segunda-feira, 19 de março de 2012

Point Pleasant - Capítulo 1

Obs: Contém exposição de cadáver!


Capítulo 1 – Bem-vindo a Twin Peaks!

“Twin Peaks, 51.221 habitantes, localizada em um vale em Washington.”

Qualquer cidadão de Twin Peaks que passasse e olhasse pensaria que ele contemplava o amanhecer se estendendo sobre o lago, já que a cena era sem dúvida deslumbrante.
A neve imaculada cobria a camada de gelo, com quase meio metro de espessura. Pinheiros e abetos formavam uma paisagem de sombras sobre as ilhas que pontilhavam o lago e sobre a margem leste, no outro lado. Em qualquer outra estação, com os bordos, faias e bétulas, a claridade seria bloqueada. No inverno, porém, quando era mais necessário, o sol faiscava.
Só que Alec Cullen não via nada disso. Sua mente pairava sobre o monte de saco plástico inerte, ao longo da margem do grande North Valley Lake;
O cartão postal da pacata e pequena cidade chamada Twin Peaks, com seus 51.221 habitantes, localizada em um vale em Washington.
“Ou mais precisamente um cidadão a menos”, refletiu Alec. Conforme forçava suas pernas trêmulas a andarem para perto do saco disforme. O choque perpassou cada poro do corpo de Alec, no sentido cefalopodálico1, que hora para se lembrar de anatomia. Ou seria devido aos seus olhos agora conseguiam identificar o que estaria envolto... Um corpo!
Quem seria essa vez?
Alguém da família Lifehouse, ou os Uley que permaneciam intactos. Sem um familiar atingido pela série de assassinatos brutais que atingiu a cidade.
“Não quero olhar”, Alec repetia pra si mesmo.
“Seu covarde”, a voz de seu falecido pai gritou em suas lembranças. Justo ele, que sofrerá o terrível destino da morte do serial killer que afrontava a milícia de Twin Peaks.
No entanto, não foi ao som da voz de seu pai que Alec ajoelhou ao lado do monte.
Uma linda voz sinfônica sussurrou “Me ajude”, embora distorcida pela fraqueza e frio.
“Não haveria outra morte”, comemorou Alec. Embora ao afastar o saco do rosto da então vítima, seus olhos umedeceram.
A vítima era uma mulher, sabia que não se tratava de uma cidadã de Twin Peaks, seu rosto, em todos os aspectos sendo em demasiado belo, não pertencia ao ciclo de “beldades” de Twin Peaks. A jovem tinha o rosto miúdo como de uma criança, o formato traçado com fineza. O nariz pequenino com a ponta ligeiramente arrebitada. A pele de alabastro refletia uma palidez cutânea anormal, os contornos de seus lábios eram suaves e delicados, estava um tanto cianótico2.
Aflito pelo desespero de uma vida se esvaindo em sua frente, Alec retirou o pesado casado de lã, o cheiro de tabaco com talco, ainda impregnava o grosso tecido, mas era melhor do que enfrentar o frio de cinco graus negativos. A dama precisava muito mais que ele, Alec em um instante a aconchegou em seus braços. O tamanho e o peso facilitaram em muito poder levá-la ao calor do carro.
A princípio enquanto caminhava pela neve fofa e espessa até o carro, Alec pensou que o tremor da emoção ainda o vitimava. Sendo o barulho dos pequenos dentes da dama em seus braços comprovando o contrário, o corpo dela tremia compulsivamente.
Ela não trajava roupas adequadas para enfrentar o frio na superfície, o que dirá na água congelada do lago. E sabem-se lá quantas horas seu corpo ficou submerso na água.
Os cabelos castanhos avermelhados dançavam ao vento boreal. Sem dúvida, muito bem tratados, ela era uma beldade.
O corpo dela foi posto delicadamente no banco traseiro, Alec notou certa rigidez em seus membros inferiores, ela devia ter ficado horas sob a água. No calor do carro, era mais fácil pensar com clareza no que devia ser feito.
A primeira hipótese de levá-la ao hospital nesse novo contexto, era muito arriscada. A onda de mortes havia deixado marcas profundas, as mais perceptíveis foram na psique dos moradores de Twin Peaks. Em vez disso de simples e pacatas pessoas, todos estavam encobertos pela névoa da desconfiança e justiça cega. Alec tinha que admitir que nunca foi um exemplo de integridade, e muitos ainda o fitavam torto pelos meus antigos hábitos.
Seria um prato cheio chegar ao hospital com uma garota nunca antes vista, a beira da morte. Alec não teria nenhum álibi para inocentá-lo, e muito menos podia dizer o que fizera na noite passada.
Porra!”, esbravejou, socando inutilmente o volante.
