segunda-feira, 19 de março de 2012

Point Pleasant - Capítulo 6 (Parte I)


Obs: Não recomendado para menores de 18 anos: cenas de sexo, investigação policial e ete cetera.

Previously in Point Pleasant
A menina é belíssima, os grandes olhos verdes tinham seu próprio farol; brilhavam como duas estrelas em uma noite fria, linda demais. O garoto que a acompanhava estava na idade de se descobrir um homem. A fera que existia em seu peito ainda adormecida. Talvez nunca descobrisse como ser um homem... Não, hoje não.
Os dois invadiram seu santuário, mantinham segredos entre as árvores mudas.
Haverá outra noite. E muitas outras noites ainda. Todos seriam exterminados, todos os inimigos que planejavam em silêncio. O mundo estava infestado deles. Ele pode dar um fim nisso, pode destruir aquele covil de serpentes que á vida dos homens.
Ele observa os dois sem querer saber se iria destruir suas existências corruptas e fadá-las às trevas eternas.
A treva significa escuridão. A escuridão significa noite. E a noite significa que a caçada ainda não terminou.

[...]


Capítulo 6 – Amanhecer
1ª Parte
“Até mesmo dia mais sombrio tem seu fim. Caindo na escuridão do esquecimento.”
A neve toldava as telhas da delegacia – um branco imaculado fazendo contraste com a sobriedade do lugar. Talvez, com a chegada do sol elevando-se em um quadrante distante em nuances douradas, o degelo fosse eminente.
==


