sexta-feira, 16 de março de 2012

O Pacto — Capítulo 4


Capítulo 4 — The Killer

A vingança pela mão de um homem é a vingança aos olhos da sociedade
Anteriormente ...

— Jasper. — aquela voz era familiar. A mesma que clamava seu nome em seus sonhos mais inquietantes. Ele forçou as pálpebras, era uma alucinação. Estava alcoolizado, afinal. — Olhe para mim, você está bem?
O choque perpassou seu corpo ao erguer o rosto. Julia postada a sua frente, aqueles olhos, cinzas, pareciam túneis escuros; vazios e infinitos. Sua beleza era assustadora, os cabelos ruivos rebeldes movimentando-se de forma sobre natural, como se uma corrente inexistente estivesse na sala.
— Julia.
Ela deu um sorriso em resposta, de repente Jasper mergulhou na escuridão. A água fria abraçando seu corpo, congelando suas entranhas e o impossibilitando de respirar.
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Jasper abriu os olhos para a luz pálida que batia pelas réstias da cortina. No mesmo instante, sua cabeça começou a repassar as imagens do dia: o rosto raivoso de Alice, o milagre do contato de sua pele contra a dela, o fracasso do seminário, e por fim, o rosto de Julia.
O Coração de Jasper bateu forte. O rosto e a cabeça pareciam desajeitados quando tentou movimentá-los. Ele pensou em Julia, parecia um sonho, e ao mesmo tempo, sua presença nunca fora tão sólida.
Ele tentou abrir os olhos, mas as pálpebras resistiram aos seus esforços. Lentamente as luzes foram intensificando, deslizando por ele, pelo metal e pelas cortinas, um leito na enfermaria da faculdade.
E então ela estava sentada na cadeira ao lado dele, segurando sua mão. Era impossível dizer quanto tempo se passou. Os olhos cinza dela eram fundos, embotados, pareciam observar o vazio à meia distância. Lágrimas começaram a escorrer pelas faces de Jasper. Ele fechou os olhos, os lábios bem apertados. Engoliu em seco e encontrou o olhar dela. De alguma forma torpe, os olhos não eram mais os mesmos, agora negros e cintilantes.
Os cabelos ruivos e grossos, presos em um rabo de cavalo alto, e quando ela sorriu para ele, covinhas fundas, surgiram nas bochechas. Parecia feliz e cheirava a Aromatics Elixir, o perfume de Alice — o favorito de Jasper.
Ele afastou sua mão da garota/aparição — seja lá o que fosse. O cérebro estava se esforçando para entender o que estava acontecendo. Ele podia ouvir dentro de si o refrão constante:
Você está igual a ele. Igualzinho...
Quando começou a se sentir mais firme, ele se levantou do colchão impermeável da maca.
— Quem é você?
Ela levou as mãos ao colo, deu um sorriso tímido. Suas bochechas ficaram ruborizadas.
— Pietra Françoise — ela se apresentou, estendendo a mão. — Vim transferida da França. Sou uma das suas maiores admiradoras.
— Admiradora?
Ela inclinou a cabeça concordando, e corou novamente.
— Fico honrado. — os dele estavam fundos e exaustos.
— Você está bem, professor?
— O que aconteceu? — ele massageou as têmporas com os polegares, seu crânio parecia pesar toneladas.
— Fui cumprimentá-lo pelo seminário, por isso esperei que todos saíssem. Quando me aproximei do senhor parecia confuso, o rosto pálido e desmaiou.
Jasper passou a mão sobre a boca, falando por entre os dedos.
— Eu não havia comido nada. — ele se ressentiu pela impressão que causara a aluna. Tão patético por embriagar-se na sala de aula.
O álcool era o único capaz de anular a tensão de seu corpo, envolvendo sua consciência como uma nuvem de pó.
— Você me confundiu com uma Julia. É sua esposa?
De repente ele se levantou com um salto.
— Me perdoe, é que você lembra muito alguém...
— Espero que essa pessoa tenha sido muito importante.
Ela colocou a mão gentilmente em seu braço e deu um sorriso de desculpas. Suas bochechas tão vermelhas que pareciam ferver.
Jasper começou a pensar se ela estaria flertando com ele. Havia algo em sua obsequiosidade, naquela voz macia, rouca.
— Ela foi muito importante, até eu encontrar minha esposa — instintivamente ele girou a aliança, torcendo-a, apertando-a contra o nó do dedo. Jasper passou a mão no rosto e sentiu a barba por fazer.
— Sei que estou sendo intrometida, mas está tudo bem?
— Sim — Jaspe respondeu mecanicamente ao se deparar com quatro chamadas perdidas de Alice. — Estou ótimo, obrigado pela preocupação.
— Adoraria ter a oportunidade de fazer estágio com você.
— Discutiremos isso em outro momento. — falou, enquanto abria a porta da enfermaria.
Uma senhora por volta dos cinqüenta anos com um pulôver branco o olhou feio. Era a enfermeira da faculdade.
— Não sou facilmente afastada, sabe — disse brincalhona. — Jasper August Hale.
Pietra sorriu, revelando suas covinhas. Por um momento fugaz ele fitava novamente os olhos de chuva de Julia, e no segundo seguinte eram negros como a meia noite. A semelhança era incrível.


