Capítulo 2 – Fuckin little thing
O dia nunca está bom até você ser assaltado por uma criatura com metade do seu tamanho
Edward
dormiu mal. O corpo estava todo dolorido, a região lombar recostada em
almofadas – almofadas finas –, que não podiam se comparar com uma cama.
Com um suspiro ergueu-se do pequeno sofá ao lado da janela no quarto de
sua irmã mais nova, Rosalie.
Ao levantar movimentou com a devida cautela os músculos e articulações rígidos, até que ouviu os mesmos estalando.
O quarto dela tinha um charme feminino pintado em cores neutras; o
papel de parede com pequenas margaridas, as cortinas marfim. Ele não
tinha dúvidas que o quarto transpirava em cada mínimo detalhe a
personalidade doce e contida da irmã mais nova. Abriu as cortinas para a
grande selva de concreto. As nuvens começaram a se dissipar enquanto
ele as olhava, abrindo espaço para as camadas de luz.
Enfim um
movimento na cama chamou sua atenção, Rosalie Cullen estava acordada há
algum tempo deitada de lado. Os travesseiros amparando-a com todo o
conforto.
– Acordada? – Edward sentou-se ao lado da linda moça deitada na cama.
A
mente dela pairava a quilômetros de distância, num mundo de utopia, em
que se podia recomeçar. E nesse lugar ela não estaria deitada imóvel. E
também, em seu lugar de sonho não haveria uma cadeira de rodas ao lado
da cama. As pernas de Rosalie não funcionavam, desde um acidente de
carro na véspera do natal, havia sete anos. Durante esse período ela
aprendera tudo o que havia saber sobre a vida como uma paraplégica. E a
lição mais importante era a de que não podia voltar no tempo. Só poderia
levar uma vida satisfatória se as aceitasse.
– Rose – Edward tocou gentilmente a mão de Rose, o gesto tinha tanta adoração que a comoveu.
–
Desculpe-me, acho que me perdi de novo naquele lugar mágico – ela riu
suavemente. Pequenas ruguinhas adoráveis se formando ao redor dos olhos
azuis como água mansa de um riacho.
Apreensivo ele escondeu a
preocupação, não era bom para a irmã que alimentasse um mundo irreal. A
cura encontrava-se na medicina especialmente na fisioterapia – que ela
negava a se submeter. Rose deslizou a mão pelo o rosto mais velho. Eles
tinham 10 anos de diferença. Edward com 29 anos, e ela com apenas 19
anos, ao qual sua existência fora condenada atravessar a juventude
restringia a uma cadeira de rodas. Os dedos finos contornaram as grandes
bolsas escuras abaixo dos olhos verdes, estava exausto. Os cabelos
brilhantes bagunçados, a barba com alguns pêlos arruivados crescendo
pelo queixo.
– Passou toda a noite aqui – pelo conto dos olhos
ela viu a pequena improvisação de cama que ele fez, as almofadas
espalhadas pela poltrona. – Por que não ficou em seu quarto?
Antes mesmo que ele respondesse, Rose estava ciente do motivo e a resposta... Ela própria.
–
Simplesmente porque quis ficar ao seu lado essa noite, estava muito
agitada quando me ligou. E afinal quanto tempo que não dormia aqui?
–
Tempo suficiente para que a poderosa Esme agradecesse aos céus pela
filha paralítica, que trouxe o primogênito para debaixo de suas asas.
Ela virou o rosto para a janela, encerrando a conversa. Edward não podia deixar que isso acontecesse.
– Você é especial, não digo pela sua deficiência, mas porque é a pessoa mais compreensiva e gentil que conheço.
Os
lábios róseos de Rose se ergueram, dando lugar a uma fileira de dentes
brancos e perfeitos. Ali estava sua recompensa. Aquele sorriso valia por
todas as horas insones. Rosalie tinha traços renascentistas, um pescoço
alvo comprido e gracioso, o rosto de proporções delicadas, a pele
viçosa e a tez levemente rosada. Os cabelos louros com lindos cachos
espalhados pelos travesseiros brilhavam com a luz faiscante do sol.