A profecia de que as drogas um dia acabariam com sua vida, eram mais fortes do que nunca. Senão acabassem com a sua vida, seriam por culpa delas que essa jovem morreria.
A mente de Alec se aguçava, chegando a conclusão que só existia uma pessoa capaz de não julgá-lo indevidamente e salvar a vida dessa mulher misteriosa.
“Edward”, o nome sibilou por seus lábios.
Por ordem do destino, Edward morava perto da colina que separa o lago do centro da cidade. Manobrou depressa para tirar o carro da neve, os pneus esmagaram a neve com um estalo. Seguindo pela estrada a toda velocidade, mas tomando o cuidado de não chamar atenção ao longo do trajeto.
Subiu a colina, afastando-se do lago por um trecho, os pinheiros foram diminuindo e Alec sabia que estava perto.
Sentiu prazer em meio aquela angústia ao avistar a construção de madeira que era a casa de Edward. A casa devia ter ar magnífico, pintada em branco, as janelas grandes e espaçadas. Uma varanda com a vista que dava para a grande propriedade, que na primavera as belas árvores embelezavam. Era uma casa grande com dois andares, construída inicialmente para receber muitos filhos.
Agora só abrigava duas pessoas e uma triste história, Alec notou que a casa a muito perderá sua beleza inicial, a pintura assumirá um tom cinzento e a neve a encobria por toda a parte. Exceto pelo caminho que levava a casa, que tinha sido limpado recentemente, livre da neve inconveniente.
O balbuciar do motor, trabalhando para se manter em combustão, despertou no segundo andar o morador da casa.
Edward olhou meio confuso, meio sonolento o relógio na cabeceira da cama. As luzes verdes indicavam que eram exatas 7h00hrs da manhã.
Ele havia se deitado há apenas meia hora atrás, não devia ser uma visita social, constatou enquanto ajeitava os cabelos disciplinados com os dedos. Afinal ninguém o iria procurar sabendo que era agora seu merecido descanso. Edward possuía um bar, chamado Red House. Localizado na estrada principal que levava ao centro da cidade. Como havia de ser, Edward encerrou as atividades de Red House metodicamente as 6h00hrs. Tendo tempo suficiente de voltar para casa e encontrar Alice. Sua filha de dezesseis anos que dormia no quarto ao lado.
Com passos pesados Edward foi até a janela de seu quarto, afastando as cortinas de tom coral, a cor preferida de Lizzie, sua falecida esposa. Edward reconheceu o Mustang preto de seu irmão caçula, Alec. A pintura preta brilhava sutilmente de encontro com o sol de inverno, mas não foi o carro que fez com que Edward esbravejasse xingamentos. A expressão de Alec que Edward reconheceu era a mesma que ele usava toda vez que se metia numa confusão. Os olhos mel com pequenas gotículas de azul exatamente iguais de Carlisle, estavam semi cerrados. O maxilar rígido de preocupação e pequenas sombras que não tinham nada a ver com a luz contornavam seu belo rosto.
Fazia algum tempo que Edward não via o irmão, o suficiente para notar que o cabelo loiro beirava a linha do queixo e uma leve penugem crescia em seu rosto. Embora Alec não admitisse a cada dia que passava ele se tornava a exata cópia de Carlisle.
Edward vestiu apenas uma camisa flanelada para proteger seu peito nu do frio ártico que o aguardava. Rapidamente desceu a escada a leste do corredor que dava em frente à porta da residência. Por um momento Edward ficou petrificado forçando os olhos de um verde puro a reconhecerem o monte disforme que Alec acolhia nos braços.
Pelo bem de Alec, Edward não queria acreditar que fosse uma pessoa, pelo menos não uma mulher. No entanto as formas eram tão pequenas e frágeis que não havia espaço para dúvidas.
Edward soltou uma lufada de ar.
- Calma... Eu posso explicar! – Alec reconheceu a expressão nada cortês do irmão. – Mas antes, você precisa ajudá-la.
As entranhas de Edward se reviravam em um nó desagradável, no fundo do seu íntimo não teria como negar ajuda ao irmão e nem a essa moça.
- Entre... – Edward disse contrafeito.
Alec a levou imediatamente até a sala, onde havia um sofá de três lugares estrategicamente colocado em frente à lareira. Ele a deitou nesse lugar.
- Por favor... – Alec implorou a figura rígida.