—x—
Eram apenas sete horas da noite, mas já estava escuro. O dia era como noite nessa época do ano, uma noite imensa que escondia o alvorecer de dezembro a janeiro, que se recusava a se abrir e deixar a luz entrar. O ar estava gelado, totalmente parado e frágil. Fazia muito tempo desde que Royce experimentou no nariz a sensação seca do frio severo. Aqueles eram os verdadeiros Dias de Inverno na Irlanda.
Três grandes construções de alvenaria, uma diante da outra, ficavam dispostas como a letra U, formando o Departamento de Medicina Legal. A neve acumulava-se entre os troncos e galhos carregados que adornavam o complexo.
O detetive Royce King, encarregado do caso do assassinato do empresário Daniel Griffiths ergueu as abas do casaco cobrindo as orelhas.
Do lado de dentro, a área de espera era surpreendentemente quente e aconchegante. As luzes fluorescentes de emergência foram acionadas pelos geradores, as demais lâmpadas estavam apagadas.
Após dizer seu nome a uma garota na recepção, Royce foi autorizado a entrar. Ao virar no primeiro corredor, encontrou o Eleazar Denali, médico-chefe, também conhecido como “Espanhol”. Ele tinha pele azeitonada, o rosto fino e o nariz comprido, a barba mal feita e crescida no queixo e têmporas. Usava óculos, aviador, de armação preta, e diversas pulseiras de metal, um brinco de argola em uma das orelhas.
— Ainda dizem que a Irlanda é um país auto-suficiente — disse ele bufando, ao apertar a mão de Royce. — Terminei a autópsia do magnata, iria te ligar, mas fui resolver esse pequeno imprevisto. Se aquele gerador sobrecarregar, isso aqui se tornará um açougue.
— Preciso da hora da morte.
— Ainda é uma avaliação preliminar, me baseei exclusivamente na temperatura do corpo, então, meu cálculo foi de que o homem morreu pouco mais das dez horas da noite.
Royce o seguiu enquanto andava até a unidade de necropsia. Passaram por uma sala com uma mesa de dissecção, feita de aço inoxidável, que parecia um escorregador, mas com formato retangular e uma borda elevada ao redor. Entraram em uma sala refrigerada onde os corpos examinados pelos legistas eram mantidos em gavetas à temperatura de 4ºC.
Enquanto caminhavam, Royce notou que o piso era marcado por milhares de arranhões, feitos pelas rodas das macas. Chegaram a outra sala, o Espanhol segurou a porta para Royce.
Estavam em uma sala bem iluminada, toda de azulejos brancos e com uma grande pia na parede. Água escorria lentamente de uma torneira. Na comprida mesa de autópsia, coberto de plástico, havia um corpo nu e sem cor, marcado por incisões no tórax.
— Daniel Griffiths.
Royce permitiu que seus olhos passeiem pelo corpo de Daniel, no qual uma trama de veias já começava a aparecer ao redor do pescoço.
— A causa da morte foi um choque anafilático severo, falando para leigos “reação alérgica a uma determinada substância” — Royce alteou as sobrancelhas, Espanhol deu um sorriso mínimo como se desculpasse.
— Substância?
— Sendo mais específico... Essa substância foi descoberta em 1450, seu nome significa “inimigo da solidão”, pois sempre se encontra combinada com outros elementos. É um derivado do arsênio... — Espanhol esperou algum sinal de reconhecimento de Royce.
— Eu não cursei cinco anos de medicina, a única coisa que me vem em mente é um pesticida que minha mãe usava que continha antimônio.
— B.I.N.G.O — Espanhol falou as sílabas pausadamente, como se dessa maneira conferisse um novo significado. — Elementar, meu caro Watson. Foi exatamente o antimônio.
— Não fazia idéia que o antimônio era letal.
— A toxidade depende do estado físico e químico, ele em metal e estado sólido não é prejudicial. Mas, Daniel foi exposto ao um composto líquido, o mesmo utilizado para exterminar pragas no jardim. No corpo há alguns sinais claros do antimônio no metabolismo dele... — Espanhol apontou para o rosto da vítima; rachaduras nos cantos dos lábios. Em seguida, ergueu o plástico dos pés, onde havia a formação de calosidades. — A exposição foi tão forte, que no período de quinze a vinte minutos, as vias áreas sofreram uma rápida constrição, ele sufocou, agonizando até a morte.
— Tem alguma idéia de forma o antimônio foi empregado nesse caso?
Ele se afastou, e abriu o computador na mesa, junto à porta, observou as imagens tridimensionais, parou, avançou e mudou o ângulo.
— De acordo com a endoscopia, o líquido estomacal vazou para todo o corpo por conta de úlceras provocadas pelo antimônio. As paredes estomacais totalmente devastadas... Por isso, acho que foi empregado em alguma bebida que a vítima ingeriu, e com isso foi impossível identificar Daniel reconhecer o sabor do antimônio.
— Condiz muito com a cena do crime, o bar estava remexido. Ela serviu uma bebida ao marido. Você foi formidável.
Espanhol ergueu os punhos em um cumprimento roqueiro, os dedos mínimos e indicadores apontados para o alto como os chifres do diabo.
Royce estava sorrindo quando saiu da sala.