Mesmo encolhido contra a parede, Edward era mais alto do que a maioria dos policiais no saguão da delegacia. Não era o lugar que gostaria de estar. E muito menos, Bella, que estava encolhida num pequeno estofado, os dedos contraídos no colo.
Não tinha opção. No entanto, Rosalie lhe dissera para que aguardasse ali, e por isso ele esperava. As mãos nos bolsos do casaco de flanela, um pé encostado na parede, os olhos semicerrados. Queria pegar Bella e Alice, e voltar para casa. Só isso.
Bella observava os dedos brancos, os nós prendendo a circulação. Desde o ataque histérico que sofreu na caminhonete de Edward a caminho da delegacia, ele não lhe dirigiu uma palavra. Edward tentava a todo custo não direcionar seus olhos a Bella. Ele tinha a consciência que apenas um simples encontro de olhares, seria o suficiente para abalar seu semblante sereno. Por fim, deu um longo suspiro, recostando a coluna na parede fria. As imagens do desespero de Bella não lhe saíam da mente.
– Pare o carro! – Bella gritou, as unhas fincando na pele de marfim, como se buscasse uma maneira de interromper aquele fluxo de imagens. Como se a dor a despertasse.
Edward receou que ela pudesse se ferir, então parou o carro com um guincho no asfalto escorregadio pela neve.
– O que foi? – suas mãos firmes continham os pulsos finos dela. Apesar de ser miúda, tinha muita força.
Os olhos de Bella pareciam dois pedaços de carvão, escuros como a minha onde tinham sido desencavados. Ela se virou a cabeça para a janela para olhar além da janela. Seu maxilar se contraiu como se quisesse segurar com os dentes as palavras. Seu silêncio fez aumentar a raiva de Edward, que aumentou o tom de voz.
– Por Deus, Bella!
Bella voltou a pousar o olhar sobre o homem a sua frente, com uma ruga entre as sobrancelhas.
– Está perto. Bem perto... Entre nós... – sua voz chegou abafada pela barreira dos dedos que escondiam o rosto em sua pequena gaiola de dor.
– Quem, Bella?
– Ele.
Aquele monossílabo pronunciado ergueu-se entre eles como um muro. Naquele momento, era um fotograma único de uma história cujo fim não conhecia. – Sangria. – completou.
– Como pode saber?
Edward tentou manter a voz firme.
– Não sei. Apenas sinto isso. Eu vi... – Bella levou as mãos para os lábios, mordendo a língua com os dentes da frente e os caninos.
– O que você viu? Foi ele que te machucou, não é? – Edward tinha uma série de perguntas urgentes, Bella começou a chorar. Ele não sabia se isso significava sim ou não.
– Não sei. – ela respondeu entre um soluço.
A princípio ele não se mexeu. No entanto sentiu os braços vazios, e como se fosse a coisa mais natural do mundo. Bella deslizou buscando a proteção de seus braços. O lugar dela era com ele comprimiu o rosto dela contra seu peito.
– Me desculpe... Eu vi uma floresta, não. Foi uma floresta em específico, aqui em Twin Peaks, com os grandes pinheiros. Senti o aroma refrescante da folhagem. Os passos na lama que se formou com o degelo. Era ele... Tenho certeza. Estava observando, lutando consigo mesmo. Ele quer muito alguma coisa... – Bella deixou escapar um som assustado, sacudindo o corpo. – Ele vai matar.
Edward abaixou os ombros, um terror involuntário apoderando-se de seu corpo. Não temia por sua vida, mas sim, a daqueles que eram amados.
Depois do que parecia uma eternidade, parado no saguão. Rosalie aproximou-se pelo corredor, saindo de uma sala na extremidade. Ele se sobressaía com as pernas compridas, uma blusa de malha preta colada ao corpo, a cabeça cheia de cachos louros. Mas o coração disparado de Edward nada tinha a ver com sua boa aparência. Respeitava Rose, mas não se sentia atraído por qualquer outra coisa nela que não fosse notícias de sua filha.
Rose não disse nada quando o alcançou. Apenas indicou que ele deveria acompanhá-la. Viraram o corredor, entrando no gabinete de Rose. O lugar mantinha uma ordem imaculada.
– Onde ela está?
– Agente McCarthy está terminando o interrogatório.
– Devo me preocupar, Rose?
– Não, Edward. De qualquer maneira, ela está bem amparada... Jasper contratou um advogado, apesar de Alice tê-lo dispensado. Acreditamos que ela é inocente te tudo isso que nos cerca. Apenas o envolvimento sua fuga com Shane foi suspeita, estavam escondidos na floresta.
– Shane é seu melhor amigo. Ele é louco por ela, provavelmente tentava levar para um lugar seguro depois do que houve no Red House. – Edward segurou o olhar de Rose. – Ele é um bom garoto.
– Sempre achei isso. Tente compreender, agora não posso ser a cidadã Rosalie, e sim, xerife dessa cidade. Todos são suspeitos.
– Inclusive eu. – Edward disse pensando nas grandes órbitas banhadas em chocolate derretido.
– Tem algo que queira me dizer? – Rose tocou o ombro de Edward, o gesto de uma amiga.
