sexta-feira, 16 de março de 2012

WS — Capítulo 4


Capítulo 4 – Resgate

“Suas palavras eram ondas quentes batendo numa praia de veludo.” - Bella

Edward fitava seu reflexo no espelho do quarto, destacava-se pelo terno. Franziu o cenho com a visão, ela lhe trazia infelicidade. Queria estar vestindo calças jeans velhas e rasgadas, os pés descalços na terra úmida do Solar.
Sarah aproximou-se pelo corredor, saindo de seu quarto. Ela sorriu para o belo homem à sua frente, sentiu muito orgulho do pai. E inveja de Sophie, pois queria ser dona de um par de bolinhas de gude verdes.

– Sophie está dormindo? – perguntou ele enquanto dava um nó desajeitado na gravata.
– Ela já acordou, mas está com medo de sair do quarto – os olhos de Sarah adquiriram um brilho malicioso. – Posso ir fazer cócegas nela?
– Não – ele disse, apertando a mão da filha mais velha. – Volte e brinque com ela. Faça com que sua irmã se sinta melhor.
Ela sorriu e soltou a mão do pai.
Há muito aceitara que Sophie possuía uma estranha percepção adulta. Estava assustada pelo acidente, sabia que assim que fitasse os olhos dela, visualizaria todo o terror daquele momento.
Edward ainda estava intrigado pelo sumiço da linda mulher que a salvou, o mais curioso é que ninguém havia notado sua presença. Um calafrio perpassou por todo seu corpo, quando fechava os olhos, o mar colérico invadia sua mente. Não podia ter sido sua imaginação. Aquela dor era real demais.
O telefone na mesinha-de-cama tocou.
– Oi – era Heather, esposa de Jorge. – Já se instalou? Vi seu recado agora na secretária.
– Sim. Eu sei que acabamos de chegar, mas preciso de fique com as meninas. Acabaram de ligar pedindo que compareça para o cargo de segurança.
– Meu marido é rápido. Sabia que conseguiria o emprego.
– Jorge é um grande amigo. Pode fazer isso? Estou preocupado com a Sophie.
Heather projetou a imagem da menina, os cabelos compridos e sedosos o rosto muito claro, os olhos verdes e profundos. Ela adorava as duas filhas de Edward, mas Sophie sempre conquistara seu coração.
– Claro que posso – respondeu ela confusa. – Mas o que aconteceu?
– Uma longa história.
[...]