–-x—
O interrogatório com Isabella Swan Griffiths foi conduzido em um dos escritórios da ala de custódia. Aquela sala trazia um ar deprimente, as paredes cruas não remetiam boas lembranças, e tão pouco, eram convidativas a tais manifestações.
— Senhora Griffiths. De acordo com o Estado, você tem o direito a uma defesa. É recomendável que um advogado esteja presente.
O detetive que executou sua prisão se chamava Royce King. Um homem por volta dos trinta anos, com vestígios de barba no rosto, os olhos azuis impassíveis fitando Bella.
Os colegas do Departamento Criminal diriam que o admiravam, e de fato admiravam, mas também o invejavam.
Como investigador de homicídios, tinha uma reputação sem igual na Irlanda. Seu sucesso se devia, em parte, ao fato dele desconhecer o verbo desistir. Não conseguia se render. E essa era a principal razão da inveja de seus colegas. Mas o que a maioria não sabia, era que essa teimosia única era fruto de um insuportável sentimento de culpa. A culpa o movia e o tornava incapaz de deixar um caso sem solução.
Ele nunca falava sobre o que aconteceu. E jamais se esquecia do que se passou.
Bella balançou a cabeça. Royce esperou. Depois de algum tempo, ela levantou o queixo e o encarou.
— Não preciso de um advogado — ela manteve o olhar fixo no detetive. Os dois estavam em uma sala bem iluminada, toda pintada de branco. Com uma mesa de inox, e duas cadeiras de metais.
O detetive a observou com atenção. O rosto da acusada era surpreendentemente belo; o queixo fino conferindo ao rosto a proporção de um coração, os lábios rubros, os olhos exibiam um tom de chocolate tão profundo que de alguma forma isso o aqueceu naquele dia frio. O tipo de mulher que se procurava aninhar no colo, e proteger de todo e qualquer mal.
Royce ergueu a mão até os bastos cabelos negros, um gesto que significava muito mais do que podia transparecer: uma tarefa árdua.
Isabella Griffiths tinha a vida que muitas mulheres buscavam como sucesso. Bela, rica e realizada profissionalmente; uma aclamada artista. Sua galeria — situada na área nobre de Dublin — regularmente era elogiada por críticos, assim como seus trabalhos. A família exalava poder; seu padrasto era nada menos que o ilustre empresário Malcoom Griffiths. O irmão mais velho, Emmett Swan Griffiths, um famoso ex-hipnotista e médico. E para selar o círculo de poder, seu marido era Daniel Griffiths — o sobrinho e braço direito do empresário irlandês.
Contudo existiam máculas em seu conto de fadas, e elas pareciam impressas em seu corpo, permanentemente marcadas em sua psique. O príncipe a agredia, depois de um exame feito na acusada. A polícia constatou que Daniel a surrava.
Até que a dedicada esposa tomou providências.
Por um momento fugaz Royce admirou a força de Bella, porém a justiça nas mãos de um homem era a vingança aos olhos da sociedade.
— Pronta para começar, Sra. Griffiths?
— Sim — ela sussurrou.
— Seu marido a agredia?
Bella se empertigou na cadeira e contraiu os lábios.
— Sim.
— Física ou verbalmente?
— Das duas maneiras.
Ela se levantou, foi até a janela e, concentrada caminhou de volta a sua cadeira, e sentou-se com os braços dobrados sobre a mesa.
— Você não pode me deixar em paz?
— É o que realmente quer?
Ela não respondeu.
— Acho que não é de seu interesse permanecer calada. É principal suspeita do assassinato de Daniel.
— Meu amado marido, aquele que jurou me amar acima de todas as outras coisas e me respeitar...
A voz de Bella então morreu. Ela virou o rosto para a parede e Royce olhou para os ombros curvados e tensos sem ousar tocá-la.
— Você o matou?
Ela se levantou com um pulo, e novamente foi até a janela.
