quinta-feira, 15 de março de 2012

DV - ( Segundo Ato)

Segunto Ato –
Um lugar tão sombrio quanto às paredes que o sustentam


Alice despertou com um aroma apetitoso de ovos e bacon, seu estômago deu um ronco grave. Talvez fosse Jasper... Com esse pensamento ela chutou as cobertas e caminhou até lá com uma crescente excitação. Ela interrompeu os passos ao se deparar com costas masculinas nuas, avançou como um gato sorrateiro, até que notou a ausência das tatuagens. Não poderia ser Jasper.
– Bom dia, Alice! – ela petrificou. Como ele poderia tê-la visto?
Aquela voz era incrivelmente familiar.
– Doutor Cullen? – ele a olhava pelo canto dos olhos, com o vestígio de um sorriso nos lábios. – O que está fazendo aqui? Você e minha irmã? – Edward meneou a cabeça em afirmação. – Não pode ser, achei que ela te odiasse.
– Geralmente as grandes paixões são provenientes do ódio. – ele respondeu virando habilmente os bacons na frigideira. Alice nunca o vira tão relaxado. O amor realmente mostrava uma nova faceta das pessoas.
– Então, boa sorte com ela. Vai precisar! – Alice riu. Havia tanto tempo que não o fazia. Isso se algum dia fora sincero quando o fez.
– Alice! – Swan a chamava vindo até a cozinha.
Swan caminhava em passos lentos, estava pálida e os cabelos parecendo um nicho. Vestindo somente um penhoar, um pedaço da pele alva exposto pelo V do penhoar, o que dizia que ela estava completamente nua embaixo.
– Bom dia! Dormiu bem? – Alice perguntou com uma petulância notável em cada sílaba. Swan fitou intrigada com o deboche na expressão da irmã.
– Não. Foi uma noite horrível, apaguei com os analgésicos e tive um pesadelo.
– Por acaso ele envolve meu psiquiatra? – Alice bebericou o café calmamente, uma maneira de conter o riso, já que Edward estava atrás da mureta ouvindo a conversa.
– Elementar, minha cara Watson. Como eu disse... Um ‘pesadelo’.
Edward saiu detrás da divisória entre a sala e a cozinha, o peito nu à mostra, adornado por músculos de causar inveja a um atleta. A calça jeans caída displicentemente, deixava visível uma linha estreita de pêlos escuros descendo até a virilha. Ele usava um dos aventais de cozinha. Swan clamou ajuda do universo para controlar-se. Por que ele tinha que ser tão sexy? Um demônio, só podia ser.
– Amor, não te ouvi reclamar nem por um segundo enquanto dormia nos meus braços.
Swan ficou boquiaberta. Não pela presença daquele monumento – isso era fato consumado, nunca se acostumaria com a beleza de Edward Cullen - estava mais preocupada com o significado da presença dele em seu apartamento. Seu pesadelo não era fruto do torpor dos remédios, realmente ele bateu à sua porta – transtornado e bêbado, jurando ter conhecimento sobre um segredo dela. Um blefe, talvez? Não. Edward Cullen não era o tipo de homem que blefava. Ele era o melhor, porque fazia o que tinha de ser feito.
– Não é possível. A única solução será sacrificar carneiros para me livrar desse encosto. Fora da minha casa, AGORA! – Swan apontou o dedo na cara de Alice, que se encolheu com a fúria do olhar da irmã mais velha. Era uma força opressora. – A partir desse momento ele não é mais seu psiquiatra. Arranje outro!
– Bella, isso não faz bem para você. E a sua mandíbula? – Edward acariciava as costas das mãos nos braços de Swan e uma linha de fogo ia sendo traçada em sua pele.
Loin bâtard chien! Fora !
A visão de Swan começava a ficar embaçada devido as malditas lágrimas. Geralmente chorava quando ficava muito irritada. O que era humilhante naquela situação. Esse homem tinha a habilidade nata de lhe roubar a razão, tanto física quanto mental.
Swan o empurrou para o mais longe de si em uma atitude de criança mimada, em seguida se refugiando em seu quarto.
– Do que ela me chamou ? – Edward lançou um olhar curioso a Alice.
Ela tentou segurar o riso, mas foi impossível. A expressão de Edward tentando aparentar certa dignidade foi demais.
– Cachorro bastardo. Quando ela fica furiosa começa a falar francês, às vezes ela nem se dá conta e lá está xingando alguém em outra língua. Creio que seja uma válvula de escape.
– Boa. Deveria ter estudado psicologia – Edward ajeitou alguns fios que caíam por sua testa.
– Não funcionaria para mim. Eu tenho uma predisposição suicida, trabalhar com a loucura dos outros teria o efeito contrário em mim. Talvez projetasse os problemas de meus pacientes em minha própria vida.
Alice tinha uma alma de artista, extremamente sensível. Uma percepção aguçada. Swan não era a única... Ele bagunçou os cabelos de Alice, os dois se comportavam como se de fato já pertencessem a mesma família.
– Aproveite o café. – ele a serviu com os ovos e os bacon, desamarrando o avental de sua cintura. – Vou falar com a Bella.
– Isso aqui está uma delícia. – Alice disse com a boca cheia. – Casa logo com ela, pelo amor de Deus !