Após ter narrado todos os acontecimentos que sucederam no acidente, e ouvido em um silêncio vítreo as broncas de Heather. Edward foi ao quarto das meninas.
Era bem menor que no solar, simples, as paredes pintadas em um bege desbotado. Apenas móveis brancos: duas camas baixas, um guarda-roupa, e uma escrivaninha. Era o máximo que poderia pagar no aluguel de uma casa.
O chão do quarto ocupado pela aldeia em miniatura de Sarah.
Sophie coloria os cadernos de ilustrações, atravessou o quarto indo se sentar ao lado dela. O rosto da criança oculto pelos cabelos acobreados caindo como um véu. A parte visível se encontrava virada para os desenhos. Enquanto especulava o que a filha menor estaria sentindo e pensando. A campainha soou.
Sarah espichou o lábio inferior.
– A Tia Heather já chegou? – Edward achou improvável, não fazia nem quinze minutos que haviam encerrado a ligação.
– Fiquem aqui no quarto. – ele lançou um olhar para trás e constatou que Sophie mantinha-se compenetrada no exercício.
A porta foi batida. Ele foi abri-la, percorrendo o pequeno corredor que levava a sala. Encontrou o interruptor para acender a luz da entrada da casa. Girou a chave, e na periferia da claridade projetada pela luz no lado de fora da casa, identificou Rosalie.
Ele a fitou surpreso, o uniforme rosa, oculto pelo sobretudo vermelho de camurça. O silêncio persistiu.
– Oi. – ela disse timidamente, levando uma mecha do cabelo atrás da orelha.
– Me desculpe, está frio entre...
O crepúsculo já começara. Estava escuro e frio lá fora.
– Não, tudo bem. É que você deixou seu endereço e fiquei preocupada com que houve. Vim ver se precisam de algo...
– Estamos bem, mas me sentirei melhor se entrar um pouco – educadamente abriu a porta, um convite irrecusável.
Enquanto Rosalie passava pela porta, as pernas compridas se sobressaíam. Seus instintos reagiam a seu perfume convidativo, engoliu em seco, sempre respeitou as mulheres. Sentiu-se estranho com uma enorme carga sexual retida em seu corpo.
– Não quero atrapalhar. Deve estar de saída...
Ela fitava o homem de estatura e compleição grande, olhos verdes, cabelos acobreados brilhantes, nariz reto. Uma chama percorreu seu corpo, sentia que estava agindo de modo desavergonhado.
– Na verdade é mais como uma entrevista de emprego – ele bagunçou os cabelos em uma desordem sensual. – Segurança.
Alguns fios teimosos insistiam em cair sobre suas pálpebras.
– Não sei o que faço com esse cabelo.
– Posso tentar? – ela estendeu a mão para os cabelos vastos e sedosos. Ele assentiu abaixando o rosto ligeiramente.
O coração dela batia descompassado em sua fúria.
Rosalie acariciou a cabeça de Edward. Os cabelos acobreados eram curtos, macios, abundantes e limpos, ainda úmidos do banho de chuveiro. Ela passou os dedos por aqueles cabelos, massageando a cabeça de leve.
Edward se sobressaltou com mãos tão suaves e quentes.
Não podendo conter o gemido rouco. Suas mãos subiram de encontro às de Rosaie, entrelaçando os dedos. Sem quebrar o contato visual. A princípio não havia teor sexual, no entanto Edward com a outra mão livre acariciou as têmporas de Rosalie. Ela fechou os olhos, desfrutando do carinho, um sorriso salpicando nos cantos dos lábios.
Ele beijou aquele sorriso, deixando-a sem fôlego, mas também com medo de que não seria capaz, não daria certo. Sentia-se tonta quando Edward recuou.
– Não pare – murmurou ela. Enfiando os dedos com vigor nos cabelos de Edward, retribuindo o beijo.
Os dois em um encontro de lábios, línguas e respirações. Os braços de Edward se fecharam ao seu redor. Ela não protestou quando ele desceu a boca para seu pescoço. Ou quando acariciou seus seios. O gemido de Rosalie nada tinha a ver com protesto.
As mãos seguravam os seios, sentiram os mamilos apontarem e ficarem rígidos.
Ele respirou fundo, encerrando o beijo com o máximo de gentileza que podia. Ela o fitou no mesmo instante, meio receando que ele estivesse esfriado. Como resposta, ela pegou seu rosto entre as mãos e puxou-o. Tomou a iniciativa do beijo, e aumentou a intensidade mais e mais.
Já fazia anos que ele não sentia desejo assim, de modo que seu membro repuxasse endurecesse. Não esperava ver de novo, mas estava lá. A necessidade crescia a ponto que uma de suas mãos deslizou para o meio das pernas de Rosalie. Ela suspirou recostando no peito de Edward, relaxou as pernas e as abriu. Seus dedos sentiram o tecido úmido. Ele foi excepcionalmente lento, gentil e cuidadoso ao tocar os grandes lábios. Os dedos foram roçando até alcançarem o clitóris inchado, deixando-a sem ar no processo.
Abriu os olhos, e por um instante fitava o mar colérico, tempestuoso.
– Linda demais...
