quinta-feira, 15 de março de 2012

DV – Cena II ( Primeiro Ato)


Cena 2 – Primeiro Ato

Era uma voz sem rosto, um rosto sem alma.

Swan atravessou o saguão luxuoso do Northwestern Memorial Hospital, era óbvio que alguém mexeu os pauzinhos para que a irmã mais nova fosse atendida em um hospital de primeiro mundo. O plano de saúde não cobriria tal regalia.
Uma enfermeira colocou a mão delicada sobre o braço de Swan, a conduzindo pelo corredor para que esperasse na sala dos parentes.
“Tac Tac Tac”, o som irritante produzido pelo baque do salto alto usado pelas enfermeiras com o piso lido usado nos hospitais penetrou na mente de Swan. Ela respirou fundo para conter a dor do maxilar. Eram como se martelassem sua própria mandíbula com uma espécie de objeto pontiagudo, o estômago revirava em labaredas desagradáveis. Em situações extremas de cansaço e estresse, o seu problema vinha à tona.
Enfiou a mão nos bolsos do sobretudo, sem analgésicos.
Enquanto aguardava, a mente vagou nas lembranças que guardava da irmã.
Mari Alice Swan é cinco anos mais nova que Swan. Alice sempre foi regada de cuidados excessivos, preservada de qualquer ameaça exterior. Aos cinco anos de idade, ela ingeriu veneno de rato, Renée se culpou por ter deixado a substância tóxica a vista da criança. Um erro que poderia ter sido fatal.
Alice simplesmente respondeu:
– Mamãe, não é sua culpa. Eu queria dormir para sempre.
Pela primeira vez, Swan viu através dos olhos castanhos da irmã. Eles não carregavam nada, nem mesmo a inocência que toda criança mantinha até o desabrochar da idade. Frios e vazios. Aqueles olhos não refletiam nada, nem raiva, medo, simplesmente um buraco negro.
Ao longo dos anos, a família usou vários artifícios para reverter a profunda solidão em um sorriso de felicidade. Os esforços foram em vão, Alice era uma casca vazia.
No seu baile de debutante, o corpo de Alice sofreu convulsões violentas. Tudo por conta combinação imprudente de soníferos com uma grande dose de álcool. Todas as atitudes de Alice a levavam ao caminho da morte, mais outras tentativas ocorreram. Seus pais não puderam mais negar a doença da filha, e a internaram em uma clínica de repouso.
Swan desejava ver revolta, a luta, qualquer porra de reação. Ela simplesmente não esboçou quaisquer sentimentos.
O tratamento foi concluído, e Alice foi fadada a passar o resto de sua adolescência com a supervisão integral de psiquiatras. Ela foi diagnosticada como uma esquizofrênica com tendência suicida. Os anos novamente se passaram. Alice cursou a faculdade de rádio e televisão. E recebeu a tentadora proposta de gravar um piloto para um programa que estrearia na madrugada de Chicago.
Com a voz graciosa e gentil de Alice, o programa foi aceito pelos donos da emissora de rádio. Ela se mudou permanentemente para os Estados Unidos. Os ouvintes problemáticos pareciam finalmente ter encontrado refúgio em sua voz.
Os problemas pareciam um passado sombrio, com a rotina de trabalho na emissora.
Swan sempre acompanhava a transmissão do programa pelas madrugadas, e Alice sempre era uma voz sem rosto, um rosto sem alma.. A visão dos olhos vazios da irmã, perseguiam Swan como um fantasma.
Um hora depois, um jovem cirurgião cruzou o corredor. Swan levantou com o coração batendo forte.
– Como ela está?
– A cirurgia foi bem-sucedida.
– O que aconteceu? Ninguém me disse nada.
– Ela cortou os pulsos com as lâminas de um gilete. Normalmente não é um caso para intervenção cirúrgica. Infelizmente não foi o que houve... – o médico suspirou, ele abriu a boca inutilmente, mas não preferiu som algum. Enfim, disse: - Sua irmã tinha conhecimento de que tipo de corte utilizar para o suicídio, sem qualquer margem de erro. Porém, ela não contou com a presença do seu próprio psiquiatra.
– Edward.- Swan sibilou o nome entre os lábios.
– Sim, ele conseguiu estancar temporariamente o sangramento. De qualquer maneira, ela já havia perdido muito sangue. Foi feita uma transfusão, e uma cirurgia minuciosa para religar os tendões.
– Alguma seqüela? Além do terror psicológico.