Swan estava jogada em sua cama, a cabeça afogada nos travesseiros fofos. Ela mordia os lábios tentando abafar os soluços, não era só o choro que ela lutava para aplacar, mas todas as lembranças. Imagens que às vezes lhe roubavam o sono, a serenidade e a paz. Nesse momento de lágrimas, dor e reflexão, Swan percebeu que Alice não era a única que tinha um mal que a corroía por dentro.
– Bella? – Edward entrou no quarto. Ela não respondeu, porém ele continuava ali. – Acho que deve saber que não importa que me ignore, eu não vou embora. – ela sabia muito bem disso. – Eu preciso de você. Mas, o que importa é que você precisa de mim.
Swan ficou possessa com a audácia dele.
– Eu preciso de você? De que livro de psicologia barata você tirou isso?! EU NÃO QUERO VOCÊ NA MINHA VIDA ! NA VERDADE NÃO QUERO NINGUÉM NELA !
– Isso tem a ver com o seu noivo falecido? – ele esperava uma reação violenta, talvez negação. No entanto ela ficou calada, seus olhos vidrados – muito distantes, em um lugar inalcansável para Edward.
Ela levantou o rosto, encontrando um par de olhos claros iridescentes. Agora traziam o verde mais límpido que um dia ela viu, puros.
– Henry e eu crescemos juntos – Swan se lembrava com exatidão as risadas que compartilharam juntos, as brincadeiras sempre em companhia um do outro. – Ele foi aquele que me iniciou em todas as fases da minha vida. Meu primeiro amigo, meu primeiro beijo, meu primeiro amor e o primeiro homem que me amou – o rosto de Swan estava banhado por lágrimas, cada uma que escorria por entre seus olhos representava uma lembrança de Henry. Seu calor, suas risadas, o modo como dizia “Eu te amo, Bella”.
– O amor de sua vida. – Edward completou com uma certa amargura, na sua mente consternada era essa a razão para Bella o repelir. Nenhum homem se igualava a Henry.
– Poderia ter sido, senão planejasse me abandonar as vésperas do nosso casamento. – novamente um muro impossível de passar ergueu-se. A velha Swan estava de volta, ela enxugou os últimos resquícios de sua fraqueza. – Pelo visto, você sabe o que aconteceu na minha vida. Por que precisa que eu repita?
Swan sentou na cama, apoiando as mãos nas laterais da cabeça. Edward colocou as mãos nos ombros magros, puxando delicadamente a cabeça dela para seu peito. Afagando gentilmente os fios longos, que caíam até a concavidade das costas. Ela arfou com o carinho, a proximidade dele gerava uma fragilidade há muito tempo esquecida.
– Não... – ela disse baixinho. – De novo, não! Sai daqui!
Ela impeliu o toque de Edward.
– Não vou sair, enquanto não me disser o que realmente aconteceu. Eu sei os fatos, as circunstâncias. Mas, o que aconteceu para que se fechasse dessa maneira?
Swan decidiu parar de lutar.
– Estávamos voltando da nossa despedida de solteiro. Era uma tradição os noivos comemorarem juntos. Tudo estava perfeito, nossos amigos fizeram uma festa linda e super divertida. Eu me sentia uma princesa em um conto de fadas, Henry era meu príncipe alado. Até que o flagrei com outra mulher, ela exigia que ele terminasse comigo o mais rápido possível. Ele disse que não passaria dessa noite. – Swan se ergueu, caminhando até a penteadeira. Fitando seu reflexo, institivamente ela alisou o ventre. – Finji uma enxaqueca e fomos embora mais cedo. Eu não parava de pensar que tinha que fazer alguma coisa, mas não sabia como falar. Eu tinha que dizer que ele não podia me deixar... porque iríamos ter um bebê – Edward viu uma dor que só no dia que fosse pai compreenderia. – Ele estava alcoolizado, e então ele disse : Eu sei que você me viu com ela. Não há nada que eu possa te dizer, acabou ! E no momento seguinte estávamos discutindo. Eu perdi o controle e disse que ele não poderia me dizer aquilo, então ele me bateu – Edward cerrou os punhos, trincando os dentes de raiva e fúria. – O chamei de monstro e disse que estava grávida. Ele ficou transtornado, dizia que se pensava que o prenderia daquela forma, estava muito errada. Que eu não teria aquele filho. Alguma coisa nos olhos dele, me alertou, porém foi tarde demais. Ele jogou o carro em uma encosta, seu corpo foi lançado para fora e ele quebrou o pescoço. Quanto a mim... Fiquei em coma durante meses e perdi meu filho como era o desejo dele.
Swan se recordava do desespero ao sentir a pele plana, o ventre vazio – oco exatamente como seu coração ficou daquele dia em diante. Ela jurou nunca mais deixar nenhum homem plantar a semente do amor nele.
– Eu sinto muito. Nunca foi sua culpa... – Edward a enlaçou por trás, entrelaçando sua mão a de Swan que permanecia em seu ventre.
– Eu sei disso. – Swan se virou, pegando o rosto de Edward nas mãos. – Por isso mesmo, eu nunca vou cometer o mesmo erro. Não vou entregar meu coração a outra pessoa, nunca vou poder te amar.
"É o que veremos", Edward pensou ao fitar aqueles olhos castanhos cobertos por sombras do passado.