– Não.
– E aquela jovem? Ela é muito bonita.
– Não sei... – depois de um tempo, continuou: - A contratei para trabalhar no bar. É uma mochileira.
Agora não havia mais volta, estava atado em mentiras, e consequentemente uma puxaria inúmeras delas. Até que ponto iria por Bella? Será que haveria limites?
– Não estou te julgando. Você merece mais do que ninguém, se apaixonar. Pode chamar de preocupação fraternal, sabe que te considero mais meu irmão, que o próprio Jasper. Com tudo que está acontecendo, tenho que manter os olhos abertos. Procurar fantasmas até nos vivos.
– Eu sei. Não se preocupe. Edward segurou a mão de Rosalie. Eles tinham muito sofrimento e traumas em comum.
A porta foi aberta, após uma breve batida. Emmett entrou, flagrando uma cena de carinho entre amigos. Mas para sua mente consternada lhe pareceu uma cena de intimidades entre um homem e uma bela mulher.
Ele sentiu um soco no estômago. Cerrou os lábios, os olhos em duas fendas pequeninas, a pele lisa com algumas ruguinhas. Ele avaliava o homem ao lado de Rose. Ele era atraente. Uma aparência rústica que provavelmente despertava a libido feminina.
– Já liberei, Alice Cullen. – ele disse tentando não transparecer o vulcão que borbulhava em seu peito.
Edward certamente não notou a postura hostil de Emmett. No entanto, Rosalie comprimiu os lábios cheios em uma linha rígida desaprovando o agente.
– Vou ver minha filha, Rose. – Edward tocou a testa de Rose com os lábios. – Obrigado, agente.
Emmett maneou a cabeça. Depois quando teve certeza de estarem a sós. Ele fechou a porta, acreditando ser uma forma de criar uma barreira com o mundo. Rose o atraía mais do que qualquer mulher fora capaz.
– Ele a atrai?
– Não – respondeu Rose, o olhando intensamente. Não se sentia intimidade, mas algo fervia dentro de seu corpo. – Pessoalmente, não gosto do tipo calado. Ele era louco pela esposa. Sempre fomos amigos, praticamente irmãos.
– Como ela era?
Rose fez um esforço para dizer alguma coisa positiva.
– Era muito bonita. Morreu num acidente de carro quando Alice era muito pequena.
Emmett soltou um suspiro de surpresa.
– Então qual foi o problema com o casamento? E não me lance esse olhar, sua voz tremulou ao falar dela. Há muito coisa que não está me dizendo. Posso sentir.
– Não há “muita coisa”. Apenas Elizabeth foi criada aqui, mas acho que sempre quis algo mais.
– Se ela queria algo mais, por que casou com alguém daqui?
– Provavelmente porque Edward é alto, bonito e rico. Ainda era um médico com o futuro promissor. Isso mesmo, um clichê. Mas ele é assim. Também fala pouco, e isso significa que ele é um mistério, o que aumenta a atração. – sua voz baixou o tom, consumida por uma onda nostálgica. – Adolescentes agem com impulso quando estão cegos de amor.
Quando ergueu os olhos, Emmett estava muito próximo. Próximo o suficiente para que o calor do corpo dele atravessasse as camadas de roupas de Rose. Se ela esticasse os dedos tocaria o tórax definido e largo. A colônia amadeirada de Emmett instigava Rose, fazendo com que mordiscasse os lábios, imaginando como seria se ele a possuísse naquela pequena sala.
Ele a puxou com apenas um braço, a fazendo colidir contra seu corpo. Os jogos de sedução eram necessários, porém tudo nela remetia certa urgência. Tudo nela o levava ao limite. Ele a beijou, enterrando os lábios com afinco, deixando-a sem fôlego. Rose enfiou os dedos nos cabelos de Emmett retribuindo o beijo. A língua sendo acariciada com delicadeza, ela ficou surpresa que um homem como aquele, pudesse ser tão sensível as necessidades de uma mulher. Não estava acostumada com isso.
Ele continuou a acariciar sua boca, várias vezes, o abraço se tornando mais rude. Os seios comprimidos nos músculos másculos, os mamilos enrijecendo com a energia sexual daquele beijo. Mas, era bom demais, a um ponto inacreditável. Rose sentia-se incrivelmente viva. Depois de vários anos sem aquilo, estava completamente atordoada. A sensação era mais forte do que imaginara. Talvez tivesse esquecido. Talvez a memória tivesse sido substituída por uma nova realidade.
Quando ele parou para fitá-la, uma pequena lágrima cintilava na pele macia e perfumada de Rose.
– O que aconteceu, meu amor? Machuquei-a?
Rosalie sabia. Claro que sabia o que dera errado.
– Não.
Ele levantou o queixo dela, buscando os olhos incrivelmente azuis tais como os seus.
– O que houve?
As lágrimas afloraram.
– Eu sou casada. Quero dizer, fui... Ainda sou. É impossível. Não posso fazer mais. Desculpe. Não posso deixar de ser o que sou.
Ele deslocou o polegar para os lábios de Rose. Ela se afastou deixando a sala. Emmett socou a mesa de mogno, o pobre móvel rangeu ao golpe do agente.