— A primeira vez que ele me bateu foi no nosso primeiro ano de casados. Ele queria que eu o agradasse, por isso me esforcei para ser uma boa esposa. Eu nunca havia cozinhado. Na minha casa havia pessoas que sempre fizeram isso por mim. O jantar saiu todo errado — a boca dela tremeu. — Foi quando percebi que havia alguma coisa errada na cabeça dele. Quando ele se irritava, batia com muita força em qualquer coisa que estivesse ao seu alcance. Dessa vez, eu estava por perto...
Ela enxugou as lágrimas que escorriam pelo roso e continuou.
— E depois?
— Ele não parou, detetive.
— E decidiu por fim a brutalidade de seu marido.
Royce permitiu que meio minuto se passasse, tamborilando no braço da cadeira, depois se levantou e continuou.
— De acordo com os vizinhos, vocês tiveram uma discussão, e novamente Daniel lhe deu uma bela surra — ela não estava usando maquiagem e seus olhos pareciam vulneráveis e desprotegidos enquanto ela o observava. Royce não pestanejou, precisava chegar ao fundo. — Só que desta vez estava preparada. Como uma boa esposa submissa se recompôs, indo preparar um drinque. Qual era o favorito de Daniel? Mártini? Claro, bem aristocrático. Só que ele não sabia que na bebida havia uma dose letal de antimônio. Sabe o que é essa substância, Bella?
— É um veneno, como arsênico.
— Por que haveria antimônio no seu apartamento?
— Eu tenho uma pequena estufa.
— Então comprou antimônio para um problema de manifestação de insetos em suas plantas?
Ela permaneceu calada. Royce entregou um livro de registros a Bella.
— O dono da floricultura é obrigado por lei a manter registros sobre a venda de pesticidas — ele apontou a uma linha específica. — Não é sua assinatura?
— Sim, eu comprei o antimônio.
— Absolutamente. Sendo assim, Daniel após vinte minutos de ter ingerido essa substância, teve um acesso de tosse, seguido de um fortíssimo choque anafilático. E posteriormente sufocou, e você observou enquanto ele agonizava até a morte. E foi esperta o suficiente em apagar as digitais, não foi isso, Bella?
Uma lágrima percorreu o contorno do nariz dela.
— Bella, não responda a isso. — o coração dela sofreu um solavanco brusco.
Uma expressão composta em partes iguais de ansiedade e prazer percorreu seu rosto quando Edward entrou.
Sem ser convidado ele se sentou bem em frente à Bella. Uma expressão perturbada tomou conta do rosto atraente do detetive Royce por um momento. Ele passou a mão pelos cabelos.
— Gostaria de ter uma conversa particular com a minha cliente. Depois prosseguiremos com o interrogatório, e é claro que tudo que ela disse não pode ser levado em consideração.
— Sua cliente abdicou desse direito.
Edward de repente se ergueu sério.
— Pois então me mostre o documento. Ou posso entrar em contato com a corregedoria... Eles adorariam saber que o senhor interrogou sem um advogado presente.
O rosto de Royce ficou vermelho, ele deu as costas a Edward.
Edward escondeu um sorriso com a mão quando se sentou novamente.
— Não fui bastante clara sobre sua presença? — Bella levantou abruptamente da cadeira, estabelecendo uma distância segura de Edward. Estava sem a gravata, e alguns botões da camisa abertos, os olhos dela vagaram pela linha de músculos.
— Nesse aspecto foi você inteiramente sincera. Mas e quanto aos outros, Bella? — para isso ela não tinha uma resposta, ela mentiu e omitiu tantas coisas, era um círculo vicioso.
— Não sei sobre o que está falando...
— Anthony é meu filho — seu tom revelava muito mais do que raiva, atrás de toda hostilidade havia mágoa — o amor ferido.
— Alice — ela disse o nome da amiga como se fosse à resposta da equação.
— Não negue, ele tem meus olhos.