–
Você também é uma pessoa compreensiva – Edward levantou a grossa
sobrancelha num gesto irônico. – Eu sei que lá no fundinho, isso é
verdade...
Ele era um excelente médico, eleito consecutivamente
por três anos por uma revista conceituada como o melhor neurologista. No
que dizia a área profissional, ele era brilhante, atencioso, preocupado
não só em salvar a vida de seus pacientes, mas garantir que ela
perdurasse. No quesito pessoal, era um homem frio, educado com as
pessoas, mas sem se aproximar ou deixar que elas se aproximassem.
Ela
fitava muda o irmão alongando suas pernas. Os exercícios eram
necessários para que a musculatura não se atrofiasse, e enrijecessem.
Ele dobrava os joelhos, os deixando flexionados por alguns minutos e
depois repetia o processo com a outra perna – com os pés também. Rosalie
normalmente odiava essa série de exercícios feitos pela enfermeira,
Jane. Mas com Edward era diferente, tinha muito carinho e cuidado.
– Acho que vou marcar uma consulta com meu amigo. Você precisa intensificar os exercícios.
Rosalie riu.
–
Boa tentativa, mas não – Edward lançou um olhar nervoso, os lábios
prontos para um sermão médico. – Eu sei que com a fisioterapia eu
poderia andar.
– Rose, sua lesão é incompleta. Sua situação não é tão ruim como a maioria dos paraplégicos, seus músculos abdominais funcionam.
–
Eu sei que sim. Mas, não quero ter que andar de andador, com muletas o
que seja. Não seria nem um pouco gracioso e muito menos prático. É a
mesma coisa que colocar um aquário na frente de um alguém sedento. Ficar
olhando a água pelo vidro e não poder saciar sua sede. Nunca mais
poderei andar como antes...
Edward sabia que a irmã não estaria livre da vaidade humana.
– Meu querido – uma linda voz soou atrás de Edward. Um engano para quem não conhecia a natureza por trás desse arranjo suntuoso.
Esme
estava parada na porta do quarto de Rosalie, com um vestido tubinho
justo ao corpo. Era o tipo de quarentona que causaria inveja a qualquer
jovem de vinte anos. Edward puxara o tom dos cabelos da mãe, um curioso
castanho que muitas vezes se confundia com ruivo. Exibia uma postura
régia, destacada pelos sapatos altos.
– Mãe – Edward maneou a cabeça, absorto em ajeitar a irmã na cadeira.
Esme comprimiu os lábios cobertos por uma camada de batom, ela não disfarçava sua adoração pelo primogênito.
–
Eu esperava uma recepção mais calorosa, já que chegou em casa no meio
da noite. Sem ao menos dar boa noite a sua mãe que estava no quarto ao
lado, e quantas semanas que não vinha me ver, filho?
– Um mês e
meio – Edward respondeu secamente. – Eu contei, afinal você me liga cada
dia para me lembrar disso. – Rose segurou o riso.
– Me desculpe por sentir falta do meu filho. Essa casa virou um mausoléu sem sua presença...
– Sem drama. Você não está sozinha... Tem a Rose, e a Alice que sempre te visita e traz a Angie.
– A bastardinha...
– Mãe! – Rose repreendeu a mãe.
Alice
e Jasper haviam adotado Angelina, uma linda bebê com pouco mais de um
aninho. Alice era estéril, um fato que a Esme fazia questão de lembrar a
toda hora e instante. Esme não suportava que a criança corrompesse o
legado dos Cullen com seu sangue impuro.
– É verdade, por mais
que essa menina seja criada nos devidos padrões, melhores escolas, ainda
sim não é meu sangue que corre nas veias dessa – Esme pensou melhor
antes de dizer: – ‘criança’.