==

Alice percorreu o corredor estreito que levava até o saguão da delegacia acompanhada por Andy. O policial permanecia calado, em sua postura contida. Os barulhos provocados pelos coturnos pesados no piso de linóleo, o couro cintilando a luz artificial.
Diversas pessoas aguardavam Alice. Seus rostos retratavam diferentes expressões, cada uma representava um diferente motivo de estar ali.
Havia obsessão, preocupação... Jasper se sobressaía tanto por seu porte destemido, inatingível, como pela preocupação estampada em seu rosto. Algo em seus olhos, fez Bella saber que esse homem era um caçador, e não se sentia culpado em adotar essa postura.
Havia temor. Jacob mantinha o olhar preso no chão, acompanhando os padrões do piso. O cabelo preto penteado impecavelmente para trás, as roupas impecáveis e sóbrias, de vez em quando fitava a silhueta de Bella no canto oposto. Ele esperava encontrar algo, qualquer reação refletida na postura da mulher.
Chelsea e Alec eram os únicos alheios. Os braços dele ao redor da cintura da namorada. Sentia-se grato pela atração que o irmão exercia na mulher misteriosa. Isso o poupou de estar no lugar de Shane Marshall.
Alice adentrou o lugar. Todos ergueram os olhos. Porém Jasper foi o único que se adiantou, indo em direção a Alice com os braços estendidos.
Alice fitou-o por um instante como se não o visse. Ele achou que ela estivesse abalada. Porém ela deu um passo para trás desviando do padrinho. Ele parou chocado com a frieza que a afilhada lhe dedicava. Havia uma negação absoluta, renúncia total naqueles olhos de uma tonalidade surpreendente de verde.
As lembranças felizes, dos momentos passados com Jasper, não eram suficientes para apagar tudo que ela descobriu naquela noite. Tudo que Jessica lhe confidenciou mesmo depois de morta. Seu padrinho, o homem que mais lhe dedicou carinho e amor em toda a sua vida. O homem pelo qual banhava o rosto de lágrimas todas as noites por amá-lo tão desesperadamente... Era um estuprador. O mundo estava cheio de Jasper West, estava certa disso. E também estava cheio de meninas como Jessica, pobres moças assustadas que vertiam lágrimas numa cama com lençóis manchados de sangue e de sêmen. Como ele pôde?
Seu ódio era ilimitado. Pelo padrinho, e por si mesma, por ter sido tão inocente. Por ter sido tão cega perante o sofrimento da amiga. Jasper roubou o último suspiro da inocência da melhor amiga.
Ela se perguntava várias vezes, se dentro dela não haveria, grudado em seu cérebro como um câncer, um amor doentio. Talvez o ódio fosse inveja, porque ela desejava ser Jessica naquela cama. Talvez em suas veias corresse à mesma perversão daquele homem.
Não. Fechou os olhos e estremeceu. Agora tinha Shane e compreendia qual a verdade na mensagem que duas pessoas trocavam quando estavam apaixonadas. Ela tinha certeza que o esqueceria.