Bella se aproximou de Edward, suas mãos deslizaram pelo rosto dele. Os pequenos sinais, ao redor dos olhos verdes, intensos, apenas o tornaram o tipo de homem que ela queria ter ao seu lado.
— Anthony tem muito mais que apenas seus olhos e sua fisionomia. Ele tem um coração nobre e muito generoso, é muito inteligente e maduro para idade. Assim como você era... — os olhos de Bella umedeceram. Instintivamente, Edward enxugou essas lágrimas.
— Vou te tirar daqui, pois eu sei que você não o matou. E principalmente, porque meu filho não merece viver com a mãe presa — ele afastou as mãos de Bella de seu rosto. — Só quero que saiba que farei isso em nome de Anthony, e também pelo grande amor que sentia por você. Mas... Eu não te perdoarei. Entrei com uma ação na justiça para reconhecimento da paternidade de Anthony, e pela guarda dele. Eu o quero perto de mim, e o mais longe possível da sua família.
— Não pode tirar meu filho de mim! Ele é única coisa que fiz certo na minha vida!
— Não pode me pedir isso — Edward apertou a ponte do nariz buscando algum controle. — Você não se importou de mentir esses anos todos, e me privar dele! Dê-me um motivo para não fazer isso...
— Meus motivos foram fortes!
— Não é o suficiente... — Ele se levantou indo em direção a porta, e foi surpreendido quando Bella enlaçou sua cintura. O perfume dela o paralisou por um momento.
— Eu não quis te machucar. Eu nunca deixei de te amar... — ele se virou, fitando aqueles olhos castanhos que tinham o poder de varrer sua sanidade.
— Esperei muito tempo escutar isso, eu lutaria para ficar com você de novo. Mas, agora não importa mais... Você foi cruel e mesquinha. Todos esses anos eu vivi acreditando não ter sido bom o suficiente, quando na verdade, era você que nunca seria o suficiente para mim...
Edward mentia descaradamente, era sua vingança contra Bella. No entanto, era como jogar vinagre em suas feridas abertas, não lhe trouxe paz e muito menos satisfação. Ele a amava, com cada merda de célula do seu corpo.
Antes de sair da sala, ele disse:
— Você vai ser solta, Alice tem o vídeo de segurança da galeria. No qual aparece você dormindo no seu escritório exatamente no mesmo horário em que seu marido foi assassinado. Só não entendo, porque não disse nada sobre as câmeras de segurança. Mas isso não importa, não é Bella? A verdade nunca teve significado na sua vida...
Bella deixou o corpo cair sobre o chão gelado, e naquele momento sua liberdade não tinha valor. Ela havia perdido tudo.