– Edward – o som da voz de Edward o despertou.
Talvez a realidade tivesse sido substituída pela memória.
Ele recuou, mas manteve suas mãos entrelaçadas. Ela puxou a mão, era mais fácil falar sem olhar para ele. No mesmo instante culpou a si mesmo, magoara a ela.
– Vou embora, me desculpe...
– Não, por favor
Mas as palavras saíram forçadas ou pelo menos foi o que pareceu à mente consternada de Rosalie.
– Diga-me, Edward fiz alguma coisa errada? Alguma coisa não foi boa? Você não sentiu alguma coisa... Não lhe despertou qualquer sensação?
– Senti tudo – confessou ele, porque tinha que ser sincero.
Ele a beijou de novo devagar dessa vez. E no mesmo instante ela voltou a sentir o calor. Só que ele recuou, encostando a testa na dela.
– Diga o que está pensando, Edward.
– Que você beija muito bem.
– Não é sobre isso. É sobre fazer. Eu quero fazer, Edward. Você também quer?
Ele queria. E não queria. Era verdade que ela o atraía, afinal era homem, Rosalie o excitava, mas talvez conseguiria satisfazê-la e se satisfazer em outro momento, agora não poderia. Se o fizesse nesse momento seria desleal consigo e com ela.
– Acreditaria se eu disesse que gostaria de lhe conhecer melhor? Levá-la para jantar, não sou esse tipo de homem...
Ela sentiu lágrimas aflorarem a seus olhos.
– Imagino que deve estar pensando, que sou uma terrível mulher libertina
– Não era a isso que eu me referia. –ele deslocou o polegar para a boca de Rosalie. – Você é uma mulher linda, que me deixa muito excitado. Merece que seja especial.
– Que vergonha. – sussurrou ela, pressionando os olhos contra o antebraço. Como Edward nada disesse, ela limpou os olhos com as mãos e ergueu a cabeça para sustentar o seu olhar.
– O que foi? – indagou ela, a voz anasalada, enquanto abaixava os braços.
Edward lançou um sorriso gentil. A mão desceu pelo princípio de barba no queixo. Era no mesmo tom que o dourado de seus cabelos.
– Gostaria de saber se a senhorita aceitaria jantar comigo?
Incapaz de falar, Rose apenas acenou com a cabeça. Antes que Edward fizesse qualquer comentário, ouviu a porta do quarto das meninas bater. Depois, passos suaves. A menor apareceu primeira, seguida da mais velha. Pararam na entrada da sala.
– Não é a tia Heather – disse Sophie.
– Rose – disse Sarah em júbilo.
Rosalie agachou abrindo os braços para receber a pequena.
– Oi. Sophie – Rose disse simpática, esperando que ela retribuísse o sorriso.
– Oi – ela disse simplesmente.
Edward sentiu um contato em sua mão. Olhou para a pequena Sophie, apertou mais forte a mão da filha.
A porta abriu em seguida, Heather entrou. Ela olhou confusa para a bela loura abraçada a uma das filhas de Edward. Soltando um comentário mordaz:
– Foram cinco minutos de atraso, e meus serviços foram dispensados. – Edward riu ruidosamente. Rosalie ruborizou.
– Tia Heather! – Sarah saltou dos braços de Rose para Heather.
– E você pequena polegar? Não ganho um abraço? – Sophie sorriu tímida. Edward olhou ternamente para a caçula, ela soltou a mão do pai.
Heather abraçou-a e apertou-a, porque Sophie era a criança mais linda do mundo, tornando aquele momento mais doce.
Sophie inclinou a cabeça para trás, para que seus olhos pudessem se encontrar com os de Edward. Ele piscou o olho em sua direção, como um código entre os dois. Heather soltou as meninas, e olhou sugestivamente de Rosalie e Edward.
– Como meu nobre amigo não tem educação. Eu me apresento... Sou Heather, esposa do grande amigo de Edward.
– Sou Rosalie, uma amiga também.
– Bom, as moças estão confortáveis, e eu devo ir. Não posso chegar atrasado. – anunciou Edward.
Os olhos de Sophie marejaram. Ela correu em direção ao pai, ele a pegou n colo.
– Do que você tem medo? – ela enrolou alguns fios do cabelo do pai nos dedos minúsculos.
– De ter perder, assim como a mamãe...
Edward já ia assegurar que nunca a deixaria quando ela continuou:
– Tenho medo de Sarah me trancar no banheiro e ninguém saber que estou lá.
– Isso nunca vai acontecer. Sabe por quê?
Ela negou.
– Porque você é parte de mim. Como vou viver sem um pedaço meu?
Ela sorriu, imitando o sorriso torto do pai.
– Se comporte e seja boazinha com a tia Heather.. – em seguida disse o mesmo a Sarah, dando um beijo em sua testa.
Rosalie se preparava para ir, quando Heather disse:
– Fique para jantar. Vou preparar um ensopado delicioso – as meninas franziram o cenho.
– Não quero incomodar...
– Fique, Rose – disse Edward. – Quando eu chegar, eu te levo para sua casa.
Foi tudo que ela precisava ouvir naquele momento. Sentiu-se incluída na vida do homem que estava se apaixonando.
– Boa noite, minhas garotas. – disse dando um belo sorriso em direção as mulheres em sua casa.