:: Flashback::

Fazia frio na Little Bear Road, mas isso não desmotivou os dois jovens em um modelo Harley Davidson. O rapaz vestido todo de preto a jaqueta de couro brilhando sutilmente com a luz fria do luar. A jovem com os cabelos negros exatamente no mesmo tom do véu sombrio da noite. A neve de Twin Peaks era branca, e permanecia branca até três dias depois de cair. O que é um prazer excepcional para aqueles que vivem na cidade grande.
A jaqueta de couro refletia a luz branda dos postes ao longo da estrada. Alice soube que aquele era o lugar certo, pois uma trilha abria-se entre a vegetação. Uma placa pendia ao lado por conta do peso da neve.
Assim que tirou o capacete, uma rajada de ar congelante atingiu o rosto de Shane como uma bofetada, o fazendo se lembrar de seus ferimentos. Ele soltou um gemido breve e agudo.
Alice se aproximou, ficar tão perto dele deixava-a estranhamente sem ar. Mesmo sob a luz fraca, ela conseguiu ver que havia um talho em cima de uma sobrancelha, e o sangue escorrera dali. Olhou para a bochecha dele para firmar a cabeça enquanto removia o sangue, e seus dedos tremeram um pouco ao tocar a pele com barba.
– Assim está mais decente – o sorriso dela foi lento e gentil. Atingiu os nervos de Shane como fogo. – Sinto muito pelo que houve. Jared é um estúpido.
Ele levantou a mão até o rosto dela. O toque foi leve, a pele queimando com o calor. O olhar foi até os lábios dela, os olhos verdes mais brilhantes que já viu, e o polegar contornou suavemente o lábio inferior dela.
– Alice.
Ela sentiu os joelhos fracos. Como seu nome nos lábios dele podia afetá-la tanto? Alice batalhava consigo mesma, tentando ordenar seus sentimentos. Jared era seu namorado, e nunca a fez tremer de tal maneira. Jasper era o grande amor de sua vida, um sonho impossível. Mas o que significava Shane nessa equação?
Por que sentia como se fosse se não recebesse esse beijo?
O rosto dele estava mais próximo, e ela fechou os olhos, dominada por uma ansiedade arrebatadora. Então a boca dele cobriu a sua, era doce. Suave, depois buscando a língua de Alice em uma dança fazendo com que o prazer se intensificasse e se espalhasse a cada momento.
Ele abraçou-a bem apertado, mergulhando as mãos no cabelo dela, sentindo o volume suave e perfumado e apertando-o nas mãos, sentindo-o escorregar como seda por seus dedos. Alice soltou um som de alguma coisa, parte desejo, parte satisfação. Soltou outro gemido, a mão indo no meio de ambos os corpos.
– Oh! Eu não devo! – disse ao empurrar o tórax de Shane. Ele a olhou desnorteado, ainda anestesiado por todas as sensações que aquele beijo lhe provocou.
– Sinto muito – era uma mentira. Ele sempre nutriu sentimentos em relação a Alice, o único motivo para que não tivesse declarado seu amor. Foi justamente Jessica.
Ele amava Jessica. E de certa forma, ainda a amava. Ela foi um sonho em sua vida, a linda líder de torcida que se apaixonou pelo rebelde da escola. No entanto, todo sonho tinha um triste fim, e com Jessica não foi o contrário. Porém, Alice era sua realidade. Há muito vinha lutando contra seus sentimentos, e aquele era o momento certo.
– Eu retiro o que disse – Alice o fitou atônica. – Eu não sinto muito. Isso deveria ter acontecido há muito tempo. Jessica sabia dos meus sentimentos por você. Ela teria ficado feliz.
– Eu sei disso, Shane... – Alice enlaçou o pescoço de Shane. Sua cabeça deitada sob os ombros dele. – Eu também gosto de você. Acho que sempre gostei, mas era algo tão óbvio que me passou despercebido.
– O que eu sinto é muito mais que isso. Eu te amo. – novamente colou seus lábios sob os de Alice. As mãos explorando a silhueta dela, reconhecendo as formas que tantas vezes desejou.
– Agora precisamos ir. Não temos muito tempo. – Shane lançou um olhar sugestivo para o lugar onde estavam. A forma como Alice o arrastou do Red House no calor da briga, ainda o incomodava. Estava fervilhando por respostas. – Apenas venha comigo. Não há tempo para isso.
Shane digeriu isso em silêncio. Ela deu uma olhada inquieta nos pinheiros do lado da estrada.
Os dois adentraram a floresta pela trilha que se abria entra a vegetação. Era difícil andar pela floresta, especialmente no escuro. Os eram espessos, sem falar na camada de neve que dificultava as passadas das pernas. Os galhos mortos se estendiam, agarrando-se a barra de suas calças.
Naquela parte a noite estava clara e estranhamente calma. Alice não viu como um bom presságio, os animais pareciam evidentemente assustados, um predador a espreita. Alguém os vigiava, e ela não conseguia tirar da mente que poderia ser o assassino.
Por fim, chegaram numa clareira. Os pinheiros reuniam-se apenas nas laterais, as folhas perenes congeladas aos pés de suas raízes. Alice atravessou a neve que toldava o chão, os pés sujos de lama. Ela manteve os olhos demoradamente em uma árvore ao centro, o tronco com uma coloração verde-musgo, com aspecto áspero. Ela enfiou a mão em um pequeno buraco no caule, vasculhou por alguns segundos.
Alice olhou Shane de soslaio, pela expressão dele, dava para notar que estava prestes a amarrar e a levar ao manicômio mais próximo. Como em resposta a seus pensamentos. Alice puxou o braço de volta, em sua mão um embrulho coberto por um plástico despertou a atenção de Shane.
– O que é isso, Alice?
– O diário de Jessica. Ele nos dirá tudo que ela nunca foi capaz.
– Como sabia que estava ali?
– Jessica me confidenciou que tinha um lugar secreto onde guardava seu maior tesouro. E se algum dia acontecesse algo, eu deveria ir até lá. Ela sabia que algo iria acontecer.
Alice o segurava com certa reverência, perto do peito. Seus dedos tremiam ao abrir a encadernação de capa dura. Era como se ao ler aquelas páginas, reconhecer a caligrafia delicada, pudesse reviver seu fantasma.
Alice folheou aleatoriamente, até que uma página chamou sua atenção. Havia um borrão entre as letras, como se uma lágrima tivesse manchado a tinta.