– O quanto eu queria que
seu sangue não corresse em minhas veias – Edward respondeu, odiava o
preconceito da mãe. – É por essa razão que distanciei de você... Esme –
ele não lançou mais que um olhar a mãe, com receio que se contagiasse
com a soberba da mulher. Deu um beijo na testa da irmã, e saiu do
quarto.
Esme não se deixou abalar, isso só provava que Edward era
um verdadeiro Cullen. Dono de uma natureza indomável, sentiu mais
orgulho que nunca do filho preferido. Ela ajeitou o vestido no corpo,
alisando dobras inexistentes. E por fim disse:
– Meu bom humor se
foi por hoje, portanto não quero ver você andando pela casa, Rosalie –
completando acidamente. – Me desculpa filha, você não pode andar mesmo,
não é? – e deu uma gargalhada, um som desprovido de humor.
Rose segurou as lágrimas, por mais que não quisesse admitir a rejeição da mãe lhe causava uma dor indescritível.
==
Edward
decidiu caminhar um pouco para arejar a mente. Ficar naquela casa, lhe
trazia lembranças ora agradáveis na companhia de Carlisle – seu falecido
pai – e ora repugnantes com quando se lembrava da mãe que os céus lhe
presentearam. Enquanto andava pela tumultuada Nova Iorque, os carros
engarrafando a cidade – o som dos motores a trilha sonora que regia a
vida desses operários, o monóxido de carbono vindo dos escapamentos era
um estimulante para os sonhos de tantos.
Os pensamentos de Edward
predominados pelas lembranças do pai, Carlisle Cullen era bondoso e
gentil, antiquado com aspectos positivos. Acreditava em cozinhar para a
família em um almoço de domingo. Quando imaginava o pai, podia sentir o
sol quente. Quando imaginava Esme, farejava tensão. Pairava opressiva
sobre suas lembranças.
Ele estendeu a mão para o paletó, o
celular vibrava. Não podia se dar o luxo de sumir, seus pacientes
dependiam dele. No visor do celular identificou o número do hospital
público, ele era médico voluntário. O Hospital White House era
um lugar carente, com poucos recursos – na verdade inexistentes – e mão
de obra escassa, nenhum médico quer dedicar suas horas num lugar pobre,
sem qualquer chance de reconhecimento. Edward ao contrário adorava
aquele lugar, sentia o calor das pessoas. Os pacientes realmente viam a
cura como um milagre nas mãos dos médicos. Diferente do Hospital Gloria Hall,
aonde ele era diretor da ala neurológica. Os pacientes eram pessoas
ilustres, políticos, jogadores e artistas que acreditavam que a cura era
proveniente do dinheiro que investiam, e o do seu poder aquisitivo.
– Doutor Cullen
– Fale Pipper – Pipper era a diretora do hospital, uma senhora de meia idade, havia sido uma grande enfermeira.
–
Provavelmente deve estar ocupado no GH – Gloria Hall – mas, achei que
gostaria de saber que a garotinha que chegou ontem com DAOP¹.
–
Sim, a pequena Nicole. Ela passou por uma angioplastia em que eu
introduzi o stencil. Teve piora do quadro? – Edward lembrava da mãe
histérica quando ele a diagnosticou. Era um caso delicado.
– Impossível, ela foi operada por um dos melhores cirurgiões...
Antes que ela terminasse, ele a interrompeu.
– Neurologista, não sou cardiologista. Mas, como ela está?
– Muito bem. Ela acordou essa manhã, os sinais vitais estão estáveis, consciente e muito feliz. Parabéns doutor Cullen.
–
Obrigado, Pipper – Uma movimentação estranha em um pequeno beco chamou
sua atenção: dois caras pareciam coagir um pequeno garoto de boné. –
Preciso desligar, mais tarde estarei aí...
– Hoje não é seu plantão.
– Não importa – então ele desligou antes que Pipper continuasse.