Edward se aproximou o suficiente para perceber que a respiração dela saía dificultosa, pegou a pequena mão dela. Distraindo-se por um segundo com a textura de seda da pele. Os dedos acharam a pulsação existente, porém fraca, as mãos hábeis de Edward constataram ao apalpar a pele macia. Um tremor sacudiu seu pequeno corpo, Edward franziu o cenho.
Ela era dona de uma cabeleira vasta, em meio aos fios chocolates, havia mechas avermelhadas que se mesclavam produzindo um tom único. O longo cabelo encobria suas feições, Edward o afastou com os longos dedos. Novamente sendo preso pela maciez de suas características. Fazia anos que Edward não se demorava analisando a beleza de alguma mulher, porém as feições entalhadas em porcelana dessa mulher puseram Edward à prova.
O rosto tinha o formato de coração, a pele era uniforme e sem nenhuma mancha, o que a fazia não ter mais de vinte cinco anos. Os lábios carnudos e com belas curvas, embora cianóticos.
Com sua mão quente tocou a testa dela.
- Ela está congelando e sua pulsação está fraca. – os olhos clínicos de Edward analisavam o estado da bela jovem. – Deve ter passado no mínimo três horas no frio...
- Mais precisamente na água! – constatou Alec.
Edward ergueu as sobrancelhas em uma curva perfeita. A prioridade era cuidar da jovem, mais tarde ele teria suas explicações.
- Ela está em estado hipotérmico. Pode ter inalado água, no entanto é a baixa temperatura que está dificultando seus pulmões de trabalharem! – Alec ouvia atento a mente brilhante de seu irmão trabalhar.
Em um ato inesperado, Edward rasga o pulôver da jovem revelando uma regata fina que ela usava por baixo. As mãos ágeis dele já tiravam sua regata, o fato não passou despercebido a Alec.
- Nossa! – Alec murmurou diante da visão do belo corpo.
- Alec... Se faça de útil! Não é hora pra isso... Vá esquentar compressas de água quente!
Edward sentiu-se incomodado com os olhares do irmão. Enquanto desabotoava as calças dela, teve que admitir, ela era dona de um corpo de formas exuberantes. Seios pequenos, porém fartos, emoldurados pelo sutiã, uma cinturinha fina como de uma boneca. O quadril largo na medida certa.
Enquanto seus olhares percorriam inevitavelmente o corpo da jovem, sombras arroxeadas chamaram sua atenção na região do pescoço. Suas mãos rodearam o fino pescoço, hematomas roxos exatamente na medida certa de duas mãos. Alguém havia tentado estrangulá-la, Edward se recusava a acreditar que fosse o irmão. Antes que tomasse alguma atitude incoerente e precipitada, Edward foi até seu quarto.
Em uma das gavetas encontrou um hobby azul-escuro e no armário pegou dois cobertores bem grossos. Edward cobriu seu corpo delgado com o hobby e a cercou com os cobertores, Alec já vinha com várias compressas ferventes em uma bandeja. Edward as posicionou nos locais onde o seu corpo necessitava de mais calor, sendo a nuca, nas laterais do corpo e nos pés.
- Alec... Acenda a lareira. Eu vou pegar um soro para aplicar medicação nela e hidratá-la. – Ele já trabalhava em pegar pequenas toras ao lado da lareira.
Alec não poderia estar mais certo em trazer a jovem para cá, em suas lembranças recordava-se do quanto Edward havia crescido na área médica e o seu grande potencial em recuperar até mesmo casos perdidos. Era uma pena que a fatalidade recorrente da morte de Lizzie o tivesse desviado.
Alec reconheceu os passos largos e pesados do irmão. Edward era um homem alto com seus 1.90m. Embora sua idade já beirasse os quarenta, tinha um corpo forte, másculo. Sempre atraiu olhares femininos por seu porte físico e seu belo rosto. Dono de traços fortes, um queixo quadrado pronunciado. Olhos eram de um tom verde-esmeralda herdado de sua mãe, assim como o estranho tom de cabelo acobreado. Embora suas feições tivessem enrijecido com o tempo e sofrimento ainda era um homem atraente.
Com um soro na mão, o jelco3 e as ampolas de medicação em outra, Edward se preparava pra pegar a veia da jovem. Garroteou o braço esquerdo dela, as veias roxas saltaram pela pele fina e delicada. Com uma habilidade nata, Edward introduziu o jelco. O sangue refluiu ao longo do corpo da agulha. Conectou a extensão do microgotas ao soro, para que o soro fisiológico 0,9%4 começasse a gotejar em seu sistema.
Com a seringa já preenchida com medicação, Edward aplicou pela via de medicação existente no soro.
- E agora? – Alec acompanhou o cuidado com a jovem.
- Vamos aguardar isso... Acho que me deve algumas explicações...