Domingo, 27 de dezembro de 2007.
Querido diário,
Desculpe por demorar tanto. Sabia que no momento em que o abrisse, teria que enfrentar todas as lembranças. Quem disse que enfrentar a dor de frente era melhor do que se esconder atrás dela. Estava completamente equivocado. Ainda dói, e agora ainda mais pois sou obrigada a recordar de tudo.
Agora minha vida está cheia de mentiras e preciso de alguém com quem ser totalmente sincera. Deve estar se perguntando, e a Alice?
Minha melhor amiga seria a primeira a me virar as costas. Mal sabe ela que o amado padrinho é capaz. Por de trás daquela aparência polida, elegante e uma postura régia. Há um monstro. Um monstro real, alguém capaz de roubar a inocência de uma menina sonhadora.
Sim, eu me apaixonei por ele. Que garota não faria o mesmo? Mas, isso não lhe dava o direito de fazer isso comigo. De me tocar daquela maneira, ele me abusou. Sim, fui estuprada.
Não sei por que estou pensando em morte e em morrer. Talvez seja porque sua voz não sai da minha mente.
– Só fique quieta, logo eu vou gozar.
Foi isso que ele me disse, quando eu choraminguei, doía demais. Seu membro me rasgava, esfregando na minha parte e me machucando, abrindo feridas. O sangue não parava de vir, ele foi tão bruto. Não era o príncipe que eu imaginei. Havia um brilho sinistro em seus olhos.
Em meu aniversário de 15 anos, eu não poderei usar um vestido branco com rendas de marfim. Deveria usar vermelho, simbolizando a corrupção da minha alma.
Não sei o que vai acontecer agora; como vou olha para Alice, se minha mente estará gritando “Se afaste, ele é cruel!”. Mas, ainda há algo dentro de mim que talvez deseje o mesmo destino para ela. Quem sabe não me sentiria tão só. Não, eu a amo. Ela é minha irmã.
Isso não importa. Acabou e vou enterrar no fundo do meu coração. Ninguém nunca saberá...

Alice parou de ler, tentando manter as letras da página em foco. Mas elas ficaram borradas e ela fechou o caderno antes que uma lágrima traiçoeira caísse na tinta.
– O que foi, Alice? – Shane a chacoalhava.
Ela se recompôs antes que ele lesse aquelas páginas.
– Nada. Sinto a falta dela.
– Temos que levar o diário.
Alice quase deu um grito de negação. Ninguém poderia ler aquelas confidências, eram provas irrefutáveis contra Jasper. Tinha que pensar melhor, não podia ser verdade. Jasper não poderia ser esse monstro.
As luzes de uma lanterna bateram nas copas das árvores, o som de passos, soaram, bem ao lado deles.
– Tem alguém por perto. É melhor o escondermos de novo.
Shane a fitou, as sobrancelhas erguidas em desaprovação.
– Confie em mim – ela suplicou.
– Sempre – ele entrelaçou suas mãos.
Alice fechou os olhos, ela sabia que estava mentindo para si mesma. Jasper era culpado. Sempre soube disso, na sua mente as cenas daquela tarde ainda eram vívidas.
Jasper penetrando Charlotte com fúria, traindo seu melhor amigo. Aquele mesmo brilho perverso em suas órbitas. Afinal, quem era Jasper West?
– O que vocês estão fazendo aqui? – a silhueta de Rosalie West surgiu às margens da clareira, acompanhada por um homem de compleições maciças.
==

– Cadê meu pai? – Alice dirigiu a pergunta para Jacob Black, melhor amigo de Edward. Ele tirou as mãos de dentro dos bolsos.
Algo na postura dele transparecia paz, talvez a forma que seus pés tocavam o chão, com respeito.
– Foi conversar com Rosalie – Jacob entrou no espaço entre Alice e Jasper, a mãos postas de forma tranqüilizadora nos ombros dela. Ele percebeu os músculos contraídos. Algo a estava perturbando.
– Você está bem, princesa? – Jasper perguntou aflito com a rejeição da afilhada. O corpo de Alice ficou rígido.
– Quero meu pai, Jacob.
Jacob notou que Alice desviava os olhos do lugar onde Jasper estava postado. Era o que ele mais temia, que a obsessão de Jasper se projetasse para a filha de Elizabeth.
– Filha! – Edward irrompia pelo corredor em passos largos.
– Pai! – Alice correu em direção a ele, atirando-se para a proteção de seu abraço. Ainda havia o aroma de biscoitos em suas roupas, era aconchegante.
– Tudo ficará bem agora. Eu prometo.
– Não, e o Shane?
A leve menção do nome do rapaz, fez com que as entranhas de Jasper se contorcessem e o monstro que Jessica retratou ganhasse vida.
– Não! Aquele moleque tem de ser mantido preso, e bem longe de você! – ele segurou bruscamente o braço de Alice. Ela sentiu o sangue sendo retido naquela região, o aperto era como de um torniquete.
– Me solta! – Alice esperneou.
– Jasper... Shane não é perigoso. Não force a barra.
A voz de Edward podia não estar elevada, mas havia mesma notoriedade e força que a voz urgente de Jasper.
– Fique tranqüila, filha. Shane logo vai ser solto. Ele é inocente e eu sei disso – Alec o advertiu com o olhar, e na mesma hora virou-se para Bella que parecia inanimada. – Vamos para casa.
Alice concordou, necessitava desesperadamente se afastar de Jasper. E tudo que sua presença remetia, lembranças asquerosas e o insuportável amor que sentia em relação a ele. Ela concordou.
Após alguns instantes em que Edward foi embora, levando consigo a presença silenciosa de Bella, o irmão e namorada. Jacob impediu Jasper de ir embora, o barrando com o braço.
– Sei muito bem o que está planejando. E para o seu bem, acho melhor não o fazer. – Jacob manteve o som da voz estável, mas a ameaça repercutindo em cada nota.
– Por que acha que vou dar ouvidos a você? – Jasper disse com escárnio.
– Ela não é Elizabeth. Graças a Deus, não é ela. Que mesmo depois de morta continua fazendo um belo estrago.
Jasper cerrou os punhos.
– Não ouse profanar o nome dela.
– Você que não ouse levar essa sandice adiante. A forma como olha para Alice, são os ecos do seu amor doentio por Elizabeth.
– Eu amo a Alice – havia chamas azuis nas órbitas dele.
– Eu fiz um juramento de nunca revelar o que eu sei, somente pelo bem de Alice e Edward. Mas, eu juro que vou quebrá-lo, se continuar com essa loucura – Jacob farejou o medo nos olhos da Jasper, e seu tom ficou absurdamente letal. – Contente-se no seu lugar de padrinho da garota. Ou de qualquer maneira ficará sem ela. É meu último aviso. Dessa vez acabou.
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::Throught Him ::