[...]

Bella estava em sua sala, olhando para o folheto colorido enviado pelo Comitê responsável pelo festival que aconteceria no Madison Square Garden esta noite. Anexado havia um bilhete com uma caligrafia elegante dizendo: “Estamos ansioso pela sua presença”. Havia fotos do enorme palco montado, para as apresentações, com a platéia aplaudindo entusiasmada.
Observando aquele folheto Bella não conseguia reaver a felicidade de estar em um palco, diante de uma platéia calorosa.
Há muito tempo o ato de cantar se tornou mecânico, desprovido de sentimento tal como Iris. A pequena garotinha do interior que cantava como um rouxinol perdeu-se na cidade grande.
A porta se abriu, e Darius entrou.
– Está pronta? – Bella pôs o folheto de lado.
Ela fechou os olhos por um momento. O corpo dolorido mais alguns hematomas na sua cintura. Sua pele clara manchava com facilidade.
– Ela conseguiu a capa?
Darius respirou fundo antes de responder.
– Sim – ele hesitou. Foi o suficiente para Bella flagrar a mentira borbulhando em seus olhos. – Nigel foi muito paciente.
Ela balançou a cabeça.
– Você mente quase tão mal quanto eu.
– Isso é suscetível a discussão. – ele disse para atenuar o clima pesado.
Ela riu, embora a emoção não chegasse aos seus olhos. Sempre uma luta interna.
– Vamos? – Darius estendeu a mão em ato muito cavalheiro.
Bella ouviu uma batida na porta da frente.
– Me desculpe. Havia me esquecido que contratei um novo segurança. Quer dizer, ele ainda esta em período de experiência – se dirigiu a porta elegantemente até a porta, quando acrescentou: - Preciso adquirir certa confiança nele, pois será seu segurança particular.
Darius abriu a porta em uma atitude cortês, e o novo segurança entrou.
– Bella, esse é Edward Cullen. – ela elevou os olhos indiferentes.
De repente não havia ar suficiente, enrijeceu, Era ele...
Aqueles olhos eram iridescentes. Tinha o tom mais verde que já viu, que podiam ser considerados uma nova cor. Edward piscou diversas vezes, sua mente insistia em pregar peças, causando alucinações.
Ele fitou o rosto dela preso na mesma máscara de perplexidade. Olhos castanhos coléricos, após uma grande ressaca do mar, lábios, cheios sensuais, as pernas torneadas e lindas à mostra em um vestido curto. E o corpo cheio de promessas eróticas.
– Bella, está tudo bem? – Darius pegou sua mão e levou-a gentilmente até o peito.
Ela tentou falar, mas estava sem fôlego. Esse homem sugava toda a consistência de seu cérebro. Sentia-se oca, sem o fluxo interminável de pensamentos. Era uma sensação apaziguante.
Edward estava encarando-a. Para Bella tudo estava acontecendo num ritmo atordoante.
– O que está acontecendo? Por favor, me responda...
Darius acariciava a face de Bella, tenso de preocupação. Ela demorou um momento antes de falar.
– Foi uma súbita queda de pressão – havia uma vulnerabilidade nua em sua voz.
– Vou buscar um pouco de sal. Fique sentada, amor – ele saiu da sala.
Edward estava olhando-a em silêncio. A última palavra proferida por Darius ressonava em seus ouvidos “amor”. Não tinha o direito, mas isso o incomodou. Será que a presença dele a perturbava tanto quando a ele? Aqueles olhos não saíam de sua mente.
Chegou à conclusão da dela, afinal era uma cantora prestigiada. Não queria se expor.
– Você está bem, senhorita Iris? – continuou parado com receio até de respirar.
– Não me chame de Iris pelo menos por agora. Meu nome é Bella. – seu tom revelava uma nota marga, havia ressentimento.
– É um nome lindo – soltou sem pensar.
O coração de Bella palpitava em um rimo alucinado, o sangue pulsando em sua veias. Desejou que ele repetisse seu nome novamente, soando como uma carícia. Pareciam ondas quentes batendo numa praia de veludo. Ambos aturdidos em um turbilhão de pensamentos.
– Sua filha está bem? - Bella recordou-se da frágil criança em seus braços. Ela tinha os mesmos olhos do pai.
– Sophie – ele disse gentil, com devoção. – Sim, graças a você.
– Perdão por ter desaparecido daquela maneira. É que...
– Eu compreendo. Não iria ser bom estar envolvida em um acidente.
– Não é isso – havia um novo conflito temperando a mente de Bella.
Logo Darius voltava com um grande copo de água nas mãos.
– O que é isso? – Bella indagou.
– Água com uma pitada de sal. – ele disse satisfeito com a peripécia.
– Não espera que eu beba isso? – a expressão de Bella o lembrou de suas filhas. Os lábios espichados em um beicinho. Era adorável.
– Exatamente isso que eu espero. – ela alteou as sobrancelhas em desafio.
Darius suspirou derrotado. Ele mantinha os olhos sempre em Bella.
– O que achou de Edward? – Bella estremeceu.
Novamente encontrando o olhar de Edward. O destino era funesto na maioria das vezes. Bella fugiu literalmente da presença dele, e o destino novamente o trazia para sua vida.E agora a decisão em suas mãos.
Perigoso demais. Muitíssimo perigoso. E se pegou dizendo:
– Uma boa pessoa.
– Veremos – Darius disse com a voz carregada de hostilidade.