–-x—
Royce deixou a sala de custódia, sentindo o efeito da noite insone.
Ele foi até o banheiro, trancou a porta, lavou e enxugou o rosto. Pegou o telefone e ligou para Rosalie, mas ninguém atendeu. Tentou o número de casa e ouviu o telefone tocar, mas quando a secretária atendeu, já não sabia o que dizer.
— Rose, eu... Você precisa me escutar. Não sei o que está pensando, mas não aconteceu nada, talvez você não se importe, mas prometo que vou descobrir um modo de provar a você que eu...
Royce parou de falar. Qual era o sentido disso? Ele sabia que suas garantias já não tinham significado. Ele mentiu para ela há três anos, após a perda do filho, não conseguira provar seu amor, não o suficiente, não o bastante para que ela começasse a confia outra vez. Ele encerrou a ligação, saiu do banheiro e amassou com raiva os papéis do divórcio enviados pelo advogado de Rosalie, jogando com fúria na lixeira.
Pegou um objeto em sua mesa. Era uma fotografia. Mostrava o batizado de Matthew. No retrato, Royce e Rose aninhavam uma criança de quatro anos, com cabelos dourados — idênticos aos da mãe — que caíam pelo rosto corado e rechonchudo. Os olhos azuis inteligentes e algo no nariz pertenciam a Royce. Ele era uma criança iluminada, que tinha o dom de trazer felicidade na vida de todos.
Ele sentou em sua cadeira, analisando demoradamente a aliança em seu dedo.
Eu destruí tudo. Como posso culpá-la por querer partir?
Royce foi interrompido pela entrada de um dos policiais uniformizados, Tanya Denali.
— Detetive, um certo Emmett Swan Griffiths — a jovem olhou o papel novamente. — Parece ser irmão de Isabella Griffiths disse que tem uma acusação a fazer...
O detetive recostou as costas na cadeira.
— Mande-o entrar — ajeitou o retrato da vida ideal que um dia teve.
Um homem de compleições maciças entrou. Seu porte tinha um ar aristocrático — algo cadenciado, porém, os olhos azuis eram insondáveis. Antes que o convidasse a se sentar, Emmett disse:
— Sei quem matou Daniel Griffiths.
Royce cruzou os braços no peito.
— Estou ansioso para ouvir isso.
— Deveria, detetive — o sorriso de Emmett inquietou Royce. — Fui eu quem o matou, e não me arrependo. Faria de novo com um prazer imensurável.