==

Jasper estava colocando o capacete preto que reluzia com os raios de sol, quando seu celular vibrou em seu bolso. Olhou o visor, era o número da casa de Swan.
– Oi – ele deu um sorriso involuntário. Era Alice.
– Oi para você também. Como foi a noite?
Ele a sentiu hesitar por um segundo.
– Senti sua falta.
– Eu senti falta de te fazer ninar nos meus braços.
– Ninar? Eu não sou criança... – ele pode imaginar o beicinho lindo que ela fazia.
– Isso é discutível.
– Está vindo para cá?
– Na verdade vou fazer a cobertura de uma matéria. – ela ficou calada, mas ele completou: - Mais tarde estarei aí.
– Tudo bem. – Jasper ouviu uma segunda voz, era Swan. – Minha irmã quer falar com você... Eu amo você.
Antes que Jasper pudesse fazer qualquer comentário, ela passou o celular para Swan.
– Vocês me deixam com naúseas. Que melado!
– Bom dia para você também.
– Preciso de você agora nesse endereço ! – Jasper revirou os olhos. – Não aceito não como resposta. E você concordou em me ajudar nessa matéria. Outra menina foi encontrada morta, Donna Hayward. Já sei como e aonde encontraremos ajuda.
– Ok, me passa o endereço.
Jasper estacionou a moto em frente a um portão de ferro enferrujado, conferiu o pequeno pedaço de papel amarrotado em que anotou o endereço. Estava no lugar certo, o que não explicava o que fazia ali.
– Até que enfim... – Swan apareceu. – Esse é o Instituto Psiquiátrico de Segurança Máxima de Chicago, mais conhecido como Brick Black Institution. Ele foi fundado em 1870, inicialmente para funcionar como uma casa grande para reabilitação de pacientes transtornados. O lugar se tornou tão popular que começou abrigar diversos pacientes, até os criminosos violentos. Então tiveram a idéia de criar alas específicas, que funcionam até hoje.
Jasper sentiu um arrepio perpassar seu corpo, com o tom mórbido com que Swan narrava o lugar.
– Por que raios estou aqui? Passeio turístico?
– Aqui está internado Joseph Stanfield. O famoso psiquiatra que assassinou oito de seus pacientes.
– O açougueiro de jaleco ?
– Ele mesmo. Não percebe? Ele poderá nos ajudar com o perfil do Dragão Vermelho.
– Não acho uma boa idéia.
– Qual o problema? Ele está preso, não pode te fazer mal! Aliás, sou quem vai falar com ele. Vamos agora.
Após fazerem a identificação com os guardas da entrada, eles foram subindo vários lances de escadas. Conforme Jasper vencia a distância, foi se convencendo que estava certo, era uma péssima idéia. A energia daquele lugar era sinistra.
Em resposta aos pensamentos, o tempo fechou. Várias nuvens cinzas escureceram o céu, um vento percorria as árvores, fazendo folhas secas dançarem pelos degraus de pedras cobertos de sujeiras, e com feixes de matos nascendo por entre a escadaria. O Brick Black era uma construção de tijolos, com várias janelas quadradas pequenas espalhadas pelos andares. Os tijolos exibiam um aspecto asqueroso – enegrecido com diversas ervas daninhas.
– Ele é conhecido como Brick Black, por causa do tom escuro dos tijolos. Alguns dizem que os tijolos absorveram o sangue dos pacientes que fora derramado pelas atrocidades que foram submetidos, em nome de sua cura. Era recorrente serem trancados em salas do tamanho de um banheiro, mal vestidos – talvez até nus. Rastejando no chão áspero de cimento, condenados a morrer por seu algoz. Já imaginou o que esse lugar carrega de sentimentos sórdidos?
– Prefiro não ter isso pesando em minha consciência à noite.
– É aqui que eu começo meu trabalho.
Os dois adentraram dentro do lugar frio, que carregava o peso de centenas de almas atormentadas.