A linha usada em emergências que caiam diretamente na Delegacia de Twin Peaks, piscando insistentemente.
“Mais um alcoviteiro!”, pensou Fred, o telefonista da delegacia.
As linhas andavam tumultuadas com a sede de justiça dos cidadãos de Twin Peaks. Qualquer coisa era motivo para acharem que aquele ou outro eram culpados pelas mortes. Fred suspirou e colocou o fone para atender a possível emergência.
- Delegacia Twin Peaks. Qual a sua emergência? – nos últimos dias a apresentação tinha se transformado em um mantra.
- Fred? – a voz grave do outro lado da linha soava muito familiar.
- Hank...? Hoje não é seu dia de folga? – Fred indagou.
Hank era um homem forte, alto com seus 2.00m. Tinha pele num tom bronzeado-avermelhado recorrente da descendência com os Quileuete. Era um ótimo rastreador por isso fazia parte da milícia de Twin Peaks.
- Esse era o plano. Posso falar com Xerife West? – Fred detectou um tom sombrio na colocação de Hank.
Trabalhar como telefonista fez de Fred um ótimo intérprete com ouvidos apurados.
- Claro... – Fred ligou o interfone no gabinete avisando da ligação. – Xerife West?
- Sim, Fred? – a voz magnífica de Rosalie Carmen West, respondeu.
- Ligação do Hank na linha 4.
- Ele não está de folga... – Rosalie fez a observação.
- Parece ser importante, Xerife West! – Fred ousou dizer.
Os lábios vermelhos femininos de Rosalie formaram uma linha rígida.
- Tudo bem...
De pé, junto à enorme poltrona de couro que dominava o seu gabinete na delegacia, Rosalie mantinha o telefone no ouvido. Falando com Hank, um dos seus melhores policiais.
- Hank... – Rosalie reconheceu ruídos, certamente Hank estava ao celular.
- Rose, não te trago boas notícias... – Rosalie e Hank trabalhavam há bastante tempo juntos para que houvesse formalidades.
Não seria boas notícias que fariam Hank ligar para a delegacia em seu dia de folga.
- Não sei por que acreditei que fosse parar? Afinal uma garota não pode sonhar? – o riso mal conseguiu disfarçar o desapontamento.
- Não foi só você que acreditou nessa ilusão.
- Como você foi parar no meio disso? – Hank sabia que se referia à cena do crime.
- Eu e Quil fazíamos uma corrida matinal pelas dependências da aldeia, perto dos velhos trilhos abandonados um cheiro de ferrugem que nada tinha a ver com sucatas nos chamou a atenção.
O silêncio do outro lado da linha era o indicativo para que Hank continuasse.
- Fomos até os vagões do trem, o último tinha o cheiro mais forte... – Hank respirou fundo produzindo um chiado na ligação. – Aquele odor de ferrugem era por causa do sangue espalhado por todo o compartimento...
Rose pintava o cenário que os olhos negros de Hank captaram. Ela tinha consciência que a pergunta vital coçava a ponta de sua língua.
- Foi obra do Sangria? – esse era o nome que a milícia de Twin Peaks usava para se referir ao serial Killer.
Seus crimes seguiam um mesmo padrão. Sendo todos terrivelmente brutais, sem ao menos das à chance a vítima se defender. As cenas eram banhadas com o sangue da vítima. Em algumas situações era quase impossível reconhecer a vítima, pois seu rosto sofria tal retaliação que chegava ao ponto de desfiguramento.
- Sim, o mesmo padrão. Exceto, que dessa vez pude reconhecê-la em meio a todo o sangue.
- Quem? – dessa vez qual seria o rosto de Twin Peaks que se foi? – A jovem Stanley...
O tom enojado de Hank refletia sua raiva e repulsa.
- Certo... Hank certifique-se que só você e Quil saibam e cheguem perto do local, não quero os Quiluete perto disso. Desculpe por isso, mas não quero ter de lidar com mais uma população enfurecida. Já que foram perto de suas terras...
Além de ser sua grande amiga, Rosalie tinha uma inteligência e sabedoria que lhe conferiram rapidamente o cargo de Xerife. No começo, o fato provocou muitos burburinhos entre a população machista da cidade. Principalmente por Rose ser de uma beleza exuberante.
Uma loura platinada ao longo de seus 1.75m de altura. Os treinamentos da academia lhe conferiram formas definidas e ao mesmo tempo sensuais, seus olhos de um azul-piscina indescritível.
- Não tenho o que questionar. Está certa! – Hank seguiria a qualquer ordem de Rose.
- Estarei aí em poucos minutos. Preciso ver com meus próprios olhos essa atrocidade! – em nenhum momento houve temor em sua voz.
Rosalie emanava uma força e segurança inquestionáveis.
- Certo. Estou lhe aguardando!- Hank desligou o telefone.
Encerrada a ligação, Rose passou a se preocupar com todos os problemas que Hank mencionará.