[...]

Madison Square Garden, N.Y

Uma das performances alive do ano com a participação dos principais cantores internacionais estava acontecendo no Madison Square Garden. Os paparazzi estavam nas primeiras filas. Todos os lugares ocupados, com o fundo do estádio cheio de gente de pé, ansioso para ter vislumbres de seus ídolos. Como esperado a grande atração da noite era Iris Luna. A jovem cantora que era um foguete que havia explodido no cenário musical.
A voz aveludada que causava frequentemente pensamentos luxuriantes, o rosto era o sonho de todo fotógrafo, formas esguias e eróticas. Para Bella boa parte do seu tempo trabalhando consistia em representar, porque não se sentia bonita e desejável.
A perfeita imagem de Afrodite refletia no espelho – projetado especialmente de acordo com as exigências de Iris -, Bella deslizou a ponta dos dedos trêmulos pelos lábios carnudos, impecavelmente delineados por um batom coral. A pele acetinada, livre de qualquer sinal que o distorcesse. Bella esboçou um sorriso irônico, imaginando que sua face estampasse os vincos que marcavam seu interior, uma pintura deteriorada de Dorian Gray.
A massa de cabelos avermelhados caía graciosamente em cachos elaborados por um profissional sensacional. E por fim, os olhos, aqueles olhos nos qual alguém ter cultivado a tristeza para depois distribuí-la para o mundo.
– Bella, vai entrar daqui a dez minutos... – Darius teve dificuldade para terminar a linha de raciocínio.
Acostumara-se com as roupas mínimas de Iris, mas quando Bella vestia, era totalmente diferente. Assumia outro significado, podia fechar os olhos e jurar que fazia conhecimento de cada curva.
“As de Iris, não de do seu único amor...”
A calça de couro preta abraçava as pernas torneadas de Bella, uma blusa de seda azul-escuro frente-única, no qual os mamilos despontavam. Os ombros e o busto cintilando pelo glitter. O vale entre os seios ressaltados pelo sutiã prateado.
– Está linda, Bells. – Darius disse deslumbrado.
Os olhos dela escureceram, sombras fazendo moradia nas orbes chocolate.
Era doentio, no entanto era o toque final de uma grande obra.
– Essa nunca fui eu – Bella olhou novamente se reflexo. Mordendo o lábio superior fortemente, até o sabor da ferrugem impregnasse suas papilas.
– Está linda pelo simples fato de ser você, e não qualquer outra...
Bella sorriu carinhosamente. Para Darius, aquele sorriso parecia mais precioso do que qualquer jóia.
– Tenho que organizar mais algumas coisas. Vai ser incrível.
Quando ele virou as costas qualquer vestígio de alegria tinha desaparecido de seus olhos, que voltaram a ser os de sempre.
A saída de Darius levou consigo o último fio de autocontrole de Bella. Ela desejava dolorosamente algo, colocou a mão sobre o peito. O coração palpitava, uma sudorese fria escorria por seu corpo.
A sensação de abandono de suas posses mentais. De repente, sentiu-se repentinamente sozinha e desarmada.
O último segundo de lucidez e poder de suas funções deixou a mente divagar para olhos tão verdes, iridescentes. Esse segundo valeu mais a pena do que toda a sua vida inteira.