Continha no Próximo Ato...

--x--

N/A:

Wohooooooooooooo! Autora quicando!
Quanto tempo esperei para aflorar meu lado sombrio. Eu sonhei com o Brick Black. Com os tijolos negros que sustentam o lugar, senti um arrepio com as lembranças que o lugar exalava. A loucura em cada poro. Adoroooo!
Me empolguei, preparem-se para o próximo capítulo. A entrevista com o psiquiatra.
Postei uma história nova, conto com a presença de vocês. Quero opiniões sinceras...
LOST GIRL
Comentem bastante meu lindos, maravilhoso e amados leitores.
Obrigada pelo carinho. Amo vocês! MEUS PERFOS!
E agora a minha beta amadaa!


 N/B:

Ah, cá estamos nós de novo. Mais um capítulo maravilhoso de DV, heim? Diga lá se nossa autora linda não arrasa? *quicando*
OMG....que inveja de Alice. Pense... melhor, visualize essa cena que acabamos de ler. Você acorda, com um cheiro bom de algo comestível sendo preparado, sai em busca do cozinheiro em questão e depara-se com Edward. Edward, gente, só de jeans, cozinhando em perfeita harmonia com o ambiente. Acho que ou eu o atacaria ali mesmo e comería-lo no café da manhã...ou desmaiaria...kkkkkkkkkkkkkkk....ok, parei. *respira fundo* Perva quieta agora.
Ah, mas vamos combinar que essa interação e camaradagem dele com Alice foi bem bacana. E divertida. Alice gargalhando?O.O...bem mais leve, hã? E Jasper tem grande parte nisso, é claro. Isso é bem legal.
E omg...omg..omg...Swan se abrindo *no bom sentido...lalala* com Edward. E temos que dar-lhe crédito ele é persistente, teimoso e decidido a fazer parte da vida dela. E derrubar esse muro de aço blaster reforçado que ela construiu em torno de si. Mas, também....putz...super compreensível esse jeito dela de ser, heim? Caraca....o noivo foi um fdp, cretino, filhodeumaéguamalcomida com ela. E ainda tentou matá-la. E matou o filho. Queria sapatear com salto agulha 15 em cima dele.
É Dr. Cullen tem uma batalha árdua pela frente na conquista do coração de Swan. Sim, ela definititivamente tem um. Extremamente machucado e não cicatrizado, mas tem.
E estou com Jasper...esse Brick Black é de arrepiar. Argh!....Medo. Mas, putz essa mulher é louca...eu ficaria a quilômetros de distância de um ser desses. E a doida corre atrás dele. Tudo bem, pegar o Dragão Vermelho é mega importante e já vimos que essa mulher de aço não aceita não como resposta e não tem limites para conseguir o que quer.
Mas, se bem que estou mega ansiosa por essa conversa. Loucura!
Ai, ai....muitas emoções pela frente.
Paixão, MUITO BOM.
Te amo maiiiis!
Cris *-*

Nenhum comentário:

Postar um comentário