O erro de Alec foi o de não a levar para o hospital. Indo pegar a estrada no instante em que a imagem do irmão lhe surgiu em mente. Porque isso o levou a cometer um erro ainda maior: estava enforcado com que aconteceria aquela jovem.
- Tenho um mau pressentimento quanto ao que acontecer a ela... – desabafou Edward.
Agora os dois irmãos estavam no quarto principal da casa. Edward não queria correr o risco de Alice acordar para se arrumar para escola, e encontrar uma desconhecida com soro intravenoso no sofá da sala.
- Acha que pode ter sido... Sangria? – a idéia só ocorreu agora para Alec.
- Provavelmente...
- Estou completamente e inteiramente fodido!
- Não vamos nos precipitar, assim que ela acordar saberemos, e ela poderá te livrar de qualquer suspeita.
Alec suspirou aliviado.
- Pai... To indo! – Alice gritou com sua voz fininha. Edward e Alec desceram juntos para a sala.
Alice sentava no sofá que a pouco a jovem repousava.
Alec percebeu que sua sobrinha era a cópia da mãe em pessoa, exceto pelos olhos que eram os de Edward. Alice era minúscula, não passava de seu peito. O rosto era oval parecido com as das belas princesas, a pele clarinha e luminosa. Os cabelos eram negros até a cintura. Seu corpo se desenvolveu da infância para lindas curvas da adolescência.
Como seria para Edward olhar a filha e vir refletida sua falecida esposa?
_Você não vai sozinha. – a voz de Edward era calma, porém havia uma autoridade opressora. – Seu tio vai te levar... E se bater o pé! Não vai à casa da Jessica!
Mesmo assim Alice bufou uma lamúria.
- Eu cuido dela... – Edward sussurrou para Alec se referindo a jovem adormecida do andar acima.
Os dois saíram para o gelo da manhã. Edward refletia se tinha sido duro com a filha, mas não suportava a idéia de sua filha desprotegida com um lunático a solta.
O que fez lembrar-se da jovem repousando em sua cama. Ao chegar ao quarto Edward se prendeu com a visão dos cabelos suntuosos dela espalhados pelo travesseiro. As maças do rosto ganhavam um ar encantador com o rosa nas bochechas.
O silêncio no quarto se quebrou quando a jovem se agitou na cama. Edward se sobressaltou parecia que ela sofria uma convulsão. Não conseguindo se afastar, os braços fortes e seguros dele rodearam o pequeno corpo da jovem. Com seu toque ela se acalmou.
Ele acariciou seu rosto, lentamente as pálpebras em um tom lilás foram se erguendo. Mais uma vez, Edward se viu preso nos hipnóticos olhos chocolates.
Ela disse: - “O fogo caminha comigo”...
Em seguida caindo em completa inconsciência.

