quinta-feira, 15 de março de 2012

O Pacto — Prólogo



Prólogo

Juramos ser fiéis. Até mesmo na morte

Todos concordaram em se reunir depois da aula, no bosque no final do campo da cerca quebrada. A cerca se estendia como uma linha divisória entre o bosque e as ruínas do antigo castelo do duque Winstwit.
No alto, o céu era cinza como as lápides de cimento — um presságio de mau agouro. As nuvens pareciam carregadas com chumbo, ocupavam o ponto mais alto: por baixo a margem em níveis gradativos de cinza-esverdeado a musgo. O dia começara nublado e frio, mas agora havia uma neblina flutuando pelo chão, como se saísse dos campos que a cercavam.
As árvores naquela região erguiam-se em ângulos pitorescos, os troncos tinham uma coloração fétida – tons que remetiam a podridão. Os ramos secundários a distinguiam dos carvalhos, faias e coníferas comuns da região. Algumas árvores tinham um punhado de folhas marrons perenes1 que não tinham a menor possibilidade de caírem antes de ficarem congeladas no lugar. Em contraponto com as folhas caducas2 das faias, em que as folhas secas dançavam aos pés das árvores.
O vento gélido vergastava o cabelo no rosto da moça, investindo contra seu leve suéter azul-claro. Suas bochechas queimavam com a mudança brusca de temperatura. Sua respiração saindo como uma névoa esbranquiçada.
No entanto, esse era o menor de seus problemas. Uma leve vertigem ameaçava colocar seu mundo abaixo, o suor brotava nos pontos quentes e protegidos do corpo, eram os efeitos da maldita fissura da droga. Ela sabia muito bem que a fissura não iria parar, a partir do momento que fumasse o crack, iria querer mais e sempre mais. Mesmo assim, necessitava do choque radiante da droga em sua circulação.
Ele estava bem atrás dela, tão perto que as roupas dela roçaram nele quando se virou. Ele tirou da cabeça seu velho boné dos Yankees, seu amuleto da sorte, e pôs na cabeça da linda garota à sua frente.
Em resposta ela deu um sorriso genuíno, fitando-o embevecida com a beleza do namorado.
Os cabelos bastos e brilhantes nos peculiares tons de acaju mesclado com o tom acobreado, a mesma pele clara que a sua. Os olhos eram verdes, uma esmeralda recém lapidada. As linhas de dentes perfeitos cintilavam em um sorriso torto. Ele era seu. Seu melhor amigo. Seu amante. Seu único e verdadeiro amor.
Ele retribuiu o olhar cobiçoso da namorada, e viu o sangue subindo pelo pescoço e face dela.
O moço deu uma risada, e o coração dela sofreu um solavanco indecoroso. Meu deus, ele era lindo. Bonito era um adjetivo fraco demais.
— Eu te amo — as pontas dos dedos frios afagaram a lateral do pescoço dela, descendo pela gola do suéter. — Só nós dois, para sempre.
Deveria ficar surpresa com as palavras, mas não ficou. Ele sintonizava suas necessidades. Vê-lo parado, ali, ao seu lado, impressionou-a com a probidade de sua presença. Ele usava um jeans, uma blusa de malha e um casaco azul – um azul que captava o verde em seus olhos, e formava um contraste perfeito com os cabelos, que pareciam mais dourados – ela foi acometida pela idéia de que era o destino permanecerem juntos.
— Não me deixe nunca — ela respondeu simplesmente, entrelaçando seus dedos assim como seus destinos.
 ==
Eles subiram juntos em uma pequena elevação. Ao atravessar o bosque de faias e de coníferas, crescendo em arbustos escandentes, e finalmente avistaram a cerca branca encardida.
Reuniram-se ali os seis adolescentes; três garotos e três garotas. Todos em silêncio em uma luta contra seus próprios demônios. Os quais pareciam exorcizados na presença um do outro. Era uma família, a espécie mais peculiar e errada, mas ainda assim, uma família.
Por fim, Emmett disse:
— Não aguento mais um minuto de sobriedade.
Ele era dono de uma compleição maciça, braços fortes, com linhas largas de músculos nos bíceps, capazes de suportar o peso do mundo, assim como Atlas o fazia na Mitologia Grega. Duas covinhas infantis nas bochechas destoavam do conjunto másculo que exalava virilidade. Os cabelos cortados bem baixos, antigamente traziam lindos cachos dourados.
Bella não disse uma palavra em resposta ao irmão mais velho. Sua expressão quase não mudou. Ela desviou a vista e olhou em direção ao restante dos amigos.
Jasper tinha os cabelos platinados e lisos, que cobriam as sobrancelhas. Seus olhos eram de um azul cristalino, absolutamente hipnotizadores. Ele era alto e esguio, com ombros de nadador. Suas mãos estavam entrelaçadas as de Julia, uma garota estonteante. A pele leitosa coberta por diversas sardas douradas, os cabelos afogueados. Ela tinha os olhos cinza, e era alguém que podia andar em qualquer lugar, mas sentindo sempre que não pertencia a nenhum deles. Jasper era sua tábua.
Porém, os olhos dele mantinham-se insistentemente na extremidade do grupo, onde uma garota minúscula apoiava o pé na cerca branca descascada. Parecia uma boneca de porcelana, o rosto tinha o formato oval. Pequeno. Grandes olhos negros, enquadrados por cílios escuros e espessos. Lábios rosa - claros, cheios e redondos, como os de um bebê. Dentes brancos e regulares por trás deles. Os cabelos como o ébano da noite, lisos pendiam até a cintura. Era Alice.
A todo custo desviava o olhos dos de Jasper, ao lado de sua namorada Julia.
— Vamos — disse Bella tão baixo, que somente Edward lhe ouviu.
Em seguida ela saiu correndo em direção aos campos ao redor das ruínas do castelo, Edward foi ao seu encalço. Ela tinha certeza que ele a seguiria até o inferno.
Todos os outros os seguiram, rindo e felizes por terem uns aos outros, para dividirem suas tormentas. E encontrarem uma válvula de escape contra a sociedade que os devastou. Mas sabiam que aquele era o lugar aonde os pesadelos começariam.