Através da escuridão do futuro e passado. O mágico almeja ver. Um que canta entre os dois mundos. O fogo caminha comigo.

O próprio frio naquela época do ano, era prova de força que um homem poderia dar ao seu general. No entanto, era apenas um garoto, que haveria de dar?
Se existia um ameaça. Essa vinha de sua própria casa, de alguém que deveria protegê-lo, e não o coagir. Na sua percepção o mundo era uma ameaça aos frutos saudáveis de terra, uma ameaça fantasma silenciosa. E era dever desse homem, fazer dele um soldado. O seu sucessor. E naquele dia, ele buscou a prova da força do garoto.
O menino percorria a distância a pé, sem qualquer proteção. Não tinha luvas, mas já ficara com as mãos geladas antes. E mãos geladas não o matariam. O alvorecer do sol ainda era uma promessa distante, o céu, um mesclado de tons púrpuras, tremulando na superfície do majestoso lago.
O garoto mastigava os lábios, a fim de conter os tremores que assolavam seu corpo. Se a temperatura era lancinante aqui fora, dentro do lago seria mortificante. Fechou os olhos avançando na neve espessa, as coxas clamavam em protesto. Não parou nem por um segundo, sentia o peso do olhar do carrasco nas suas costas. Ele sobrevoava como um falcão.
Sabia que havia gelo sob a neve, porque escorregava de vez em quando. Por sorte, era bastante atlético para manter o equilíbrio, o homem o havia treinado bem.
A boa notícia foi a de que o gelo agüentava seu peso sem o menor problema. Não gemeu, não rachou, não se mexeu. A má notícia foi a de que não apenas as orelhas estavam congelando, mas seus pés, tinham uma coloração cianótica.
Quando seus pés sentiram a elevação suave do início do lago, petrificou. Naquele momento era somente um garoto assustado, e não um soldado feito para a guerra.
Escutou o som de alguém atrás, virou-se e o viu. Ele andava ruidosamente pela neve.
– Por favor, eu vou morrer.
– Então não foi feito para a guerra e morrerá como um covarde. Um desertor – os olhos eram como a noite mais fria e sombria, tinha um brilho lunático. Algo que somente a loucura abraçaria.
Ele o agarrou, jogando o corpo do menino na água congelante. O gelo começou a quebrar em todos os lugares em que o garoto buscava apoio.
– Me ajude! – o garoto pedia por socorro, ao único ser que nunca o faria.
Os movimentos do garoto demonstravam exaustão, e eram lentos por causa do frio que penetrara nele e pela água que encharcava suas roupas, fazendo-o afundar. Chegou à beira da lâmina de gelo que cobria o lago e agarrou-a com as mãos. Levantou o corpo para fora da água, mas, com o peso repentino, o gelo quebrou e ele caiu na água de novo. O grande pedaço de gelo que tinha quebrado bateu em sua cabeça, e ele desapareceu sob a superfície.

Continua na 2ª Parte do capítulo [...]