Iris P.O.V

Apoiei-me na penteadeira, movendo a cabeça para relaxar as articulações da nuca.
O acorde exultante de minha própria risada preencheu o espaço do camarim.
– O show tem que continuar. Na verdade ele inicia assim que você sai, Bella.
Demorei alguns momentos analisando minha própria perfeição.
– Iris, sua vadia narcisista – disse a mim mesma.
Enfiei a mão na jaqueta estendida na cadeira estofada, retirando um tubinho de prata. Girei lentamente a tampa, como se fosse para prolongar o momento prazeroso da espera.
Deixei cair uma pitada de pó branco no dorso da mão. Aproximei a mão do nariz, como se fosse saborear uma doce fragrância. Aspirei à cocaína dali, passando em seguida dois dedos nas narinas para remover o vestígio do pó.
Tudo ao meu redor revelava sucesso e poder. Muitos me consideravam – vulgo Bella, Melanie e Darius – uma pessoa sem escrúpulos. O mundo estava recheado da pior corça existente.
Nunca me importei o suficiente para me arrepender daquilo que faço, minhas decisões me trouxeram até aqui. Possam ter sido boas ou ruins, na verdade, foram devastadoras r malignas. Nunca tive ilusões.
Senti o choque radiante da cocaína entrando na circulação.
– Bells, está na hora – Darius abriu a porta abruptamente.
Um sorriso de escárnio enraizou no meu rosto.
– Tente a outra porta. Não há nenhuma Bella. – Darius passou a mão pelos cabelos bastos e brilhantes.
Esse homem era incrivelmente sexy. Meu olhar vagou até o volume mal disfarçado em sua calça jeans.
– Está em débito comigo, Darius. – caminhei até sua direção. Adorava a sensação de poder que meu andar emanava.
– Não enche, Iris! – foi em direção a porta
– Aquele segurança é uma delícia. Ao que parece não fui a única a notar isso... – virou-se para me olhar. – A sua virgenzinha gostou muito dele. O suficiente para molhar a calcinha...
Não compreendia como um homem igual a ele desperdiçava energia com uma causa perdida.
– Cala a boca, cachorra. – seu corpo foi de encontro ao meu. Gemi alto com seu aperto, minhas articulações protestando.
– Você quem escolhe. Ou trate de vir abanando quando eu quiser. Ou vou ensinar a Bella como empinar o rabo...
O beijo aconteceu selvagem, nossas línguas sem vencedor. O calor de meu corpo atravessava minhas roupas. Ele investiu seus quadris, sua mão foi violenta a minha intimidade. O afastei.
– Não quero agora – disse cínica. Fitando sua ereção. – Meu show vai começar.