–-x—


Rosalie estava sentada na beira de sua cama com os olhos fechados, escutando rádio ao empacotar suas coisas. O celular vibrou no bolso traseiro de seu jeans, ela identificou o número de Royce, por fim, decidiu ignorar. No momento seguinte, o telefone de casa tocou freneticamente. Bufou, e aumentou o volume do som.
Ela tentava imaginar uma vida de solteira. Não seria muito diferente do que tinha agora, pensou, com ironia. Poderia ir a concertos, a galerias de arte e ao teatro, como todas as mulheres soltarias faziam.
Ela achou uma garrafa de scotch puro, malte, no armário da cozinha e se serviu de uma pequena quantidade; um líquido amarelo-claro em um copo com o fundo pesado. As notas quentes de um concerto de violoncelo enchiam toda a casa. Era uma melodia suave, triste. Ela recordou de uma vez em que Royce a observava na passagem da cozinha. O rosto cinza de exaustão, mas mesmo assim fizeram amor ardentemente. Gemendo baixo e dando gargalhadas com receio de despertar o pequeno Matthew.
Ela pensou que adoraria ir para a cama com o marido naquele instante, sem qualquer complicação.
Ela inclinou a cabeça e pensou sobre como todas as emoções estavam interligadas, como nenhuma relação era autônoma e separada, como tudo era afetado por todo o restante.
Tudo aconteceu com a perda prematura e brutal de Matthew.
Meu bebê, balbuciou Rose apertando o ventre.
Nunca conseguiu se recuperar, essa era a verdade. Porém, a vida seguia, insensível as perdas. Eles juraram serem fortes um pelo outro, sem acusações, apenas a verdade. Pelo menos, ela jurou...
Há momentos em que você sabe com todas as fibras do seu ser que há algo errado.
Rosalie estava casada com Royce havia sete anos, quando viu um envelope pardo endereçado ao marido. No verso, no lugar do remetente, estava escrito apenas Barbara. Com dedos trêmulos abriu o envelope. Dez fotografias coloridas caíram na mesa da cozinha. Não tinham sido tiradas por um fotógrafo profissional. Closes fora de foco: um seio de uma mulher, uma boca e um pescoço nu, lingerie rendada. Royce estava em uma das fotos, o abdômen definido à mostra, seus braços ao redor de uma silhueta esguia.
Barbara era uma mulher muito bonita, com sobrancelhas escuras e pronunciadas e lábios volumoso que transmitiam seriedade.
Ele parecia tão feliz como nunca mais o vira desde a perda do filho.
Era difícil lembrar com precisão da sensação de ser enganada. Por muito tempo, tudo não passava de uma sensação de tristeza, um estranho anseio de vazio no estômago, um desejo de evitar pensamentos dolorosos. E ainda assim se lembrava de que a primeira coisa que sentiu foi surpresa, uma imensa e estúpida surpresa por ter sido enganada por alguém em que confiava totalmente.
Lembrou-se do modo como Royce olhou em seus olhos e jurou não ter tido um caso. Ela perguntou mais três vezes, e em todas, ele jurou. Então ela pegou as fotos e as jogou sobre ele, uma a uma.
E por mais inconcebível que fosse, ela o perdoou. Em sua mente consternada, o que aconteceu fora o efeito de uma culpa esmagadora que Royce carregava. Porém, a confiança foi irremediavelmente abalada. Novamente há duas semanas as comportas reabriram.
Os dois foram despertados no meio da madrugada pelo telefone. A voz que ela ouviu do outro lado da linha soará simpática, quase carinhosa. Após algum tempo, Royce se esgueirou de volta para o quarto e ela perguntou quem ligou.
— Problemas na delegacia — disse, e explicou que precisava ir até lá.
Ela olhou para o despertador e fechou os olhos.
Sua camisola estava toda enrolada pelo corpo. Ele a ajeitou e a puxou para o lado, acariciando o corpo da mulher. Em seguida,deixou o quarto.
Rosalie ficou deitada por meia hora, e então, incapaz de resistir às suspeitas, acendeu a luminária, pegou o telefone e ligou de volta para a última chamada. Tocou três vezes, houve um clique e ela ouviu uma mulher rindo próximo ao telefone.
— Pare com isso, Royce — disse a mulher alegremente, e depois com a voz mais próxima: — Tanya Denali. Alô?
Rosalie ficou sentada ali, o telefone na mão. Tentou entender por que Royce disse que eram problemas... Queria encontrar uma explicação razoável, mas não conseguia impedir que seus pensamentos retornassem ao momento, três anos antes, em que ela descobriu que o marido a estava enganando.
Novamente repassou a voz da mulher “Pare com isso, Royce”, parar com o quê?
De enfiar a mão por sua saia? De beijar seus seios? Ou sugar seus mamilos?
Ela observava estendido na cama, seu jaleco branco intocado e o crachá individual, Rosalie King, Psiquiatra. Riu com o pensamento que precisaria de um novo crachá, Rosalie West não parecia tão ruim, soava familiar.
Ela discou o número do ex-marido, caindo na caixa postal. Então ela disse palavras que, não importava quantas vezes já tivesse pensado nelas, já não pareciam menos dolorosas tristes ou distantes de suas esperanças.
— Estou indo embora de casa — apressadamente enxugou as lágrimas do rosto, lutando para que não soasse fraco. — Por favor, não complique mais as coisas. Assine o divórcio... Vamos ser adultos, e terminar com isso com o pouco que nos restou de dignidade. Não venha atrás de mim... Acabou.
–-x—
No corredor que levava até a sala do detetive Royce King, Edward teve o desprazer de encontrar com Malcoom Griffiths. O ódio que nutria em relação aquele homem cresceu assustadoramente conforme os anos passaram de uma forma lasciva e tóxica, que fazia com que suas entranhas revirassem de nojo.
— Pensei que sua presença em nossas vidas tivesse sido exorcizada para sempre — o tom altivo de Malcoom fez com que Edward cerrasse os punhos.
Os ternos caros não escondiam a verdadeira natureza de Malcoom, por trás de toda cordialidade e o porte régio, havia um homem capaz de tudo para conseguir o que quer. Um homem tão doente que foi capaz de fazer todas aquelas coisas com a menina que ele dizia amar como sua filha.
— É realmente muito agradável poder me encontrar com você novamente. Dessa vez eu não sou um garoto estúpido e pobre que você era capaz de acuar— a postura selvagem de Edward fez com que o sorriso presunçoso de Malcoom desaparecesse. — Escute bem... Anthony é meu filho, e garanto se eu descobrir que você o submeteu a algo parecido com que fazia com Bella. Garanto que sua vida se tornará um inferno. Você vai perder tudo...
— É um aviso, moleque?
— É uma ameaça!