--x--

N/A:

Antes de mais nada. Não vou confundi-los tanto. Esse finalzinho é uma lembrança de Sangria, especificamente sua infância.
O termo "Throught him", significa através dele. E sempre vou usar para viajar na mente de Sangria.
Eu sei que ficam se perguntando quem é ele. E tenho uma informação, o Sangria já apareceu. E deixei uma pista em alguns dos capítulos... hihihi (calei-me)
A 2ª Parte vai ser bem grande, então por favor, não desistam de PP se eu demorar umas duas semaninhas para postar.
Porque eu prometo no próximo capítulo...
# Hentai Edward e Bella. Já está escrito.
# O trauma de Rosalie desvendado.
E mucho mais...
Queria convidá-los a lerem O Pacto...
Aviso que muitos segredos obscuros fazem moradia nessa história.
E em breve, postarei minha primeira Original WOHOOO! Conto com o apoio de vocês...
Agora minha betinha linda e com TPM. Corram!
















 
Gica´s POV

Hello Corujinhas e Ninas!! Tudo bem com vcs?
Eu estou numa tpm dos infernos e me bloqueei neste final de semana, a não ser é claro, o beta de PP que é minha paixão.
Adoroooo!! Tivemos um cap e tanto, não é mesmo? Curti muito o lance da Alice, adoro o Shane. Tbm adorei o lance do Ed aparecendo como um pai, todo preocupado com Alice. Fiquei um tanto curiosa pelo que possa vir acontecer com o amor do Jasper por ela . Me prendi bastante no lance do jake...
Mas... não posso negar, ADORAMEI o Emmett tendo uma pegada rápida com a Rose!! Woo hooo!! Como eu esperei por isso! Claro que não ter uma comedinha básica neste capitulo á la Emm fez diferença, pois eu o adorooo, mas valeu a pena a pegada!! Hauahuaha
Por utlimo, vou deixar meu comentário sobre o diário da Jessica! Gente, que sinistro!! Eu não consigo imaginar alguém tao infeliz assim, insatisfeita com a própria vida, coitadinha...
Eu amava escrever diário, e nas únicas 2 fics que escrevo, eu tive que botar um diário kkkkk
Adorooooooooooooooooooooooooooooooo!!
Bem, como disse, eu to numa deprê particular, e por isso não falei muito hoje. Até estranharam, né? Aposto que sim...
Fefe, amei o capitulo, como sempre. Obrigada pelo carinho, paciência e por confiar em mim... Te amoooo
Um beijo à todas e até o próximo capitulo de ...
PP a Fic que vai mexer com você
Gica Cullen ~Coruja Mor.

Por. MarianaCorreia_


"Heey meninas, espero que concordem com a minha opinião sobre o capítulo porque...
Oh Lord... Como a Fee congue fazer isso !? O clima que já estava tenso agora está pior ainda.
Ah Bella deu os primeiros indícios sobre a sua mente estar ligada a de Sangria e eu adorei isso porque eu não esperava que fosse tão rápido ! A forma como o Ed abraçou ela deu até arrepios, Uuui . :D
E esse beijo monstro entre o Emm e a Rose ? Oh My God, foi lindo mas a reação da Rose não foi das melhores... Quero saber sobre os segredos dela, e como ficará a sua relação com o Emm de agora em adiante ! Também adorei a amizade entre a Xerife e o Ed.
Outra coisa que me dá arrepios (mas arrepios de medo) é essa mente doentia do Jasper... Sempre soube que ele era um crápula por trair a confiança de seus melhores amigos e por apaixonar-se por sua afilhada, mas nunca pensei que ele chegaria a este ponto. A atitude da Alice foi tão... Forte e madura pela forma que ela diz amar ele, mas mesmo assim esqueceu desse amor ao saber que a melhor amiga já sofreu nos braços desse homem. É isso ae Alice, peroba nele !
Gostei tanto da forma como o Ed consola a filha... Imaginava ele um pai distante, mas ao contrário, ele se impõe e ajuda ela sempre que necessário e ainda à apoia em relação a sua 'amizade' com Shane. Pelo menos ele não dá atenção ou leva a sério as palavra do Jasper em relação ao menino !
Também amo o Jake, a forma como ele protege o Ed e a Alice, pois tudo o que ele faz e esconde (em relação a Jasper e Elizabeth) é para o melhor de seu amigo.
O capítulo está perfeeito e eu sei que todas concordam comigo ! hihi'
Amo vocês lindinhas, xoxo !"
(Agora foi Nyah, não cortou a notinha) Te Amoo Gêmea!



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