#Narrador P.O.V#

E então que todo mundo esperava. Houve um crescendo de antecipação, e Iris apareceu deslumbrante. Ela flutuava sensual pelo palco, o efeito era hipnotizante.
O microfone cintilava, o rosto de Iris iluminando com a devoção de seus fãs. A banda iniciou a entrada da primeira faixa. As baquetas fazendo a contagem, o som pesado das guitarras.
A voz de Iris soou destemida. Era como se nada no mundo fosse capaz de abalar sua fúria.

Para ouvir: Cristina Aguilera – Fighter

A platéia ficava histérica. Ela era destrutiva. Edward observava estarrecido a apresentação nos bastidores, os neons reluzindo na pela alva. Por um instante pode fitar a face dela, era como se fosse outra pessoa.
Os olhos coléricos cederam espaço para uma substância tóxica. O chocolate corrosivo, era dinamite pura.
Houve uma onda de aplausos quando Iris atingiu um agudo perfeito. O estádio estava totalmente apinhado, com milhares de pessoas. Todos gritavam, contagiados com energia devastadora de Iris. Era um imã que os atraía.
“Essa é Iris”, Edward pensou assim ela saía do palco.
Foi em sua direção flanqueando sua passagem. Ela passou, roçando o braço propositalmente, o perfume delicado, sutil como uma recordação. Por um instante parecia que aquele lugar não continha nada além dela.
Iris estava ali, diante dele. Como adagas as orbes chocolate dilaceravam. No entanto algo não se encaixava. Não era aquela dor escondida por trás da cor.
Ela se aproximou o suficiente para sentir seu hálito perfumado.
– Gosta do vê, Edward?
Não era a mesma mulher. Não era Bella. Vários gritos romperam o ar.
Edward percebeu um movimento. Uma silhueta tomou forma, um homem corpulento segurava uma enorme pistola automática com silenciador.
Ele empunhou a arma diante do olhar de várias pessoas, seu alvo era Iris. Com uma mistura de graça e vigor, Edward se moveu.
Um chute fez a arma do atirador voar. A pistola foi lançada para longe,a pequena distração do grandalhão foi suficiente para que Edward acertasse outro chute nos testículos dele.
O homem caiu no chão urrando de dor. Ao mesmo instante que vários seguranças o continham com algemas.
Ele virou-se para Iris. E lá estava o mar colérico. Bella deslizou para os braços de Edward procurando proteção. Ela se encaixava perfeitamente em seu ninho protetor, era a coisa mais natural do mundo. As lágrimas banhando seu rosto.
Edward a levou rapidamente até o carro estacionado estrategicamente para sua própria segurança. Quando enfim a sentiu segura. Seus olhares se encontraram, e daquele momento aterrorizador veio à confirmação que ambos sentiam um pelo outro. Algo importante havia sido semeado em seus corações.
Bella num ímpeto aproximou seu rosto. Queria ter certeza que ela era real, e rendeu-se com um som de satisfação.
Os dois beijaram-se e, era como se fosse seu primeiro beijo. Seus lábios se uniram no temor e amor.

Continua...

--x--

N/A:

Desculpem a demora absurda para postar. Espero que gostem desse capítulo.
Quanto a Rosalie e o Edward, eles terão um romance. Mas antes que me odeiem muito notaram em que ele pensava... "Olhos coléricos",
Um personagem que eu amo é o Darius! Lindo, Tesão, bonito e gostosão!
A Iris é uma vada, não? Pois então, se preparem porque a partir do momento que Edward entrar na vida de Bella. Ela vai fazer de tudo para transformar o romance em um verdadeiro inferno. E ainda temos o personagem misterioso do capítulo anterior. O meu Emmett, a presença dele vai ser inigualável, daqui uns dois capítulos. Teremos sua chegada!
E tenho uma novidade! o/
Minha linda e perfa design, a minha N!
Me comentou que se WS fosse um livro seria sensacional. Por isso WS ganhará uma versão original, aguardem mais notícias!
Um grande beijo e comentem!

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