Edward adentrou o escritório de Royce King, as cores sóbrias se sobrepunham em um arranjo masculino. Novamente sem ser convidado ele se sentou na cadeira em frente à mesa.
Antes que Edward falasse algo, Royce disse:
— Bella vai ser solta — um sorriso de triunfo ameaçava surgir nos lábios de Edward. Porém, Royce foi mais rápido com sua declaração. — O verdadeiro assassino se apresentou, acho que você o conhece... Chama-se Emmett Swan Griffiths, irmão de Isabella.
O advogado não estava mais presente, seus pensamentos se desviaram para o rosto jovem e forte do amigo, Emmett. As lembranças da amizade e cumplicidade que compartilhavam.
Ele não poderia ter feito isso. Será?

Continua...

--x--

Obs: Para facilitar a visualização das personagens:
As personagens:
Royce King - Wentworth Miller
Eleazar - Johnny Depp
Daniel Griffiths - Patrick Dempsey 

N/A:

Volteiii e com capítulo inédito! *dancinha da vitória* Sou foda! Sou foda!
A intenção seria postar antes de eu viajar, mas a beta FORMIDÁVEL conversou comigo, e me deu um toque bem carinhoso que eu deveria somente postar quando voltasse. É verdade, né? kkkkkkk
Estou muito orgulhosa de OP, sério, não consigo parar de escrever, o capítulo 5 já está na metade u.u
Bom, já começo dizendo para ficarem atentos aos dois lados da história. Afinal ainda não ouvimos o lado do Royce. E já aviso que MEU ROYCE É DIFERENTE, NÃO É VILÃO. É UM SER HUMANO COM SUA COTA DE ERROS E ACERTOS! RUN
E não me odeiem pelo Emmett... Só digo isso...
Comentem muitooo e recomendem tbm!
Beijos! ^^





















Gica´s POV

OMG!OME!OMTUDO! o que foi este capitulo??? MORRI!!
QUE MAL EDUCADA!! Olá, Corujinhas e Ninas lindas, tudo bem?
Então, voltando ao capitulo-mega de O pacto, venho por meio desta, informá-las que não conseguirei agir naturalmente a partir de agora ...
Motivos?Eu os direi ...
1- Fef´s autora-blaster acabou de colocar meu Michael-tesudo na fic! Oh, Royce, estou gamada!! Tá, vamos ver o que vai rolar, mas se tem Tanya no meio, tem merda!! Já sabemos disso em todas as Fics que lemos ... experiência de leitora! U.u
2- Jasper parece que vai melhorar né? Bem, seja la oque for a francesa mexeu com o brio dele!! Espero que sim, amo o Jazz!!
3- Bella não enrolou e disse logo ao Ed que é o pai de Anthony!! Woohoo! Adoro isso! Nada de ... MAIS DRAMAS!
4- E o lance Beward? Totalmente ... emocionante. Tá no começo ne gente? Ed não pode aceitar tudo de bom grado, mesmo pq, ele tem uma família e seja como for, Bella é do bem... e logo saberemos os reais motivos, não é mesmo, Fef´s? hahahaha
5- E por ultimo, meu EMMETT !! PQP ! São Ananconda sei que tu não faria isso,faria? OME! Emmett não pode ter matado o maldito, pode? Bem, eu mato a Fef´s se ele ficar na cadeia! U.u
. . .
Continuando, eu disse que não estava normal!! Culpa da Fef´s!!!
Ninas, espero que tenham curtido o cap. Quero avisá-las que o atraso foi por minha culpa de novo, mas não pq não betei a tempo, mas pq a Fef´s foi dar uma relaxada na plaia e me pediu para postar o cap pra ela ...
Mas... NINAS, se tem uma coisa que prezo é o carinho de vocês. Isso eu valorizo muito, chego a comparar a um abraço. E como autora-leitora-beta, eu acho que este é um momento ÚNICO exclusivamente NOSSO. Agora imaginem se eu posto e a Fef´s não esta presente para curtir o RETORNO CARINHOSO de vocês?
Conversei com ela, e pedi para que a mesma o fizesse, pois assim, estaria em sintonia com vocês...
Sei que todas irão perdoá-la, foi por uma boa causa, não é mesmo? Aposto como a Fef´s voltou cheia de gás e postara um cap Bonus para nos alegrar...
Amo vocês e desculpem-me eu passei da conta hoje!!
Fef´s, não tenho palavras! Adorei o cap, a música e todos os detalhes importantes...
Você é única,Baby!! Te amo demais!
Um beijo a todas e me perdoem se comi bola, este capitulo me tomou demais!!
Fui-meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee *-*
Gica Cullen ~CorujaMor.

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