Emmett tinha um canivete. A lâmina brilhava com a luz incandescente da vela. As paredes de pedras eram suas únicas testemunhas, elas guardariam o segredo.
Estendeu a mão, e quando passou o fio da lamina afiada na carne macia da palma da mão. O sangue acompanhou a linha da faca, e em segundos se insinuava escorrendo até o cotovelo.
Alice pegou o canivete. Segurou-o por um segundo. Pressionou a lâmina na palma, fechou os olhos, cerrando os dentes. A princípio, ela não sentiu nada, depois uma fisgada fina transpassou. Viu o sangue, e sentiu uma fraqueza momentânea.
Um de cada vez, um após o outro, e então cada um colou a mão na mão do outro.
— Que nojo — disse Julia, os lábios franzidos de repulsa. — Vocês são um bando de malucos.
Mas quando estenderam as mãos à frente, casa um deles sangrando, havia uma determinação implacável em suas expressões que dizia que acreditavam no que estavam fazendo.
— Juramos — disse Emmett. — Juramos ser fiéis… Até mesmo na morte.
— Socorrendo uns aos outros sempre — emendou Alice.
— Não importa o que aconteça — os olhos de Jasper faiscaram em direção à Alice.
— Nunca trair a família — Julia citou acidamente.
Eles soltaram as mãos ensanguentadas, analisando os cortes.
Somente Edward e Bella permaneceram com as mãos entrelaçadas, o sangue escorrendo por entre os nós dos dedos.
— Juro te amar… — Bella foi pega pela veracidade de suas palavras, lágrimas escorrendo por entre suas feições.
— Para sempre – Edward eternizou o pacto entre dois amantes.


Glossário
Perenes1 - é a designação botânica dada às espécies vegetais cujo ciclo de vida é longo.
Caducas2 – que perdem suas folhas em determinada época do ano, podendo ou não ser no outono.

--x--

N/A:

UFA! O prólogo ficou meio complexo demais, não é? Isso porque eu cortei a cena do Pacto, era para ser bem mais estendida. Espero que não tenham se entediado.
Minha explicação para o surto que resultou nessa fanfiction.
Tudo culpa da Rihanna, graças ao vídeo We found Love, eu adoro essa música. Bem, depois que assiste o clipe, eu necessitava escrever uma história de um amor adolescente inconseqüente. Mas, como eu não me contento com apenas um conflito. Pensei o que essa intensidade causaria na vida dos envolvidos. Como seria depois de 10 anos, ainda estariam juntos? O que aconteceria?
Então surgiu a história de OP.
Eu trabalhei bastante nesse prólogo para que sentissem as mesmas sensações de Bella naquele bosque. O calafrio na espinha, o ambiente sóbrio, a fissura pela droga. E o próprio amor que ela sente pelo Edward.
Todos os integrantes de alguma forma têm um trauma, que eu irei trabalhar conforme o decorrer da história E de alguma forma, a dor é anestesiada na presença um do outro. Ouso dizer que eles que o verdadeiro vício é esse elo entre eles.
Próximo capítulo será anos a frente. Explicando como tudo começou, o que houve depois desses anos todos.
Comentem bastante, por favor. Preciso de opinião e incentivo para funcionar.
Quero agradecer a minha SUPER beta e grande amiga, GICA CULLEN. Obrigada por corrigir meus devaneios com tanto carinho.
A minha Design particular, NATHÁLIA ALMEIDA. Obrigada por transformar minhas palavras em lindas imagens.
E, é claro para minha DINDA (GEL BORGES), que me apóia sempre minahs idéias mirabolantes com muito amor e sempre com uma boa crítica que me faz amadurecer cada vez mais.
E meus leitores!
Amo todos vocês!




Gica´s POV

OME!! Lá vem a Fefe me deixar apaixonada por mais uma historia de sua cabecinha perfeita e cheia de ... IDEIAS SINISTRAS!! Gente do céu, quanta coisa rolou neste prólogo? Huahauaha
Bem, eu tenho só uma coisa pra dizer... o que une esses dois, não é o fato de ... colarem seus sangues, mas sim o laço que os une. É como se o pacto viesse apenas para dar a plena certeza de que nunca irão se separar... bem que podíamos fazer isso no corujinhas, hauahauha zueira!!
Voltando... eu odiei de imediato esta escrota e louca Julia, que mulherzinha fdp!! Enfim, em toda historia tem a invejosa, infeliz, a louca, a mal amada, e aqui não seria diferente.
Adorei Fefis!! Tá muitooo show, e sempre muito bem colocado. As palavras, a narrativa, ah, sempre perfeito. Obrigada por confiar em mim, adorei, amei ... surtei! Te amooo.
Aguardem amores....
O pacto vai impactar você.

Gica Cullen Coruja Mor.




Nenhum comentário:

Postar um comentário