Edward
observou atentamente, ao mínimo sinal de perigo, iria agir. O garoto
virou o rosto, encontrando seu olhar. Apesar do boné que escondia boa
parte de suas feições, Edward se sentiu impelido a agir no momento em
que fitou aqueles olhos castanhos. Era olhos de alguém perdido.
Os
garotos agiram, um deles golpeando o pequeno garoto. Ele cedeu ao golpe
caindo bruscamente na rua úmida, o rosto caído no chão de concreto
áspero.
– Seus delinqüentes! O que estão fazendo? – ele se pôs a
correr na direção dos moleques que saíram em disparada. Eles foram mais
ágeis, sumindo de vista pelas ruas.
Ele estava tão acostumado com
odores desagraveis por conta da profissão, que seu nariz estava
anestesiado contra o cheiro do beco. Ajoelhou-se ao lado do corpo
minúsculo, instintivamente puxou o corpo para seu colo. Analisou a
agressão, a parte do rosto atingido estava começando a inchar.
– Garoto... – disse ele devagar. – Você está bem?
Como
imaginava a sombra da aba do boné lhe cobria as feições, mas tinha um
rosto andrógeno. Um nariz delicado e miúdo, o formato do rosto se
assemelhava um coração. Aquela criança reincidia a morangos silvestres, o
aroma lhe recordou da infância.
– Fui tão descuidado – o pequeno
garoto resmungou. – Esses dois garotos me arrastaram até aqui, e depois
roubaram minhas compras. Eu resisti, e eles me bateram. Bateram. Minha
mãe vai ficar uma fera.
Ele parecia confuso pelo golpe.
–
Calma, menino... Eu pago outras compras para você. Quanto foi? –
preocupado com as necessidades da família do menino, ele tirou sua
carteira do paletó.
Foi então que viu o menino levantando o
punho, era uma armadilha. Edward se protegeu com o antebraço, e flagrou
um pequeno sorriso travesso. O moleque esperava essa reação, dando um
chute na virilha de Edward.
O médico caiu uivando de dor, fulminando de raiva por ter sido enganado.
– Seu marginal! – Edward gritou, automaticamente segurando suas partes íntimas. O moleque lançou um olhar de divertimento.
–
Desculpa... Você supera, provavelmente não vai pintar com seu
instrumento hoje. Isso que dá prestar ajuda a estranhos, estamos em Nova
Iorque, otário. Valeu! – Edward ficou atônico, era a voz de uma garota.
Um tom delicado como as feições escondidas por trás daquele boné velho.
Depois
de estar recuperado, ele levantou-se apoiando na parede de tijolos. Com
certeza era um presságio, Esme devia tê-la amaldiçoado. Por pior que
tenha sido, a voz daquele menino/menina não lhe saiu da mente, e aqueles
olhos castanhos lhe causariam boas noites insones.
Continua...
--x--
Essa é versão do dia do Edward. Esme é dumal, rogou uma praga no próprio
filho. Sempre tive vontade em fazer uma Esme comletamente diferente
daquela criatura dócil da Saga. E então preparem-se, esse foi apenas um
deguste de suas maldades.
Rose é outra que sofreu uma profunda mudança. Nunca imaginaram uma relação dessa com Edward. Mas os dois são muito ligados, e Rose é muito fragilizada, porém aos poucos ela vai mostrando uma força inspiradora.
E claro como Edward se comoveu com o pequeno marginal uasuhsuhauhsuahs É aqui que começa tudo, proóximo capítulo é HOT HOT HOT!
Comentem bastante.
Um beijo enorme!
Rose é outra que sofreu uma profunda mudança. Nunca imaginaram uma relação dessa com Edward. Mas os dois são muito ligados, e Rose é muito fragilizada, porém aos poucos ela vai mostrando uma força inspiradora.
E claro como Edward se comoveu com o pequeno marginal uasuhsuhauhsuahs É aqui que começa tudo, proóximo capítulo é HOT HOT HOT!
Comentem bastante.
Um beijo enorme!
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