transcorreu até ouvir de novo os passos de seu algoz.


De repente a escuridão fora quebrada quase que bruscamente. Sua cabeça girou com o súbito fluxo de luz, que cegou momentaneamente seus olhos sensíveis.

Ouviu o barulho de móveis sendo arrastados, e enfim pode abrir os olhos que lacrimejavam com a exposição. Até que surgiu uma jovem em seu campo de visão. Ela tinha longos cabelos louros, com um fundo em dégradé escuro, que faziam um contraste enigmático com seu rosto de querubim. 
Vestia uma calça skinny de couro que abraçava suas pernas, e uma jaqueta de couro aberta que revelava um corpete vermelho como sangue.Tinha um ar selvagem.

— Desconfortável? — ela perguntou a delicada moça presa a cadeira. A jovem manteve-se calada, com cuidado para não fitar os olhos dessa garota. Se realmente fora ela que a deixou inconsciente, devia ser uma bruxa poderosa. — Olhe para mim, Boleyn!

O rosto da jovem loura alterou-se de repente. Num salto, aproximou-se da menina dócil e a pegou pela cascata de cabelos ruivos.

 A ruiva esbravejou: — Não sabe com quem está lidando! Mesmo que seja de uma família Ancestral... Seu domínio não é suficiente para me enfrentar! — a face corada e redonda da pequena garota se distorceu por um segundo: os olhos verdes reduziram-se a duas fendas com olhos tão negros como um céu sob o efeito do eclipse, a pele parecia craquelada, surgindo inúmeras escamas de aspecto asqueroso. Os cabelos ruivos brilhantes e sedosos caíram ao redor da cadeira.

A criatura remexeu-se violentamente, apenas conseguindo que as correntes cortassem suas escamas, e a cadeira virasse contra o chão. Deitada com o rosto no chão de cimento frio viu o contorno de um pentagrama — feito de sal, mas não era um simples pentagrama, era um pentagrama invertido.

— Devo admitir que está certa, Keyla... é esse o seu nome, não é? — a jovem loura pôs-se a caminhar pelo porão enquanto refletia em voz alta. — Continuando... mesmo um bruxo de família ancestral não poderia destruí-la. Porém, eu não sou apenas uma bruxa ancestral, como deve ter percebido. Eu sou uma guardiã. 

A jovem ergueu a cadeira. Depois sentou-se diante dela com as pernas cruzadas. Então pegou uma faca e pôs a ponta dela na pele grossa bem embaixo do olho da criatura.

— Sabe prefiro você assim ao natural. — a expressão se alterou, os olhos azuis da jovem parecem inflamados e vermelhos. — Você não contava com isso. Seu plano era eliminar o novo guardião de nossa família, certo? Não precisa responder. Eu sei a resposta. — ela continuou sentada na cômoda sem dizer nada por uns cinco minutos e sem olhar para a criatura. — Você cometeu um erro. Deixou rastros, conhece alguém chamado Tyler? Um homem muito bonito devo dizer, com aqueles cabelos negros. Pena que esteja morto.

A Boleyn sentiu um ódio crescer em seu peito e se descontrolou. Forçou as algemas. Ela assumiu o controle. Impossível. Estava impossibilitada de fazer o que quer que fosse.

— Não adianta. O pentagrama invertido é um feitiço muito complexo, mas sem dúvida muito eficiente.

— Quem é você, merda? E o que fez com Tyler?

A jovem puxou a cômoda e sentou-se de modo a poder olhar a criatura bem nos olhos.

— Me chamo Blaine Winston. Você deveria saber quem sou... Afinal você e seu parceiro Boleyn executaram Patrick Winston. Ele era minha alma

— Eu não entendo. Ele era o guardião.

— Sem dúvidas. Mas, agora eu sou a nova guardiã. E você vai me contar o que eu preciso saber...

— Não. — Blaine desferiu um golpe seco na face da criatura. 

— Talvez isso ajude. — Blaine tirou de dentro das vestes de couro, um lenço, e dentro do lenço havia um dedo decomposto com um anel de rubi. — Acho que era do parceiro, certo?

— O que você fez com ele? — a Boleyn sacudiu o corpo inutilmente, fazendo com as correntes apertassem ainda mais seu pescoço.

— Ele quem pediu por isso. Sempre falam que um assassino gosta de visitar o local do crime. Minha avó já desconfiava que tinha o dedo podre e pra lá de decomposto de um Boleyn. — Blaine riu ao brincar com o dedo mal-cheiroso. — Desculpe a piadinha. E claro que seu parceiro foi muito tolo em voltar, minha vó e outros bruxos o capturaram. Ele foi muito útil para me esclarecer várias questões. Inclusive que a morte de Patrick faz parte de um plano. Agora, me diga que plano é esse?