Rosalie se concentrava tanto em descobrir quais eram os padrões doentios de Sangria, o painel poderia se abrir devido à raiva que emanava dos olhos flamejantes dela. Sem ao menos olhar Rosalie estacionou a picape preta, definitivamente precisava de uma limpeza. As palavras que indicavam Polícia Twin Peaks sujas pela terra do trajeto da floresta Negra.
Desde pequena a floresta Negra que em boa parte pertencia à tribo Quiluete, povoava seus sonhos infantis. Em grande parte graças às lendas, passadas de boca em boca.
O peso do coturno de Rosalie fez a neve esfolar sob seus pés. Havia a entrada natural que se abria do lado norte da floresta, os pinheiros enormes com metros de altura se estendiam para a trilha. Ela não precisava seguir a trilha, a essa altura encoberta pela neve.
Ela subiu na direção que a levava para os trilhos. Depois foi pela área mais fácil, as botas afundaram ainda mais na neve. No entanto eram as botas certas, e ainda por cima, calculava que não podia estar longe. Ao alcançar a crista de uma pequena elevação. Rosalie avistou um bosque de bordos, desfolhados, com neve nos galhos, pranteados em intervalos regulares. Teve de virar a direita e subir outra elevação antes de finalmente avistar Hank, à distância.
- Rose... Pensei ter ouvido que em minutos chegaria, não segundos. – Hank sempre com um sorriso camarada no rosto.
- Cadê o Quil? – pelo tom sério, Hank percebeu que a Xerife West já entrará em ação.
- Ele cercou a área, e ficou para se certificar que ninguém chegasse perto.
Em poucos minutos, Hank e Rosalie já estavam em frente ao vagão, o vento nessa área era mais pronunciado pela falta de pinheiros e abetos cortados muitos anos atrás, enquanto o trilho funcionava.
Hank não exagerou, o cheiro era evidente ainda mais quando se sabia o que esperar.
Lado a lado não havia como negar que Hank e Quil eram mais que descendentes dos Quiluete, ambos dividiam os genes. Quil embora ligeiramente mais baixo que o irmão mais velho, era tão ameaçador quanto. Quil mantinha uma carranca fechada, ele era muito mais contido que o irmão embora houvesse muito discernimento em suas palavras. Os dois juntos eram um grande acréscimo a milícia.
O perímetro estava todo cercado pela faixa “Não Ultrapasse” feita em amarelo florescente, Rosalie revirou os olhos. Suas ordens eram não chamar a atenção.
Ela olhou para frente, forçando os olhos a se adaptarem com a recorrente falta de luz. Graças a uma pequena fresta que iluminava o vagão, Rosálie pode concluir que Hank atenuou a atrocidade desse assassinato.
Não havia um único lugar que não estava encoberto por sangue, o frio colaborará para que o mau-cheiro não atingisse altas proporções. A menos de um metro o corpo estirado no chão. Os braços e pernas em ângulos perturbadores, humanamente impossíveis.
Hank estava certo, dessa vez era possível identificar o rosto. O que não tornava melhor de se ver, sendo que o assassino se dedicou a tornar quase insuportável de fitar o corpo da moça. Os olhos treinados de Rosalie chegaram a conclusão que os membros superiores e inferiores foram presos por pregos. A mutilação em seu peito e tronco visível, pois a jovem estava nua. Longos cortes cobriam seu peito feito por um único golpe, nacos de seu abdômen jaziam ao lado. Seu intestino delgado caindo de forma grotesca e anormal de seu corpo.
Como sempre ele sabia em que pontos atingi-la e torturá-la, ao mesmo tempo a deixando viva para assistir seu trabalho. Era óbvio que Jéssica ainda vivia quando sofreu o ataque, seu antes belo rosto pendia em uma máscara de horror.
Talvez fosse mais perturbador fitar seu rosto que os restos que sobraram de sua silhueta.
Com passos seguros e decididos, Rose calçou as luvas estéreis e foi se ajoelhar perto do rosto dela, tomando o devido cuidado de não pisar em nenhuma parte dela.
Os olhos desfocados e as pálpebras sem viço foram os piores de fitar, emoldurados por uma expressão torturada, o maxilar contraído indicava que ela sabia que gritar não o faria parar.
Rosalie moveu a mandíbula de Jessica, pela flexibilidade o corpo não entrará no estado Rigor mortis5.
- Aconteceu a menos de três horas no mínimo... – Hank indagava se rose ainda se lembrava de sua presença.
- O que pretende fazer? – perguntou Hank.
- Não tomaremos mais decisões sozinhos... – Rosalie odiava pensar em ceder sua autoridade, mas a situação fugia de suas mãos. – Liguei para o FBI, mandaram um agente... portanto a jurisdição é dele.
Hank conhecia Rose o suficiente para saber o quanto de seu orgulho foi ferido. Ao contrário de outras mulheres, Rosalie repudiava palavras de consolo e expressar suas fraquezas.
- Quem é o agente?
- Emmett McCarthy... o que dizem, é uma lenda. – Rose dizia mecanicamente, sua atenção focada no papel ensangüentado nos meios dos dedos da jovem.
O papel dizia “O fogo caminha comigo”.