– Há uma grande probabilidade que os movimentos das mãos sejam permanentemente prejudicados.
– Certo. – uma pergunta parecia queimar em sua língua, marcada a fogo. – Onde está Edward?
– Ele tinha mais alguns pacientes a atender. Não preocupe. As contas que possam vir a ter serão por conta do hospital.
Bella alteou as sobrancelhas, incrédula: - Tudo bem.
***
Swan tentava se refazer do choque de ver sua irmã internada novamente. As lágrimas ainda caíam, mal ela secou a última delas e deixou escapar um suspiro vacilante.
Ela se abaixou e afagou delicadamente as pontas dos seus dedos, estavam frios.
– Você vai ficar boa. Eu prometo. – Swan hesitou. - Você é uma Swan.
Alice parecia indiferente as suas palavras, presa em um sono profundo e sem temores. Os cabelos pendiam abaixo dos ombros, sinal que fazia tempo que não se viam. No último encontro eram curtos. As maças do rosto pintadas por um tom rosado, dando uma injeção de ânimo para a aparência tão fúnebre.
***
– Obrigada. Você é a única pessoa que confio nesse covil de cobras. – Swan afagava os ombros de Jasper, um repórter free-lancer.
“Muito atraente e problemático”, com essas palavras se definiam Jasper Hale. Sempre com sua jaqueta de couro que ressaltava seus ombros largos, cobertos por tatuagens. Marcas permanentes de seu passado infeliz. Os cabelos um pouco compridos, bem tratados e castanhos. Uma penugem abaixo do queixo, os lábios cheios para um homem. Os olhos na cor de mel, com pequenas e imperceptíveis gotículas de verde, embora límpidos após uma grande tempestade. O perfume reincidia a tabaco.
Há muito tempo tiveram um envolvimento sexual, apenas sexo. Depois de suas necessidades mais baixas satisfeitas, tudo que restou foi uma amizade forte, marcada por inúmeras enrascadas por conta da profissão. Jasper era um amigo inestimável.
– Tudo bem. Eu fico aqui até que resolva suas coisas. Provavelmente ela vai se assustar por encontrar um estranho no quarto. – Jasper disse enqaunto analisava as sombras de cansaço no rosto de Swan.
– Foda-se a minha irmã! Estou farta dos problemas dela.
– Essa é minha garota. – Swan se permitiu aproveitar o calor do abraço de Jasper, que penetrava por sua roupa.
– Obrigada. Que merda de vida. Deveria ter me casado com você.
– Nunca me aceitou.
– Simples, sou uma vagabunda francesa. – Swan apertou a bunda de Jasper.
– Hey, não fale mal da minha garota.
***
Edward aproveitava a sensação apaziguadora em sua sala de estar. O único som que se sobrepunha ao silêncio, era a acústica do aparelho estéreo. Era como ter um show particular de uma orquestra, as notas soavam puras.
Batidas insistentes na porta ameaçavam por fim a sua paz.
Ele abriu a porta se deparando com a presença de uma mulher pequena. No entanto, com uma energia avassaladora.
– Bella. – ele a cumprimentou surpreso.
– Para o inferno com a sua fina educação. – Swan desferiu um tapa violento, que teria tingido sua face se seus reflexos não fossem ótimos.
– Nossa! Quem diria que uma felina iria bater na minha porta a essa hora da noite? – ele vestia apenas um jeans, o peito nu. Edward não deu tempo para Swan reagir. A puxou pela nuca em um beijo abrasador, os dois corpos colidindo.
As roupas se tornaram grandes e desajeitadas , caindo em um baque surdo no chão.
Ambos exploravam um ao outro com as mãos, a língua.
– Minha cama é bem espaçosa...
– Não quero a porra da sua cama. E sim algo muito mais forte e duro... – ela se ajoelhou, o membro de Edward apontando atrevido em sua direção, a glande rosada inchada implorando por um tratamento especial.
– Vamos nos divertir muito essa noite. - Swan não se fez de rogada, a língua percorrendo toda a extensão.

Continua no Próximo Ato...

--x--

N/A:

Depois desse capítulo vou preparar meu testamento. Corro risco eminente de morte.
Desculpem não deu para resistir e tive que encerrar com essa atmosfera pesada.
Prometo no próximo capítulo, primeira cena de Alice e Jasper.
E o tão esperado hentai sacana de Edward e a Swan.
Comentem bastante!
Um beijo enorme, e obrigado pelo carinho e os comentários.

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