A voz da criatura era áspera como uma lixa: — Ele não te contou? — ela perguntou presunçosa, certa que fora uma tarefa difícil capturar seu parceiro. — Pensei que ele tinha lhe dado informações valiosas.

— Bom, digamos que eu tenha me descontrolado. Ele se mostrava muito pouco receptível a certos estímulos... Confesso que acabei exagerando... E a última coisa que ele disse foi seu belo nome. Que romântico dizer o nome da amada nos últimos instantes de vida.

— Sua maldit... — não conseguiu terminar o insulto. A argola a impedindo de respirar.

— Está muito apertado? Não consegue respirar? — Blaine afrouxou um centímetro ou dois. — Não quero que morra asfixiada daqui a pouco.

— Não me importo em morrer. Não vou dizer nada.

A Boleyn nunca esqueceria o rosto de Blaine no momento que a atacou. Blaine mostrou os dentes como uma fera. Os olhos eram vermelhos e brilhantes. Moveu-se com rapidez, erguendo a criatura com um aceno grave das mãos, as correntes não resistiram ao golpe, partindo-se como elásticos.
Seu corpo foi arremessado contra a parede.

— Quem disse que iria te matar? — ela ouviu a voz de Blaine, sem vê-la no porão. — Gosta de dor?

A Boleyn não viu Blaine, mas sentiu uma dor física excruciante. Como se o fogo se alastrasse pelos seus ossos, veias, explodindo em chamas em seu coração. Então Blaine a acertou com uma espécie de taco, o golpe foi fortíssimo. A criatura estava perdendo a consciência.

— Deve ser agonizante morrer queimado. 

Blaine novamente moveu a mão em um movimento fluído, como se pequenas marolas projetassem por seus dedos. O calor agonizante desapareceu.

— Quem mandou vocês matarem Patrick? É óbvio que duas lagartixas como vocês pensariam sozinhas nesse plano. — Blaine deu um chute no corpo asqueroso jogado aos pés, e viu o rosto réptil mutilado a maior parte das escamas chamuscadas, os olhos esbugalhados de pavor e a língua começando a sair pela boca. — Tudo bem, temos até a noite. 

Blaine lançou um olhar rápido para a débil criatura. 

A Boleyn segurou com firmeza a própria garganta, o ar faltava em seus pulmões. Sentia como se tivesse sido arremessada em mar aberto, a água infiltrando por sua boca. Impedindo-a de respirar, seus pés e mãos se debatiam. Moveu a boca em súplica muda, Eu falo, por favor.

— Ótimo. Entramos em um acordo.

— Não há nada que você possa fazer. As famílias ancestrais serão destruídas, e nos triunfaremos, finalmente poderemos sair das sombras. Com uma fonte ilimitada de poder, sem precisar sugar suas energias.

— Isso é impossível. Vocês precisam de outros bruxos para viver, precisam sugar suas forças mágicas, como parasitas.

— Agora sim. Mas quando triunfarmos não precisaremos mais. E ele nos levará a vitória.

— Quem?

— O Mestre. — a voz repleta de uma adoração perturbadora. — Seu amado Patrick se curvou aos pés dele, antes de morrer.

Isso fora demais para Blaine. Com apenas um olhar a criatura parecia ter sido banhada em querosene. Logo a casa fora engolfada pelas chamas altas e ferozes, que pareciam rugir em sua fúria.

Blaine observou ao longe a casa que a Boleyn usava como esconderijo se desmoronar. Os gritos ensurdecedores da criatura ecoando por entre as vigas que se desmoronavam sobre si. Uma fumaça cinzenta e pesada subia dos destroços que outrora foram um belo chalé.

 A noite finalmente chegara, só que dessa vez a lua exibia uma atmosfera aterradora — como se uma luz sangrenta pairasse sobre as cinzas da casa. Era um brilho de morte e vingança.

--x--

N/A:

Depois de um longo período de seca nas originais. I'm back, baby!

Estou no pique de Eternity e esse capítulo ficou muito animal, queria deixar bem claro a mudança e o amadurecimento da Blaine. A vingança dela será maligna, e esse é apenas o começo! MUAAAAAAAAAAAAAAAÁ

Próximo capítulo começa com as novas personagens, e um HOT Gostosão!

Aguardem!

Comentem bastante!

Um beijão!
 







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