Glossário

Cefalopodálico1 quer dizer, que vai no sentido da cabeça aos pés.
Cianótico2 - Coloração azul ou azulada da pele, produzida por uma oxigenação insuficiente do sangue; anoxemia; doença azul.
Jelco3 cateter intravenoso periférico; utilizado para administrar medicação na veia.
Soro fisiológico0,9%4 - é uma solução isotônica em relação aos líquidos corporais que contem 0,9%, em massa, de NaCl em água destilada, ou seja, cada 100mL da solução aquosa contém 0,9 gramas do sal.
Rigor Mortis5 - é um sinal reconhecível de morte que é causado por uma mudança química nos músculos, causando aos membros do cadáver um endurecimento ("rigor") e impossibilidade de mexê-los ou manipulá-los

--x--

N/A:

Mais um capítulo inédito!
Esse capítulo é a guinada incial de todo o mistério que envolve TW(Twin Peaks), portanto fiquem atentos a todas as pistas que estou jogando...
Notaram que Bella está dando indícios de uma conexão? Mesmo que insconsciente?
Prestem atenção, e vão marcando no caderninho. PP incialmente seria uma short-fic com o intuito de desvendar a onda de assassinatos, mas será uma long-fic ENORME! Se preparem, tem até Segunda Temporada.
Irei abordar todos os cidadãos! Todos em TW tem seus segredos obscuros...
Uma personagem que me orgulha, é a Rose. Ela será muito diferente do que estão habituados. Aguardem, Agente Mccarthy, ele vai impressionar.
HAHAHAHA*
Espero que tenham preparado o estômago, logo teremos cenas chocantes...
Dedicatória - Momento falo demais mesmo!
Gih - Beta Master Super Perfeita!!! Além de ser uma beta perfa, uma amiga instimável, meu diário!
N - Bem Vinda a PP! Assombre muito! Coitado do Alec vai ser assediado por uma ghost taradinha * aí, ela me deu um tapa*
KK - Liindaaaaa! Perfeitaaaa! Divaaaa! Te Amo demais, cadê tu para me ajudar com a mutilação?
Dinda - Minha luz particular... Brilhem os holofotes!
Bia - Minha Team PP!
Nathy(Fadinha) - Obrigada por me apoiar sempre!
Miks - Minha estonteante Pervaa!
Juuh - Bem vinda a Famíliiaaa! Te Amoo! Postei rápido viu?
Amante delícia - Adoroo seus reviews enormes! Mereço Anaconda?
Cherry Bomb - Leitora Novaaa! Adoroooooo
E é claro para minhas iniciantes, as briguentas Luna e Leila...
Amo todas vocês!















Gica´s POV
 
 
Oi, corujinhas e Ninas!!


E então, o que  acharam do capitulo? Eu ameiiiii!! A entrada sinistra da Bella foi impactante!! E o Alec? Fala sério, adoro este tipo "to nem ai vão se ferrar" em FIC. Fiquei surpresa pelo fato de Ed não ser o famoso Dr. Cullen, que já vimos em tantas fics,e mais ainda, por saber que agora a ALICE é sua filha e não a costumeira irmã caçula onde sempre o ponto forte é moda e estilo!! E isso é o que difere a autora de tantas outras que conheço e aprecio. Ela nos encanta com suas diferenças, mas da um jeitinho de deixar tudo em ordem.

Este capitulo nos deixou com vontade de quero mais, e apesar de conhecer um pouco sobre TWIN PEAKS não sabemos quem mais entrará para esta trama investigativa e cheia de mistérios!! Quem fez isso com a pobre Isabella? E Alice o que sera que ela dirá quando souber que tem uma mulher em sua casa? E Edward será que continuara com a mesma visão de viúvo carente e durão?
 

Alec qual o mistério que o envolve? Muitas perguntas não é mesmo? eu confesso que já li o cap 2, mas se querem um pouquinho mais de PP terão que ficar atentos, pois em breve a nossa autora nos prestigiará com mais um cap super ultra mega master envolvente!
 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário